Tiago Bettencourt
Se eu andasse à procura de prémios já estaria desmotivado
Em tourné a apresentar o
seu mais recente disco de estúdio, «A Procura», Tiago Bettencourt
continua a construir uma carreira ímpar na música portuguesa. A
riqueza da simplicidade dos seus poemas e melodias depressa captou
a atenção do público. Êxitos como "Carta", "Morena" ou "Canção
Simples" trouxeram o reconhecimento, mas o mais importante é o
sucesso junto do público.
Acabas de ser nomeado para os Globos de Ouro na categoria
de Melhor Espetáculo ao Vivo. É um reconhecimento importante para o
teu trabalho?
É uma nomeação simpática, mas já não ligo muito a prémios. Acho que
o importante é o trabalho que vamos fazendo. Se eu andasse à
procura de nomeações e de prémios já estaria bastante desmotivado
(risos).
Mas acaba por ser uma distinção importante. Como é o
espetáculo que tens apresentado ao vivo?
É uma banda que está a apresentar um concerto muito interessante e
que tem ficado cada vez mais sólida ao vivo. Tocamos canções do
último álbum, «A Procura», mas ainda outros temas mais antigos. O
cenário também está muito bonito e acho que contribui para valer a
pena assistir ao nosso espetáculo ao vivo. É um espetáculo que
construímos com muito carinho e é fruto de toda a minha carreira.
Reflete o caminho que fui percorrendo e, felizmente, o público tem
gostado.
Portanto, para ti o prémio mais importante é o sucesso
junto do público.
Exatamente! O maior prémio é ver os concertos cheios porque são as
pessoas que permitem que eu esteja no mundo da música há tanto
tempo.
E quais são as expetativas do público quando vai hoje a um
concerto de Tiago Bettencourt?
É curioso porque temos cada vez mais reportório, por isso, o
público que nos vem ouvir é bastante diversificado. As pessoas não
vêm necessariamente à espera de ouvir um hit. Apegam-se a músicas
completamente diferentes. Tanto podem conhecer uma música do meu
primeiro álbum a solo como também só conhecer os temas deste último
álbum. Estamos a falar de gente de várias faixas etárias, desde
crianças a pessoas com mais idade. E essa partilha geracional faz
com que o espetáculo seja ainda mais interessante.
Falaste no vasto
reportório que tens construído desde a época dos Toranja, com o
álbum de estreia «Esquissos» em 2003. Começa a ser difícil gerir ao
vivo tantas músicas e tantos sucessos?
A maior dificuldade é separar-nos de músicas que gostamos de tocar
ao vivo para dar lugar a outras de que também gostamos. Por outro
lado, de vez em quando há pessoas que nos pedem músicas mais
antigas, mas já nem nos lembramos de como as tocamos. Ficamos com
pena porque são de facto músicas engraçadas. Mas renovar faz parte
da vida. Há algumas canções mais antigas que vão sobrevivendo e
outras que renascem a determinada altura.
Êxitos como "Carta",
"Laços", "Morena", "Aquilo que eu não fiz" ou "Canção Simples" são
indissociáveis da tua música. Esse sucesso ainda te
surpreende?
Na verdade, eu nunca estou à espera que os meus álbuns sejam um
sucesso na altura em que os lanço. Já aceitei que as pessoas só os
descubram vários anos depois. Tem sido assim que o meu reportório
funciona.
Que mensagem é que deixas a
quem vai aos teus concertos?
Gosto que as pessoas me ouçam como se fosse a primeira vez. As
pessoas devem ir para os concertos sem expetativas e sem
preconceitos, que eu acredito que vão gostar de toda a envolvência
do espetáculo que construímos.
Ricardo Coelho | Tiago Carvalho
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