Como nasceu o gosto pelos
drones?
Eu já estava ligado ao aeromodelismo e vejo os drones como uma
evolução natural dos modelos de asa fixa. Quando os drones se
tornaram mais populares fui um dos primeiros a usá-los no
aeromodelismo, desde 2010. No que se refere a drones de competição
tenho cerca de 4 anos de atividade, sendo que o primeiro ano foi de
aprendizagem e não participei em competições.
Agora lideras o Campeonato Mundial de Corridas de Drones
(Drone Racing World Cup). Como surgiu a possibilidade de participar
nessa competição?
A competição é organizada pela Federação Aeronáutica Internacional
(FAI), a mesma entidade que organiza o Red Bull Air Race. Para
participar é preciso ser um piloto federado e detentor de licença
desportiva nacional e internacional.
Em que consistem as provas?
O objetivo é seguir um trajeto previamente definido pela
organização do evento, passando por obstáculos em várias altitudes
e eixos. Os trajetos também podem envolver manobras
acrobáticas pelo meio já que os drones têm capacidade para
isso.
Quantas provas são?
O Mundial tem 30 a 40 provas mas só são contabilizadas as 5
melhores provas, realizadas em vários países. Este ano já não devo
participar em mais nenhum evento no estrangeiro, porque já tenho um
bom lugar e vai começar o Campeonato Nacional. Selecionei as provas
pelo local em que a prova se disputa, a qualidade dos eventos
anteriores e o número de participantes. Quantos mais concorrentes
estiverem inscritos, mais pontos são atribuídos.
Qual é o objetivo no
Nacional?
O objetivo é sempre ganhar, de outra forma não me dedicava tanto a
este modalidade, nem os patrocinadores apostariam em mim. No ano
passado fui campeão nacional e tenho esse título a defender.
Com que tipo de drone competes?
Uso varias configurações diferentes, no entanto todo o drone é
montado, construído, soldado e afinado por mim. Não é um modelo
vendido livremente em superfícies comerciais, é construído com base
no meu estilo de pilotagem, nas minhas características como piloto
e nas necessidades do trajeto.
Que apoios tens tido na modalidade?
Entre os meus patrocinadores estão das melhores marcas
internacionais, que me fornecem material para competir. Mas
infelizmente em Portugal os apoios monetários são muito, muito
baixos. Recebo algum apoio da Federação Portuguesa de Aeromodelismo
e da Câmara Municipal de Leiria, uma vez que o clube no qual estou
federado pertence a Leiria. Mas esses apoios não cobrem sequer 5%
dos custos necessários de todas as viagens que faço. Existe ainda
um longo caminho a percorrer em Portugal para que os atletas de
alta competição, que dão imenso de si em prol da representação do
seu pais, possam ser devidamente apoiados. Esperemos que isso em
breve mude.
O treino é exigente?
Sim, claro. As corridas de drones requerem treinos exigentes e
regulares como qualquer outro deporto de alta competição. Tenho
objetivos muito concretos e treino 3 a 5 vezes por semana, em
Leiria e Castelo Branco [onde Rui Antunes é aluno da Escola
Superior de Tecnologia].
Como é que os teus colegas e docentes olham para a tua
participação?
Na Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, tanto da parte
dos professores como dos colegas tenho recebido imenso apoio e
respeito pela minha dedicação a este desporto. Aproveito para
agradecer todo o apoio que me têm dado durante esta época bastante
exigente.
Além da competição, utilizas os drones para atividades de
lazer, como fotografia ou vídeos?
Já usei, mas neste momento dedico-me a 100% à competição. A
exigência de competir com pilotos do mundo inteiro requer bastante
dedicação. Como tal não é possível conciliar esses dois tipos de
usos, já que requerem diferentes especificidades e afinações.