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A grande aventura de Rui Daniel
Mochila às costas com destino ao Bangladesh

interior.jpgAndar à boleia. Dormir com tribos africanas. Esquivar-se de grupos rebeldes. Por aventuras destas já passou Rui Daniel Silva que, ao Ensino Magazine, conta tudo sobre a viagem solidária que já atravessou mais de 20 países.
Em setembro de 2017, Rui Daniel partiu de Portugal com destino ao Bangladesh. De mochila às costas, o professor de piano de 40 anos iniciou uma jornada que cruza todo o continente africano e daí segue rumo à Ásia, passando pela Rota da Seda até chegar ao Bangladesh.
"Sempre gostei de viajar, e após ter estado no Bangladesh, apaixonei-me pela pureza deste povo", começa por contar Rui Daniel. Ao longo da vida já visitou 126 países e, só nesta viagem, já atravessou 23, num roteiro que vai partilhando na página de Facebook Backpacking with Rui Daniel.
O professor de piano, natural de Nelas e formado na Universidade de Aveiro, explica que decidiu "tirar um ano sabático e realizar uma viagem desde Portugal ao Bangladesh para tentar angariar fundos para as crianças da Fundação Maria Cristina", no país asiático. Esta instituição de solidariedade, fundada em 2005 pela assistente de bordo portuguesa Maria Conceição, dedica-se a ajudar as crianças dos bairros de lata de Dhaka, capital do Bangladesh, a realizar os seus sonhos, potenciando as suas capacidades.
Rumo à aventura, Rui Daniel já atravessou toda a África Ocidental e é a partir do Cabo Bojador, na África do Sul, que responde por escrito ao Ensino Magazine. "O que mais me marca nesta viagem é, infelizmente, testemunhar que a escravatura de crianças ainda existe em algumas zonas", diz. "Apesar de toda a pureza das crianças e jovens, muitos deles são mal tratados pelos locais".
Essa realidade apenas dá ao viajante mais ânimo para continuar. Afinal, como o próprio afirma, "para além de viver toda esta 'epopeia', o grande objetivo é precisamente ajudar e dar a conhecer" uma fundação que possibilita um futuro mais risonho aos mais novos.
Cada novo destino abre um mundo possibilidades, onde os encantos andam a par das peripécias. "Os povos mais hospitaleiros em solo africano até ao momento foram o Níger e o Botswana", observa Rui Daniel, para quem a "viagem mais marcante foi num cargueiro desde a Nigéria aos Camarões".
Sempre que pode e consegue, anda à boleia e acampa em aldeias ou dorme com tribos. Admite, porém, que também já sentiu medo: "Tive que dormir na berma da estrada, no Mali, por causa dos rebeldes. Vivi ainda alguns problemas quando me agrediram na Libéria, e fui assaltado no Burkina Faso". Rotina são já as horas de espera até que uma simples carrinha ou autocarro encha para prosseguir viagem.
Nada que demova Rui Daniel da grande aventura que resolveu abraçar. A alegria contagiante dos povos que o acolhem; os sorrisos estampados nos rostos que o encaram; a causa solidária que o move. Nesta sua 'epopeia' africana e asiática, o professor português está decidido a provar que o todo mundo é, afinal, muito próximo. Assim o queiramos.

 
 
 
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