Fado é Património Mundial e Imaterial da Cultura
Carlos do Carmo: 50 anos de carreira “Cantar é, antes de mais, um ato de sedução”
No passado dia 28 de junho, integrado nas Festas da
Cidade de Lisboa, Carlos do Carmo, nos claustros do Mosteiro dos
Jerónimos, completamente lotado, deu-nos uma magnífica noite de
fado, comemorativa dos seus 50 anos de carreira.
Tudo começou no longínquo ano de
1939, quando nasceu. Filho da grande fadista Lucília do Carmo e de
Alfredo de Almeida, Carlos do Carmo foi-se impondo até ser hoje uma
voz e figura incontornável da cultura portuguesa em geral e da
música em particular, culminando como embaixador do Fado no seu
processo de candidatura a Património Imaterial da Cultura.
No concerto Carlos do Carmo
apresentou um convidado surpresa, o inseparável e grande amigo
Maestro Vitorino de Almeida (ao piano na foto).
Carlos do Carmo esteve sempre
rodeado de grandes músicos e poetas. Foram seus "companheiros de
estrada" músicos como Fontes Rocha, a Orquestra Sinfonetta de
Lisboa, Joel Pina, o malogrado Bernardo Sassetti (com quem gravou
um álbum em 2010), ou Maria João Pires, com quem gravou ainda no
ano passado um álbum com palavras de Vasco Graça Moura, José Carlos
Vasconcelos, Júlio Pomar, Fernando Pinto do Amaral, José Saramago,
Urbano Tavares Rodrigues, Nuno Júdice, Maria do Rosário Pedreira e
Fernando Tavares Marques. Ao longo da sua vida artística também não
podemos esquecer as parcerias com Ary dos Santos (grande âncora de
todo o seu trabalho) ou Fernando Tordo.
Quando pensamos em Carlos do Carmo
vem-nos logo à memória fados como Lisboa Menina e Moça; Os Putos; O
Homem das Castanhas, Um Homem na Cidade, Por Morrer Uma Andorinha,
ou o Amarelo da Carris, entre muitos outros, inscritos num total de
35 álbuns, editados em CD ou vinil.
A sua primeira gravação aconteceu em
1963 e tinha o título "Mário Simões e seu Quarteto apresentando
Carlos do Carmo". O artista prepara já mais um trabalho, a ser
editado até ao final do ano para assinalar os 50 anos de carreira,
que contará com a participação de Aldina Duarte, Ana Moura, Camané,
Carminho, Cristina Branco, Mafalda Arnauth, Marco Rodrigues,
Mariza, Raquel Tavares e Ricardo Ribeiro, acompanhado pelos músicos
José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença
(viola de fado) e Marino de Freitas (viola baixo). Que bela maneira
de celebrar o fim do ano: cá o esperamos!
Os espetáculos de referência são
imensos. Os que deu no "Olympia" em Paris, nas óperas de Frankfurt
e de Wiesbaden, no Canecão do Rio de Janeiro, no "Savoy" de
Helsínquia, no Auditório Nacional de Madrid, no Teatro da Rainha em
Haia, no teatro de São Petersburgo, na Place des Arts em Montreal,
no Tivoli de Copenhaga, no Memorial da América Latina em São Paulo
e mais recentemente no Teatro D. Pedro V em Macau (com transmissão
em direto para toda a China), são momentos muito altos da sua
carreira. Os concertos no Mosteiro dos Jerónimos, na Fundação
Gulbenkian, no Casino Estoril, no Centro Cultural de Belém, na Casa
da Música, na Torre de Belém e no Coliseu dos Recreios de Lisboa
fazem a diferença a nível nacional, pelo conceito que lhes foi
dado, "sempre em prol da evolução do Fado" (biografia oficial). A
acrescentar apenas o recordar da sua participação no filme "Fados"
de Carlos Saura (2007), que faz parte de uma trilogia onde se
encontram mais duas longas-metragens, uma dedicado ao Flamenco e
outra ao Tango.