Crónica
O novo Avus
Vou hoje falar de um caso impa, de passagem de
testemunho, na nossa Europa. Como refere o título o assunto será o
novo AVUS.
Não vou, no entanto, falar do
novo AVUS sem antes falar do velho AVUS que no idioma original tem
por nome completo Automobil-Verkehrs- und Übungs-Straße.
No início
do século XX os circuitos automóveis estavam muito ligados à
indústria, para serem usados como pistas de ensaio pelos
fabricantes, e o AVUS não foi diferente, foi um circuito de
competição automóvel financiado pelos
industriais.
Inaugurado em 1921 nos
arredores de Berlim, era, no entanto, um circuito um pouco
diferente do habitual. Consistia numa recta feita nos dois sentidos
com uma curva em cada topo e com um total de 19,5 Kms. Em 1937, a
curva norte foi transformada ficando com uma inclinação de 43
graus, bem na moda na altura. Como em outros circuitos, esta curva
inclinada acabou por desaparecer devido ao perigo que representava.
Mesmo assim, ainda recebeu o grande prémio da Alemanha de fórmula 1
em 1959. Alguns anos depois a tal curva inclinada desapareceu e o
circuito manteve-se operacional até 1998, com corridas do DTM e
Fórmula 3 alemã. A queda do muro de Berlim mudou um pouco a vida
deste circuito, que teve de encerrar devido a problemas ambientais
e de tráfego. Berlim ficava assim órfão de uma infra-estrutura para
a competição automóvel.
Foi então
ressuscitada uma ideia lançada, ainda no tempo da Alemanha Oriental
para transformar uma antiga mina de carvão, a céu aberto, numa
pista de automóveis. Nasceu assim em 2000, o novo AVUS, que na
verdade se chama Eurospeedway Lausitz, localizado estrategicamente
à mesma distância de Berlim e das fronteiras da Polónia e República
Checa.
Herdando as peculiaridades do antigo AVUS, o
Eurospeedway é também um circuito bem diferente do que se tem feito
na Europa, tendo como principal atractivo a pista oval, ao mais
puro estilo americano, que conjugada com outras variantes pode
também oferecer um circuito de resistência com 11 kms.
Como os circuitos míticos, o
Eurospeedway já deixou as suas marcas de dramatismo. Em 2001
Michele Alboreto perdeu aí a sua vida durante os ensaios do Audi R4
e nesse mesmo ano Alex Zanardi perdeu ambas as pernas num acidente
das American CART series.
Não conheci o velho AVUS, mas
tive já o privilégio de poder respirar o ar que inunda o
Eurospeedway e poder estar num anfiteatro para 120.00 espectadores
onde cada um pode ver o que se passa em cada metro da oval. É sem
dúvida um digno sucessor do AVUS original, de que continuaremos a
ouvir falar.