Algarve e York provam
Sobrancelhas chave na comunicação
Um estudo
realizado na Universidade de York por Ricardo Miguel Godinho,
investigador do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução
do Comportamento Humano (ICArHEB) da Universidade do Algarve,
sugere que sobrancelhas muito móveis e capazes de exprimir emoções
subtis poderão ter sido essenciais na comunicação não-verbal na
evolução humana recente. As principais conclusões deste estudo,
intitulado "Supraorbital morphology and social dynamics in human
evolution", foram publicadas, este mês, na revistaNature Ecology
& Evolution.
Ricardo
Miguel Godinho integrou um grupo de investigadores, no âmbito do
seu doutoramento na Universidade de York, onde realizou várias
simulações. Para analisar a função da arcada supraciliar,
utilizaram um crânio hominíneo fóssil icónico, Kabwe 1, que se
encontra depositado na coleção do Museu de História Natural de
Londres. Este crânio pertence àquela que é considerada por muitos
como a nossa espécie ancestral, Homo heidelbergensis, que terá
existido entre há 600.000 a 200.000 anos.
Espécies ancestrais humanas apresentam arcadas
supraciliares muito proeminentes, e estas, tal como as armações dos
veados, poderiam funcionar como um sinal permanente de dominância e
agressividade. "Na nossa espécie, Homo sapiens, as arcadas
supraciliares tornaram-se mais pequenas devido à evolução da testa
para uma forma mais vertical e suave, tornando as sobrancelhas mais
visíveis e capazes de uma amplitude de movimentos mais
diversificada e subtil", explica Ricardo Godinho.
Segundo
o grupo de investigação, "esta mudança permitiu o desenvolvimento e
refinamento da comunicação não-verbal através das sobrancelhas,
sendo esta essencial na transmissão de emoções subtis como a
simpatia e o reconhecimento". Na opinião dos investigadores "esta
capacidade terá permitido uma maior compreensão e cooperação entre
pessoas, essencial para a formação de redes sociais de grande
dimensão".