Entrevista

Annia
O rosto do R&B em Portugal

60065124_2243157049053229_164386540359778304_o.jpgÉ a voz que está a aquecer o R&B em Portugal. A iniciar uma carreira auspiciosa, Annia reúne todos os atributos para se afirmar com um dos grandes talentos da sua geração. Em entrevista revela-se determinada a desbravar novos caminhos para a música portuguesa.

A tua carreira ainda é muito jovem. Quem é a Annia no mundo da música?
Ainda um bebezinho. A minha carreira nasceu no ano passado, com o single "Chuva". Estou a explorar um género pouco usual em Portugal, que é o R&B. E a fazê-lo com um grau de dificuldade acrescido que é cantar em português, o que é ainda menos comum. Estou a dar o melhor de mim para trazer as minhas influências, principalmente norte-americanas, para a língua portuguesa, e tentar manter ainda assim a essência que caracteriza este estilo musical.

De facto, o R&B é um género pouco produzido em Portugal. Sentes responsabilidade por ser umas das suas representantes?
Sinto esse peso. Tenho consciência que se tivesse escolhido outro género talvez o meu caminho fosse mais fácil ou mais rápido. Tenho pena que não haja mais pessoas associadas ao R&B. Tens o Gutto, mais tarde o TT, e talvez sejam esses os nomes mais sonantes do género. Portanto, cai sobre mim e mais alguns artistas uma certa responsabilidade. Dada a reduzida expressão de músicos em Portugal pode parecer um estilo musical pouco promissor, mas é a música que eu amo.

É com o R&B que te identificas?
Sim! Eu considero-me uma artista de R&B. Gosto de outras coisas também, desde o Hip Hop ao Pop. Mas o R&B é a música que me faz sentir feliz. E também tenho um certo gosto por causas difíceis! Abrir esta janela para o R&B e fazer o género vingar em Portugal é um desafio que me estimula, até porque considero que o R&B nunca teve oportunidade para proliferar no nosso país.

Lá fora é frequente o cruzamento do R&B com o Pop e o Hip Hop. Esse é um caminho possível?
É verdade. Isso também acontece com as minhas canções. Acho importante explorar e criar coisas novas. É das fusões que nascem as coisas mais bonitas.

Já deste a conhecer dois singles: "Chuva" e "Password". Não te revelas apenas cantora, mas também letrista, compositora e produtora. Tens várias facetas musicais?
Sim. Até acho que onde me sinto mais feliz é a escrever. Ainda mais do que a cantar. Tento também fazer parte do processo de produção das canções. Tenho opiniões muito vincadas! Acabo por estar envolvida em todo o processo de criação dos temas, desde o início até ao palco. Por isso, se a crítica for menos positiva dói-me mais, uma vez que não tenho hipótese de fuga à responsabilidade. A culpa é minha (risos).

Por outro lado, deve ser enriquecedor para uma artista estar envolvida em todo o processo…
O trabalho final tem um sabor especial. É muito prazeroso quando o suor é teu, quando tens consciência do esforço que fizeste para chegar ali. O valor que dás às coisas é diferente.

É em português que decidiste cantar. Por alguma razão em especial?
Pela nossa conversa já deves ter percebido que eu tenho gosto por coisas difíceis (risos). Em primeiro lugar, sou portuguesa, falo português e estando em Portugal faz sentido cantar em português. A nossa língua é uma das línguas mais faladas do mundo. Temos uma comunidade portuguesa grande e ainda os PALOP's. Por isso, para mim faz todo o sentido explorar a nossa língua. É verdade que acho mais difícil escrever em português do que em inglês. No entanto, a língua portuguesa é a nossa identidade e chega melhor aos portugueses. A maioria das pessoas da minha geração até fala inglês fluentemente, mas isso não acontece com toda a gente em Portugal. Iria criar uma barreira linguística escusada.

58381557_2222593171109617_6585104125208297472_o.jpgOs temas "Chuva" e "Password" soam-me bastante diferentes.
Talvez a nível instrumental. O "Chuva" foi feito em 2016 e o "Password" em 2018/19. Em 2016 estávamos a viver uma vaga de R&B muito anos 90/2000 e o instrumental está de acordo com isso. Hoje em dia estamos com um R&B repleto de influências de Soul Trap. Talvez seja essa a diferença. A minha essência é muito anos 90 e 2000, que é o R&B de onde bebi mais.

"Password" é o teu single mais recente. Revelas-nos aqui a tua palavra-chave?
Não faço questão de esconder a minha password… Posso dar a password da Netflix para verem filmes (risos). Na verdade, a canção "Password" baseia-se numa traição real que aconteceu comigo. Os jovens hoje em dia estão muito ligados ao telemóvel. E ele denunciou-se precisamente porque a relação dele com o telemóvel era visceral, e comecei a reparar em alguns sinais dessa traição, por serem tão óbvios.

Já que não tens segredos, o que podemos esperar do futuro?
Quero sair um pouco da temática das relações. Quero explorar vertentes novas, sonoridades e assuntos diferentes. Tenho o objetivo de fazer um álbum, mas numa primeira fase irei provavelmente lançar um EP. Tenho alguns temas na minha caixinha de Pandora! Algumas canções já estão na fase de videoclip e outras ainda estou a escrever. Nestes trabalhos deverei ter algumas colaborações de outros artistas. Acho que podemos esperar, portanto, uma Annia ainda mais evoluída (risos)!

Annia - Facebook Oficial
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO