Ensino Superior: afinal não há abandono de alunos
Governo, universidades e
politécnicos asseguraram no passado dia 8, sem apresentar números,
que não houve este ano letivo um aumento do abandono escolar no
ensino superior devido a carências económicas.
A garantia foi dada aos jornalistas, no final de uma reunião de
trabalho, no Ministério da Educação e Ciência, em Lisboa, entre o
ministro, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas e o vice-presidente do Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos.
O ministro da Educação e da Ciência, Nuno Crato, afirmou que "não
há sinais de que haja um maior abandono [do ensino superior] por
motivos económicos", sendo apenas "possível encontrar um caso ou
outro" de desistência.
Na mesma linha, o presidente do Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas, António Rendas, disse que "o padrão
global [de abandono] não se alterou", admitindo "situações
difíceis".
O vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores
Politécnicos, Rui Teixeira, alegou, por sua vez, que "não há [este
ano letivo] uma diferenciação", em termos de casos de desistência
da matrícula por razões económicas, "em relação ao ano letivo
anterior".
O Ministério da Educação, universidades e politécnicos concordaram
hoje em monitorizar o "potencial agravamento da situação".
No entanto, um inquérito realizado aos universitários portugueses,
realizado pela Associação Académica da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD) e apresentado em março,
revelou que quase metade dos alunos do ensino superior atravessa
dificuldades económicas e muitos temem abandonar o curso ainda
neste ano letivo.
De acordo com os promotores do estudo, aos inquéritos, que foram
feitos já este ano nas universidades e politécnicos de Portugal
Continental e Açores, responderam 4.000 alunos num universo de
cerca de 130 mil estudantes.
Dos 4.000 inquiridos, 1.855 (48 por cento) afirmou passar
dificuldades económicas, destes, 1.224 (65 por cento) disseram
temer abandonar o ensino superior por esse motivo e 1.275 (69 por
cento) revelaram que não recebem bolsa de ação social.
Nos inquéritos foi perguntado aos alunos se se sentem preparados
para entrar no mercado de trabalho, tendo 2.214 (58 por cento)
respondido que não e 1.620 (42 por cento) que sim.