Quatro rodas
O meu Primeiro Porsche
Hoje
a crónica vai ser um pouco revivalista, trazendo para aqui a
história meu primeiro Porsche, não que seja verdadeiramente meu,
mas porque foi aquele que até hoje perdura na minha memória e que
continuo a acarinhar.
O meu primeiro contacto com um
verdadeiro Porsche, foi em 1977 (aos 14 anos) num Rali de Castelo
Branco onde o meu conterrâneo André Martinho se apresentou com um
Carrera RS nesta prova do campeonato nacional. Lembro-me de o ver à
partida, mesmo enfrente à Câmara Municipal. Não sendo um piloto "de
fábrica", o André conseguiu ao longo dos anos um conjunto muito
interessante de resultados.
Naqueles tempos um "Porsche de
corridas" numa cidade do interior era, para quem nutria gosto pela
competição automóvel, o verdadeiro centro das atenções da
rapaziada. Inúmeras vezes acompanhávamos o Zé (mecânico do André
Martinho) a preparar o carro antes e após cada rali, no
stand/oficina, na Praça Rainha D. Leonor, bem perto da Escuderia
Castelo Branco. Era uma prazer estar sentado na esplanada das
tílias e ver o Zé trabalhar empenhadamente na preparação da "bomba
branca". Desde então, acompanhei diversas corridas do André ao
vivo, no Rali de Portugal, nas Rampas de Portalegre e Serra da
Estrela, bem como nos ralis da minha terra.
Devido à diferença de idade, não era
muito chegado ao André, que sendo uma pessoa reservada, não
regateava no entanto explicações aos miúdos mais curiosos. Já
falecido vitima daquelas doenças que não perdoam, o André não teve
ainda a homenagem merecida. Para já aqui fica uma foto, da então
revista Motor de Abril de 1978, da sua participação do Vinho do
Porto de 78. O CA-50-14 foi sem dúvida o meu primeiro Porsche, pela
forma como o acompanhei, bem à semelhança do que fazem hoje os
fanáticos do futebol com as suas equipas. Ao que sei o carro ainda
existe no Porto, aguardando restauro.
Bem perto de onde morava, outros gigantes do mundo
Porsche, deslocavam-se por essa altura, todos os anos a Portugal,
mostrando que eram dos melhores a preparar Porsches de corrida. É
verdade foi na "rampa da serra" que algumas vezes vi o Jean -Marie
e o Jacques Almeras, exibirem-se ao mais alto nível, chegando mesmo
o Jean-Marie a vencer a edição de 1978. Também eles foram para mim
"uma fonte de inspiração Porsche", especialmente, quando uma vez
por ano, tínhamos esse "banho de cultura Porsche" nas assistências
junto ao estádio da Covilhã.
Outro marco importante, na "minha
cultura Porsche", remonta também ao ano de 1978, com a vitória
surpresa do Jean Pierre Nicolas no Monte Carlo. Numa época pouco
globalizada, foi a influência dos irmãos Pires Preto, (meus colegas
de liceu) que me chamaram a atenção para o feito do Jean Pierre que
conseguiu bater as equipas de fábrica que lutavam pela vitória, nas
provas do mundial de ralis. O Tó Zé e o Carlos Pires Preto (já
falecido), apressaram-se a comparar o kit 1:43 e rapidamente
produziram a réplica deste famoso Carrera Almeras.
Em 2008, trinta anos depois dos
factos que relatei, o meu amigo Luis Brito conseguiu levar-me à
catedral Porsche em Stuttgart. Visitámos a fábrica e o museu, onde
para além da tecnologia sobressaiu o carinho com que são
construídas estas maravilhas, mas ao mesmo tempo foi uma permanece
visita ao passado, com as recordações das corridas do Carrera RS do
André a estarem sempre presentes.
Paulo Almeida
Este texto não segue a nova ortografia
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