Secretário de Estado do Ensino Superior
Não há instituições a mais
O secretário de Estado do Ensino
Superior disse no passado dia 4 de dezembro, em Tomar, que Portugal
não tem capacidade educativa excedentária nem instituições a mais,
frisando que a reorganização da rede em curso visa conseguir
instituições mais habilitadas para aumentar a formação
superior.
Num encontro promovido pelo
Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), que juntou, no
Instituto Politécnico de Tomar, responsáveis políticos e das
universidades e politécnicos, vários dos intervenientes referiram o
baixo número de alunos que terminam o secundário e que se
candidatam ao ensino superior (40%) e as baixas taxas de
escolarização de nível superior (26% entre os 30 e os 34 anos)
relativamente aos outros países da União Europeia e da OCDE e às
metas definidas para 2020 (40%).
José Ferreira Gomes sublinhou a
importância de "ouvir as pessoas" num processo que visa a
diferenciação da oferta educativa para captar mais alunos e para o
qual os responsáveis das instituições foram chamados a dar
contributos até ao final deste mês.
Entre as sugestões que ouviu,
incluiu-se a de que os órgãos regionais de coordenação da rede e da
oferta formativa do ensino superior público sejam constituídos ao
nível das NUT II (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento
Regional).
Questionado sobre o ciclo de cursos
de curta duração, o secretário de Estado reafirmou a intenção de
avançar com a legislação para que entre em vigor no próximo ano
letivo, sublinhando que esta é uma oferta de formação profissional
avançada que existe em muitos países europeus e cuja
responsabilidade está a ser pedida aos politécnicos.
José Ferreira Gomes advertiu que
estes cursos de curta duração terão que ter custos unitários mais
baixos do que aqueles que existem atualmente ao nível do ensino
superior.
"Não há condições para fazer o
lançamento do ensino superior aos mesmos custos médios do ensino
universitário e politécnico. Outros países propõem-se atingir as
metas com a vertente dos ciclos curtos a custos mais baixos.
Teremos que fazê-lo" também, afirmou.
Como visão de futuro referiu o
objetivo de manter o ensino superior com uma dimensão próxima da
atual e melhorar a qualidade do ensino superior politécnico para
que este absorva algum crescimento da procura.
Reconhecendo a necessidade de
melhorias na rede do ensino superior público em Portugal, o
presidente do SNESup, António Vicente, pediu que a discussão em
curso seja feita sem pressas e "como um todo e não aos pedaços",
evitando divisões no país e quezílias entre instituições.
António Vicente disse à Lusa
lamentar que a discussão no seio das instituições não esteja a ser
feita da forma que gostariam, com debates mais abertos, envolvendo
todos no processo de decisão.
Além dos debates, o sindicato lançou
um inquérito aos docentes, tendo recebido resposta de 20 por cento
dos professores, de instituições de todo o país, dados que estão a
ser analisados para serem enviados ao Ministério antes do final do
mês, como contributo para a discussão em curso, adiantou.
Ao secretário de Estado, António
Vicente pediu que não sejam esquecidas as questões da autonomia e
do financiamento das instituições.
O encontro teve ainda como oradores
o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, António
Fontainhas Fernandes, os presidentes dos Institutos Politécnicos de
Tomar, Eugénio de Almeida, e de Viseu, Fernando Sebastião (este em
representação do CCISP), o secretário-geral do Conselho Nacional de
Educação, Manuel Miguéns, e os deputados Pedro Lynce (PSD) e Pedro
Alves (PS).