Entrevista

Diogo Menasso quer fazer a festa

419937_286445941426171_1919.jpgDiogo Fernandes, mais conhecido por Diogo Menasso, é uma das mais recentes surpresas na música de dança. O talentoso DJ faz do amor pela música o seu maior trunfo para voos mais altos. Com o tema «We Gonna Party» tem levado a festa aos «clubs» e festivais portugueses.

Comecemos pelo novo single, «We Gonna Party», que conta com uma colaboração com o vocalista D-Ro. Como surgiu?

Este tema surgiu de um instrumental em que eu andava a trabalhar há algum tempo. Queria juntar influências mais antigas com as novas influências que tenho absorvido. Digamos que queria fazer a transição do antigo Diogo Menasso para o novo Diogo Menasso. A colaboração com o D-Ro já vinha de um trabalho anterior que me deixou bastante satisfeito com os vocais, por isso, propus-lhe nova colaboração.

Ainda sobre este tema, como nasceu a ideia para a sua composição? Como costuma funcionar o processo criativo?

Cada tema é um tema. Neste caso surgiu da junção de três ideias. As melodias do piano e dos sintetizadores, na parte mais calma da música, eram inicialmente para outro projeto que nada tinha a ver com este, mas também a parte da batida era para outro projeto. Peguei em todos esses sons e reconstrui as ideias para criar uma só música. Mas, na verdade, as melodias podem nascer em qualquer altura.

Já o tema «Spam Attack» explora uma vertente mais eletrónica e parece ser fruto da mudança de som que tens incutido na tua carreira.

Sim, ao longo dos tempos o meu trabalho tem sofrido várias mudanças. Acho que isso tem sobretudo a ver com a minha personalidade enquanto produtor. Procuro sempre novas sonoridades e novos caminhos. Tento fazer coisas diferentes na busca de maior dinamismo enquanto produtor, o que se reflete depois enquanto DJ e nas minhas atuações.

Essa mudança de sonoridade poderá abrir portas a nível internacional?

Sim, um dos aspetos que tem motivado mais reações a nível internacional é a minha nova sonoridade. Está mais próxima dos estilos progressivo e electro e, por isso, tenho conseguido melhor feedback de produtores internacionais. Através disso têm surgido parcerias que estão em andamento.

Quais têm sido as reações a esta onda mais eletrónica?

576185_443206772416753_1712.jpgEm termos de público, aos poucos estou a alcançar novas pessoas. No que se refere à reação de colegas DJs, por incrível que pareça, tenho surpreendido muitos pela positiva. São pessoas que achavam que eu só conseguia trabalhar dentro de certos registos e que, neste momento, começam a olhar para mim com outros olhos e a perceber que estou preparado para novos voos - que tenho muito mais para dar do que aquilo que fiz nos últimos anos.

A faceta da produção tem-se massificado entre os DJs. São muitos os novos nomes e alguns produzem os seus temas em casa, comprovando que o avanço das tecnologias veio aumentar a acessibilidade das ferramentas.

Sem dúvida. E no meu entender isso só veio contribuir para o desenvolvimento da música eletrónica. Tem-se revelado um conjunto de pessoas com imenso talento, que se fosse há 20 anos atrás nunca iriam ser conhecidas. Posso dar o exemplo do [holandês] Martin Garrix que aos 17 anos é um fenómeno mundial. Os equipamentos que há 20 anos eram necessários para produzir um som tinham valores que não estão ao alcance de qualquer produtor, muito menos de alguém tão jovem.

Mesmo em Portugal, na última década tem havido uma explosão de novos nomes. Como analisas esta evolução e a qualidade das produções?

Tem-se descoberto novos talentos e tem-se descoberto, também, muitas cópias que não passam de mais do mesmo. É isso que a maioria faz: cria réplicas de sons já existentes. Entendo que cada um é livre de fazer aquilo que quer, mas acho que se essas pessoas têm algum talento, devem tentar criar algo mais pessoal. Algumas delas até poderão conseguir furar o mercado com temas que são praticamente versões de outras canções, mas para a maioria não será esse o caminho. Todos os dias recebo algumas faixas de música e o que noto é que, cada vez mais, os novos produtores perdem menos tempo em volta de um tema.

O facto de produzir e editar temas próprios contribui para o agendamento de atuações ao vivo?

Claramente. Hoje em dia um DJ tornou-se praticamente num músico. Quem é da velha guarda alcançou um certo estatuto no mercado que permite agendar datas apenas com o seu trabalho de DJing. Mas para a nova geração de DJs, a faceta de músico e produtor representa cerca de 90% do trabalho. Os restantes 10% correspondem à parte de Djing, pois cada vez mais as pessoas vão aos espetáculos dos DJs para ouvir os seus temas.

Na cena pop estrangeira é muito habitual que a edição de singles seja acompanhada de remisturas do tema. Por cá esse hábito ainda não está incutido. Há algum tema a que gostavas de dar o teu cunho pessoal?

Sinceramente, não me tenho focado nisso. Há uns anos tentei remisturar vários artistas nacionais e todas as portas me foram fechadas. Há uma grande barreira entre a música eletrónica e a música pop nacional. Existe uma espécie de muro de Berlim que nos separa dos artistas, produtores e editoras. O porquê não o sei. No panorama internacional é normal sair a versão acústica do single acompanhada de uma ou mais versões eletrónicas, mas no nosso país não percebemos que só unindo forças vamos mais longe.

O verão aproxima-se a passos largos. Como está a agenda para os próximos meses?

Tenho algumas coisas agendadas para este verão. Parece que vai ser ainda melhor que o verão do ano passado. Tenho cerca de cinco ou seis festivais já confirmados, alguns deles com alguma expressão nacional. O início do ano foi difícil, mas felizmente perspetiva-se muito trabalho.

Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
Facebook oficial de Diogo Menasso
 
 
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