1ª Coluna

Primeira coluna
A escola e o resto

joaofotoonline.jpgO Ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, voltou a falar da necessidade das instituições de ensino superior e das empresas se aproximarem, numa lógica de co-localização de atividades de ensino, investigação e inovação.

Esta maior aproximação entre o mundo académico e o tecido empresarial é um objetivo que deve ser partilhado por quem ensina e por quem produz, sem desconfianças de qualquer um dos lados, com as devidas adaptações e cedências. Há muitos fatores que ainda separam a efetiva concretização de projetos que poderiam ser úteis para as instituições de ensino superior e para as empresas. O modo de pensar e de agir, os horários de funcionamento, mas acima de tudo o tempo. O tempo que demora a academia a responder e o atraso com que muitas vezes os empresários solicitam soluções às universidades e politécnicos.

Ainda assim, há exemplos muito bem conseguidos no nosso país, de como quando a academia e o tecido empresarial dão as mãos é possível inovar e colocam-nos em situações de destaque em termos internacionais. O setor dos moldes é um deles, como o das novas tecnologias com o desenvolvimento de programas e aplicações únicas, já premiadas e reconhecidas.

Certamente que com quadros mais qualificados as empresas terão uma visão menos redutora e mais recetiva à investigação, à implementação de novos métodos e objetivos, o que colocará também ao ensino superior novos desafios e responsabilidades nessa ligação com o mundo empresarial. O emprego científico e qualificado surge como algo que também é necessário implementar, de uma forma realista e sem complexos, com humildade de parte a parte, e aproveitando os apoios que há, ou que possam vir a existir, para essa contratação.

Neste caminho de desafios constantes entre academia e empresas ainda há muitos quilómetros a percorrer. Mas importa que haja da parte das instituições de ensino superior a capacidade de mostrar ao nosso tecido económico, na sua maioria constituído por pequenas e médias empresas, que a solução para alguns problemas pode passar por elas, e que a inovação está seguramente associada ao ensino e à investigação. As empresas devem perder a desconfiança e acreditar que as academias estão capacitadas para dar resposta em tempo útil aos seus desafios.

Dito desta forma até parece que é simples e dá a sensação de estarmos perante um discurso mais ou menos redondo, já ouvido noutras ocasiões. A verdade é que não é fácil. O modo como as instituições e as empresas funcionam, individualmente, coloca dificuldades. Da parte das universidades e politécnicos essa abertura tem que estar associada aos meios, recursos físicos e humanos, e à sua disponibilidade (temporal e de desejo) em aplicar o seu conhecimento ao serviço da economia. Da parte das empresas importa colocar de lado a desconfiança e a ideia de que cada um está no seu mundo, e que o tempo de resposta é sempre muito grande.



Uma coisa é certa. O mundo está cada vez mais imprevisível e as instituições de ensino devem estar preparadas para dar resposta a essa imprevisibilidade. Ou seja, devem formar e investigar, olhando para aquilo que existe, mas também para o que pode vir a existir. E se esta equação tiver em conta aquilo que a economia e as empresas nos dizem tudo poderá ser mais fácil.





 

 
 
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