1ª Coluna

IMG_1620.jpgDesde 2008 que o número de alunos que termina o ensino secundário e que quer prosseguir estudos no ensino superior tem vindo a diminuir. A quebra, segundo a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, é de cerca de 7,7 pontos percentuais.

No inquérito realizado a 41.714 estudantes que frequentavam escolas públicas e privadas de Portugal à saída do ensino secundário, no ano letivo 2012/13 ficou a saber-se que apenas 67,9% dos estudantes inquiridos pretendiam seguir estudos no ensino superior. E quando se questionam os motivos que levam os estudantes a não prosseguirem estudos após a conclusão do secundário, estes são o desejo de arranjar um trabalho para poder ter o seu próprio dinheiro (51,9%), o facto de não gostarem de estudar (31,9%) e de terem dificuldades económicas (29,7%). Àquelas razões pode estar associada uma outra, a falta de perspetivas futuras no nosso país, no que respeita à empregabilidade de jovens licenciados.

Os números não deixam de ser preocupantes, tanto mais que a qualificação dos jovens portugueses é um dos principais instrumentos que o país terá para enfrentar os desafios do futuro e para ser competitivo. Por outro lado, os jovens com mais qualificações terão sempre mais oportunidades no mundo do trabalho, do que aqueles que não as possuem.

Importa por isso, e com base neste e noutros estudos, atacar o problema. É preciso dizer aos jovens que o ensino o superior é mais um meio para que possam enfrentar o seu futuro de uma forma mais segura em Portugal, ou noutro país. É preciso dizer-lhes (aos jovens e às suas famílias) que o país precisa deles com formação. Mas também é necessário que o Estado assuma essa qualificação superior como um dos seus desígnios, criando os apoios necessários a quem quer estudar e não pode (cerca de 30% diz não prosseguir estudos por dificuldades económicas); incutindo nos jovens (logo a partir do ensino básico) a importância de uma qualificação superior para o seu futuro; mas também potenciando a excelente rede de ensino superior que existe no nosso país, que abrange todo o território e que está perto de todos os alunos. Uma rede de excelência que deve ser reforçada entre pares, que em circunstância alguma deve ser posta em causa, e que se assume como o principal instrumento de qualificação e de acesso a essa qualificação, de todos os portugueses.

Nenhum país se pode dar ao luxo de ter uma percentagem tão elevada de jovens que termina o ensino secundário a dizer que não quer prosseguir os estudos no ensino superior. Os melhores ativos de Portugal são os portugueses e aqueles que residem no nosso país. São as pessoas. E seguramente que quanto mais formos capacitados, informados e formados, melhores serão as nossas perspetivas. É verdade que a taxa de desemprego em Portugal entre licenciados é elevada, mas junto daqueles que não têm formação superior é maior. Ter um curso superior não é garantia, como no passado, de se ter um emprego bom para a vida. Mas é uma vantagem e um trunfo importante num mundo competitivo e cada vez mais global.

Saibamos nós, enquanto país, contrariar esta tendência, e certamente que os jovens portugueses darão a resposta adequada.

 
 
 
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