Covid-19: estudo nacional revela
Docentes usam tecnologia, mas precisam de mais formação
Um estudo desenvolvido
pelos investigadores Paulo Afonso, Bruno Trindade, Domingos Santos,
Ricardo Pocinho, Paulo Silveira e Pedro Silva demonstra que a
maioria dos docentes portugueses teve acesso a um computador
portátil (75,7%) e à internet com fibra (72,9%) durante a fase em
que o ensino presencial foi suspenso devido à Covid-19, no ano
letivo que agora terminou. Ainda assim, falta formação específica
para os docentes.
O estudo foi feito
entre os dias 14 e 31 de maio através de um questionário
distribuído a 536 docentes de todo o país, abrangendo todos os
níveis de ensino. "O objetivo principal passou por analisar a forma
como os docentes se adaptaram a uma nova realidade educativa e os
recursos que usaram para enfrentar os novos desafios profissionais
no contexto educativo", revelam os autores deste trabalho.
Os dados apurados
demonstram que em matéria de formação tecnológica há ainda um
caminho a percorrer. Só no ensino superior a percentagem de
professores com essa formação superou os 50%. Já em "relação à
formação específica no recurso à internet, a maioria dos docentes
não detinha qualquer formação, verificando-se o mesmo na formação
de aplicações educativas, de redes sociais e de recursos educativos
tecnológicos".
Apesar disso, os
investigadores explicam que "o ensino-aprendizagem online foi,
maioritariamente, utilizado por todos os docentes, à exceção do
Ensino Pré-Escolar". De entre as plataformas utilizadas, o estudo
demonstra que 97,3% dos docentes do ensino superior inquiridos
utilizaram a aplicação ZOOM. Um valor que baixou para 66,7% entre
os alunos do pré-escolar e 42,9% no ensino secundário. Por sua vez,
a Google Classroom foi "utilizada predominantemente pelos docentes
do 1.º Ciclo (71,2%) e do 2.º Ciclo do Ensino Básico (67,2%),
enquanto que a Microsoft Teams foi utilizada por 85,1% dos docentes
do Ensino Superior (85,1%). O Moodle da Escola foi
usado por 52,7% dos professores".
O estudo revela ainda
que a plataforma moodle foi "utilizada pela maioria dos docentes do
Ensino Superior e as perguntas orais em sessões síncronas foram
predominantes no Ensino Básico e Secundário".
No entender dos
investigadores "o recurso às Tecnologias de Informação e
Comunicação permite ser uma opção válida para que a relação de
ensino-aprendizagem possa continuar a ocorrer e contribui para o
desenvolvimento de novas formas de pensar, agir e reagir em tempo
real".
Ainda assim os
investigadores consideram que o ensino a distância "é um desafio
que ainda necessita ser aperfeiçoado, para se tornar um meio
acessível a todos os intervenientes no processo educativo, que se
quer inclusivo e equitativo".