Presidente do CNE alerta
“Fim da profissionalização foi uma grande asneira”
O presidente do Conselho Nacional de
Educação (CNE), David Justino, disse em Coimbra que foi "grande
asneira" Portugal ter prescindido da profissionalização em
exercício de professores.
"Foi uma grande asneira termos
prescindido da profissionalização em exercício", sustentou David
Justino, que falava, em Coimbra, numa conferência/debate sobre "Os
exames nacionais no contexto dos processos de regulação das
aprendizagens".
A profissionalização em exercício "está, de resto, prevista no
próprio Estatuto da Carreira Docente", salientou o sociólogo e
docente universitário, recordando que "o período probatório" está
preconizado naquele diploma.
O acesso à profissionalização deve
ser feito no "ambiente escolar" respetivo, devendo competir aos
estabelecimentos de ensino superior "formar e credenciar" os
licenciados que pretendem seguir a carreira docente, sustentou.
Detendo-se sobre os exames,
designadamente no sexto e nono anos de escolaridade, o antigo
ministro da Educação e ex-deputado reconheceu que eles não avaliam
todas as competências dos alunos, mas, "por isso mesmo, só valem
30%", sendo os restantes 70% atribuídos à "avaliação interna",
feita ao longo do ano letivo.
"São residuais as retenções
resultantes diretamente dos exames", defendeu David Justino,
considerando que o papel destas provas de avaliação "é mais de
indução do que de mudança".
"A partir do momento em que o
Ministério define as metas, não faz sentido definir programas" e
estabelecer métodos, afirmou, por outro lado, o presidente do CNE e
assessor para os Assuntos Sociais da Presidência da República,
considerando que é necessário "reforçar a autonomia, o poder das
escolas, no sentido de serem a definir métodos e conteúdos".
Sobre a avaliação dos
estabelecimentos de ensino, David Justino disse que "uma boa escola
é aquela que consegue transformar alunos" oriundos de meios com
problemas sociais e não aquela de "dá grandes notas", que apresenta
muitos alunos com bons resultados.
"O grande desafio da escola é
contrariar o determinismo social", sustentou.