Conselho de Ministros aprova delegação de competências
O Conselho de Ministros aprovou, no
passado dia 15, o regime de delegação de competências nos
municípios e entidades intermunicipais, através de "contratos
interadministrativos" nas áreas da educação, saúde, segurança
social e cultura.
"A implementação prevista, até
devido à natureza dessas competências, é progressiva, com
projetos-piloto, que assentam na adesão voluntária dos municípios
ou comunidades", afirmou o ministro Adjunto e do Desenvolvimento
Regional, Miguel Poiares Maduro, na conferência de imprensa que se
seguiu à reunião do Conselho de Ministros.
O decreto de lei aprovado
"Identifica princípios e o método comum ao abrigo dos quais vai
decorrer a contratualização", e que passam pela "igualdade entre
todos os municípios interessados", a "garantia de transferência dos
recursos financeiros e patrimoniais necessários ao serviço público
em causa", a "obrigatoriedade da melhoria da qualidade desse
serviço", que será "aferida através de indicadores de resultado" e
envolverá a "criação de mecanismos de monitorização e
avaliação".
Confrontado com o parecer
desfavorável dado pela Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP), Poiares Maduro respondeu que este processo "tem
beneficiado de uma ampla consulta e negociação com os
municípios".
"Este tema já foi debatido duas
vezes no conselho de concertação territorial e houve sempre um
largo consenso daqueles que estão representados no conselho de
concertação social da importância de avançar com este processo",
afirmou.
De acordo com o ministro, no
domínio da Educação, em que estão mais avançados na elaboração
dos contratos interadministrativos de delegação de competências,
"há mais de 10 meses que, com um conjunto muito alargado de
municípios" o executivo tem vindo a discutir o tema e "feito
avanços substanciais".
"O parecer da ANMP, que é aliás um
parecer votado por uma maioria, é um parecer que, se por um lado, é
favorável ao processo, por outro lado, manifesta alguma preocupação
quanto à falta de detalhe em alguns domínios, os domínios em que
ainda não existem contratos interadministrativos", afirmou.
Poiares Maduro disse que nessas
áreas em que ainda não existem contratos, haverá discussão "não
apenas com os municípios individualmente mas também com a própria
Associação Nacional de Municípios Portugueses".
"Estamos convencidos de que isso,
bem como a circunstância de se tratar de um processo voluntário, em
que só participam os municípios que assim o entendam, é a melhor
garantia de que o processo se fará em consenso, o processo se fará
tranquilamente com municípios e com comunidades intermunicipais",
declarou.
O ministro disse acreditar que a
metodologia seguida pelo Governo, bem como "o interesse que
continua a ser manifestada por muitos municípios", permitirá que o
processo "avance de forma consensual, permitindo que, finalmente,
depois de muitas décadas de discussão em abstrato sobre
descentralização em Portugal se comece a concretizar esse processo
de descentralização".
Relativamente aos recursos
financeiros, Poiares Maduro insistiu que "já há um acordo de
princípio claro", segundo o qual, por exemplo na Educação, "os
recursos financeiros a transferir são os recursos financeiros que o
Ministério da Educação e Ciência atualmente despende no
exercício dessas mesmas competências nesse município ou comunidade
intermunicipal".
"Trata-se agora, ao nível de
detalhes técnicos, apurar quais são esses montantes",
acrescentou.
O regime de delegação de
competências nos municípios e entidades intermunicipais irá agora
para promulgação do Presidente da República.