Escola Superior de Gestão do IPCB
ESG recebe alunos do Japão
A Escola Superior de Gestão do
Instituto Politécnico de Castelo Branco poderá vir a receber, já no
próximo ano, um grupo de alunos japoneses oriundos da zona de
Fukushima, os quais devido ao terramoto e ao desastre nuclear
perderam as suas famílias.
Ana Rita Garcia, directora da
escola, refere que "a ESG está receptiva a acolher os alunos". Para
já serão seis estudantes que poderão tirar a licenciatura em Gestão
Hoteleira naquela escola do Instituto Politécnico. "Iremos assinar
em breve o acordo de colaboração com a Cahrity Association,
liderada pela arquitecta Hiroko Kageyama, para formalizar a vinda
desses jovens para a nossa escola", explica Ana Rita Garcia.
A questão que agora se coloca passa
por ultrapassar a burocracia inerente aos sistemas de ensino
português e japonês. "O sistema de ensino japonês é dividido em
três semestres, enquanto que cá é em dois. Além disso, seria
importante que os alunos viessem antes de Setembro para poderem
aprender português", diz Ana Rita Garcia.
A directora da escola revela que "a
própria embaixada japonesa já foi contactada para que se possa
estudar a forma de atribuírem as equivalências curriculares aos
alunos".
Ana Rita Garcia diz que neste
momento é importante ultrapassar a parte burocrática, algo que
também poderá ser ultrapassado pela assinatura de protocolos entre
os dois países. Ana Rita Garcia recorda que o primeiro contacto com
a Cahrity Association ocorreu no passado mês de Setembro. "Se o
processo correr bem poderemos receber mais alunos", diz a directora
da ESG.
A arquitecta Hiroko Kageyama,
responsável pela Cahrity Association, mostra-se satisfeita com o
acordo. "Espero que em Setembro os jovens alunos, vítimas de
Fukushima, possam estar a estudar na Escola Superior de Gestão",
disse ao Reconquista.
Hiroko Kageyama adianta que o
objectivo deste acordo é o de permitir que os "jovens possam
prosseguir os seus estudos". A associação que lidera comprometeu-se
a apoiar 1100 jovens, com idades entre os 14 e os 18 anos, na sua
maioria órfãos, na prossecução dos seus estudos.
A ligação da escola do IPCB ao
Japão foi também reforçada no final de Novembro, com a primeira
aula de cozinha japonesa a ser ministrada na escola. Uma sessão que
contou com a presença da chefe Mari Fujii, a qual desenvolve o seu
trabalho em Kanagawa, no Japão.
A aula que contou com a presença de
alunos da escola e serviu simultaneamente para a confecção de um
almoço com produtos biológicos típicos do japão, os quais poderão
vir a ser produzidos em Idanha-a-Nova, na incubadora de base rural.
Hiroko Kageyama diz mesmo que na refeição "foram utilizados já
produtos biológicos produzidos no concelho de Idanha-a-Nova e
outros que queremos produzir cá".
Armindo Jacinto, vice-presidente da
autarquia local, sublinha a importância do evento pelo facto "de
mostrar que os produtos biológicos produzidos no nosso concelho são
excelência e podem vir a ser utilizados na cozinha japonesa não só
em Portugal, como em toda a Europa".
Álvaro Rocha, presidente da
autarquia, também assistiu à aula, a qual decorreu na cozinha do
palacete da escola. "É uma forma de divulgarmos os nossos produtos.
Por outro lado, a ligação que estamos a fazer com o Japão vem
trazer-nos uma nova forma de fazer agricultura biológica, e dá-nos
a possibilidade de trazermos mais gente para o nosso concelho".
Para os alunos da escola, este foi
um primeiro contacto com a cozinha japonesa. Desta vez o peixe
ficou de fora, já que a refeição foi totalmente vegetariana. Mas os
pormenores da chefe Mari Fujii são um bom exemplo do rigor que os
japoneses aplicam em tudo o que fazem. O vinho, esse foi mesmo do
concelho raiano, pelo que como referiu Hiroko Kageyama, "foi
degustado um menu ibérico e japonês".