Gente e livros
Alice Munro
«Quando chegou o outono e a altura em que devia
deixar de trabalhar e entrar na Universidade em Guelph, recusou-se
a ir, disse que precisava de um ano de folga.
Clark era muito inteligente mas nem
sequer esperou para terminar o liceu. Perdera qualquer contacto com
a família. Pensava que as famílias eram como um veneno no sangue.
Trabalhara como auxiliar num hospital psiquiátrico, como DJ numa
estação de rádio em Lethbridge, em Alberta, como membro da
assistência de auto-estradas perto de Thunder Bay, como aprendiz de
barbeiro, como vendedor numa loja de artigos de exército. E estes
foram só os empregos de que lhe falara.
Ela alcunhara-o de Gipsy Rover, um
cigano radical, por causa da canção, uma canção que a mãe costumava
cantar. E então começou ela a cantá-la pela casa todo o tempo e a
mãe percebeu que se passava qualquer coisa. (…)».
In
Prémio Nobel da Literatura em
2013, Alice Munro nasceu a 10 de Julho de 1931, no Wingham, condado
de Huron, Província Canadiana de Ontário. Descendente de uma
família de emigrantes, a mãe era professora e o pai criador de
raposas.
Estudou jornalismo e língua
inglesa na University of Western Ontario. Interrompeu os estudos
quando se casou, em 1951. Com o marido abre uma livraria em
Victoria British Columbia.
Dance of the Happy Shades (1968)
é o primeiro livro que publica. Em 1971, é editada a coletânea de
histórias Lives of Girls an Women. No conto A Vista de Castle Rock
(2006) fala sobre a história da sua família. Divorciou-se em 1972 e
voltou a casar em 1976. Do primeiro casamento nasceram as suas três
filhas.
«Mestre do conto contemporâneo»,
pelo realismo psicológico dos personagens criadas por Munro, alguns
críticos consideram-na o "Chekhov" Canadiano. Quem é que pensas que
És? (1978); A Luas de Júpiter (1982); Fugas (2006); Demasiada
Felicidade (2009); e Amada Vida (2012) - a sua mais recente
coletânea de contos - fazem parte da obra da escritora.
Em Portugal, os seus livros
estão publicados pela editora Relógio d`Água.
Segundo o Comité do Nobel : «As
suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades,
onde a luta por uma existência socialmente aceite muitas vezes
resulta em relações tensas e conflitos morais».
As mulheres são as grandes
protagonistas na escrita de Alice Munro.
A escritora reside em Clinton,
Canadá. Encontra-se doente e já anunciou que não estaria presente
na cerimónia de entrega do Prémio Nobel, em Estocolmo.
Fugas. O
escritor norte-americano Jonathan Franzen disse, ao The New York
Times Book Review, sobre o livro «Fugas é um livro tão bom que não
quero falar sobre ele aqui. Uma citação não lhe faz justiça, nem
sequer uma sinopse. A melhor maneira de o fazer é lê-lo (…). O que
me leva à indicação simples com a qual comecei: Leiam Munro! Leiam
Munro!.».