Entrevista

Los Waves, na crista da onda

capa.jpgCom um pé em Lisboa e outro em Londres, os Los Waves acabam de editar o muito aguardado primeiro longa duração. A sonoridade original da banda, que colocou já canções de inspiração rock em séries televisivas americanas, encontra a atitude desempoeirada de quem quer surpreender o mundo.

Acaba de ser editado «This is Los Waves so what?», o primeiro álbum da banda. Mas este é o passo mais recente de um percurso com alguns anos. Como foi que tudo começou?

Eu [Jorge da Fonseca] e o Zé [José Tornada] começámos a escrever canções no final de 2009, mas eram coisas um pouco diferentes do que fazemos hoje [entretanto juntou-se Bruno Santos à formação]. Na altura sentimos que ainda nos faltava alguma coisa, especialmente material sobre o qual escrever. Decidimos, então, que cada um de nós faria uma viagem. Eu fui para a América do Sul e ele para a região do Oceano Índico. Quando nos voltámos a reunir e terminámos de compor as primeiras músicas, recebemos alguns contactos, a maior parte desde Londres, em Inglaterra. Como já tínhamos em mente ir viver para lá, assim fizemos, e acabámos mesmo por dar os nossos primeiros concertos em Londres, na altura com o nome League. Cerca de dois anos depois voltámos para Portugal. Naquele tempo todo em que estivemos por lá nunca nos lembrámos - por impossível que pareça - que era possível apostar em Portugal, que aqui havia mercado. Conseguimos, nesse mesmo ano, editar o primeiro EP pela Optimus Discos e tocámos em alguns festivais como o Paredes de Coura ou o Milhões de Festa. Entretanto mudámos o nome para Los Waves.

As viagens que referiu influenciaram a sonoridade da banda?

Penso que sim. Principalmente ao nível de letras e, sobretudo, nas primeiras canções compostas após as viagens. Mesmo na construção das paisagens sonoras começámos a utilizar elementos um pouco mais étnicos. A partir daí temos feito uma viagem que nos tem levado a uma temática mais urbana e a uma sonoridade mais rock.

A banda cruza vários estilos musicais. São influenciados por algum grupo ou época em particular?

Diria que somos influenciados por todos os tipos de música que ouvimos, que variam imenso. Não consigo apontar uma banda em concreto que nos tenha influenciado. Desde bandas dos anos 60 ou 70 até à música eletrónica mais recente, acabamos por ir beber um pouco a tudo.

Como foram os primeiros concertos em Londres, onde começaram a carreira em 2011?

Foi um pouco assustador. Os primeiros concertos em Londres foram os primeiros que demos, visto que nunca tínhamos dado nenhum concerto em Portugal. Acabámos por tocar numa festa em que partilhámos o palco com bandas bastante experimentes, algumas até já em grandes editoras.

Para uma banda em inicio de carreira, em quais das capitais é mais fácil dar os primeiros passos, Lisboa ou Londres?

10593019_1418898144999220_7539407134909497113_n.jpgNeste momento, em ambas as cidades acontecem muitas coisas em termos de música. Diria que são dois meios diferentes. Se calhar em Londres é mais fácil tocar, encontrar sítios que estão dispostos a receber bandas todos os dias. Em Lisboa talvez isso aconteça um pouco menos, embora também existam espaços desses. Por outro lado, em Londres a concorrência é tão grande que uma banda se perde facilmente entre tantas outras; talvez em Lisboa seja mais fácil uma banda que se destaque pela qualidade ou pela diferença dar nas vistas.

O álbum «This is Los Waves so what?» está a ser editado em vários países. É com certeza um passo importante na vossa carreira.

Espero que sim. Conseguimos editar nos Estados Unidos e no Reino Unido, por via da Summer Filth, e distribuir em Portugal, através da Sony. Além do formato físico o álbum está ainda no mercado digital, em plataformas como o iTunes. Talvez esta seja a oportunidade que nunca tivemos para chegar a mais sítios. Até agora apenas tínhamos editado EPs, que não têm um potencial tão grande de divulgação como um álbum. Vamos tentar aproveitar um pouco isso lá fora. O ideal seria conseguirmos fazer uma tour no estrangeiro, principalmente no Reino Unido.

Através da Internet chegaram ecos das expectativas em relação ao novo disco?

Sim, havia pessoas que estavam um pouco fartas de lançarmos apenas EPs e estavam na expetativa do longa duração. Até porque fomos dizendo que o disco teria uma roupagem mais rock. A banda vinha de uma sonoridade mais eletrónica e queriam ver como nos iríamos sair num formato mais clássico. Agora é ver como reagem.

Há datas para promoção e divulgação do álbum?

Temos agora os três concertos de apresentação oficial do álbum. Dia 13 de novembro no Sabotage Club em Lisboa, no Porto dia 14 no Maus Hábitos, e dia 15 em Leiria, no Texas Bar.

E em Londres, há também vontade de mostrar este disco?

Estamos neste momento a trabalhar para que isso aconteça. É sempre um bom sítio para mostrar trabalhos. O ideal seria fazer uma pequena tour lá e, eventualmente, despertar o interesse de pessoas que possam agarrar na banda e levá-la para a frente.

Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
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