Encontro Nacional
Já bolonhámos, mas falta bolonhar
O processo de adaptação do Ensino
Superior Português ao estipulado pela Declaração de Bolonha
terminou em 2011, mas a verdade é que o prazo não marca o fim do
processo, marca sim o início de uma nova etapa. Ainda há um
importante caminho a percorrer, cujos passos estão identificados,
sendo claro que, depois da adaptação na forma, importa aplicar a
Declaração de Bolonha em termos de conteúdo.
A ideia ficou bem patente no
Encontro Nacional Concretização do Processo de Bolonha em Portugal,
que decorreu a 28 de Março, no Auditório da Superior Agrária, em
Castelo Branco, e reuniu de participantes de 21 instituições de
ensino superior portuguesas, que apresentaram o trabalho
desenvolvido, as vantagens, as dificuldades e os passos
seguintes.
Na generalidade das instituições,
entre 2004 e 2011 todos os planos curriculares dos cursos foram
estruturados de acordo com o sistema de créditos europeu (ECTS).
Foi promovida a mobilidade internacional de estudantes e docentes,
incorporada uma língua estrangeira em todos os cursos, além da
introdução de inovações em termos de recursos pedagógicos para se
atingirem novos públicos e apoiar os tradicionais (ex: plataformas
de e-learning). Foi feita uma aposta no trabalho experimental, na
divulgação científica, na promoção do sucesso escolar, no apoio à
inserção dos alunos na vida ativa e no acompanhamento dos
diplomados.
Mas se estas mudanças eram
decisivas, havia outra ainda mais decisiva: a mudança para relação
de ensino-aprendizagem em que o aluno é o centro. O importante é o
que aluno aprende (conhecimentos), mas também o que sabe fazer ao
pôr em prática aquilo que aprende (competências), resolvendo
diferentes situações de forma eficaz. E a este nível é que ainda
parece haver muito por fazer. Pelo menos os representantes das 21
instituições que estiveram em Castelo Branco não o escondem. Há por
isso um trabalho a fazer e a avaliar.
Em resumo, como referiu o
vice-presidente do Politécnico de Leiria, João Paulo Marques: "Já
bolonhámos. E agora?" É sobre esse agora que o Ensino Magazine
publica este suplemento especial, dando voz aos oradores presentes,
sendo certo que muitos deles fizeram questão de referir que
apresentavam ideias pessoais e não institucionais. Seleccionámos
extractos de apontamentos de muitas das intervenções, procurando
evitar repetições, as quais eram inevitáveis no Encontro. Este é,
assim, um contributo para continuar o debate.