No agrupar é que está o ganho?
O Ministério da Educação, nos seus
mais diversos períodos da sua existência, já habituou as escolas
portuguesas a terem que decidir, ou implementar medidas, em cima do
joelho, como se amanhã não houvesse mundo. Sempre que muda um
ministro alteram-se as políticas educativas, de acordo com o sentir
de quem desempenha o cargo. O problema é que muitas vezes essas
mudanças não estão assentes em estudos validados, mas em
pressupostos de que se se fizer isto assim, o resultado pode vir a
ser benéfico para os alunos e para a comunidade, garantindo
igualdade de acesso à educação a todos os
portugueses.
Uma das questões que está a mexer, agora menos
silenciosamente que no passado, com a comunidade escolar é a
criação dos chamados mega agrupamentos de escolas. Estruturas, que
assegura a tutela, pretendem garantir a sequencialidade do ensino,
do pré-escolar ao 12º ano (esta será a tendência para
a escolaridade mínima). A questão dos mega agrupamentos não é nova.
Vem do Governo anterior, mas o Ministério da Educação quer ver o
processo concluído até ao final de Maio, para que sejam nomeadas as
comissões instaladoras e por aí fora.
O que está a acontecer nas escolas e nos agrupamentos
de escolas de todo o país é um corrupio de contactos e influências
para ver quem pode casar com quem (de preferência com os
melhores).
Encontramos os estabelecimentos de ensino a lidarem com
um nervoso, não miudinho, mas preocupante, que tendo em conta o
argumento de dar sequencialidade escolar aos alunos, não entendem
muito bem a questão dos mega agrupamentos.
O processo está longe de ser consensual e a diminuição
de cargos dirigentes no sector educativo é cada vez mais apontada
como a principal razão de toda esta caminhada que promete envolver
também as autarquias. Mas a medida, aliada ao aumento do número de
alunos por turma (30?!) vai levar a que muitos professores deixem
de o ser, pelo simples facto de não haver horários disponíveis
(nalguns casos até mesmo para quem se encontro no
quadro).
O Conselho de Escolas (que reúne escolas e agrupamentos
de todo o país) aprovou uma moção, na sua última reunião, onde
critica o modo como o processo está a decorrer. Aquele organismo dá
como exemplo "o não respeito pela garantia da sequencialidade dos
ciclos de escolaridade; o não respeito pelas distâncias geográficas
e por outras características locais; e o número exagerado de alunos
por agregação".
No entender daquela entidade, "a ausência destas
condições compromete o exercício de uma gestão de proximidade,
essencial à eficácia das novas unidades de
gestão".
Refere ainda a tomada de posição, que "a audição prévia
dos parceiros educativos prevista legalmente, tem sido subvertida,
na maioria das situações, através de um processo de pré-decisão
apresentado pelas Direcções Regionais de
Educação".
A situação é por isso complexa e exigiria mais tempo
para uma real avaliação do que pode ou não ser mega agrupado. Isto
se o objectivo é, de facto, encontrar consensos através do diálogo.
Caso contrário, a tutela que decida e assuma os custos políticos do
processo, sem que a bíblia da Troika seja apresentada como o factor
decisivo.
Como verificamos, este
processo não é de fácil resolução. Resta saber se é nos mega
agrupamentos que está o ganho…