B4 em entrevista ao Ensino Magazine
Trazemos uma lufada de ar fresco à cultura lusófona
Os B4 nascem de uma parceria entre dois
dos músicos angolanos de maior sucesso, Big Nelo e C4 Pedro. Com
hits contagiantes e atuações vibrantes, a dupla chegou para
refrescar a cultura lusófona.
Comecemos por um pequeno resumo da vossa carreira na música,
até ao lançamento do álbum de estreia «Los Compadres».
O Big Nelo já tem mais de 20
anos de carreira. Foi fundador de um grupo angolano de rap que se
chamava SSP e depois lançou-se numa carreira a solo, no início da
década de 2000. Já a minha carreira começou em 2010. Decidimos
juntarmo-nos num duo numa fase em que eu estava um pouco na
ribalta. Os fãs iam pedindo uma colaboração entre nós por causa dos
duetos que iamos produzindo e das digressões conjuntas por Angola e
não só. Assim, quando sentimos necessidade de lançar novos
trabalhos, em vez de lançar cada um o seu, achámos que seria
interessante trazer uma lufada de ar fresco ao mercado e cultura
lusófonos. Daí nascem, em 2013, os B4 e o lançamento do disco «Los
Compadres».
Essa
lufada de ar fresco apresenta vários ritmos dentro das tendências
atuais, que rapidamente conquistaram África e a Europa.
Exatamente. Se fosse um álbum
só meu teria coisas mais calmas, dentro do afrojazz ou da world
music, mas o Big Nelo está mais próximo do rap. Para o projeto B4
queríamos lançar um disco acessível e imediato, que fosse só ouvir
e dançar.
O
single «É melhor não duvidar» é um dos grandes sucessos de 2014. O
videoclip foi gravado em Miami com a participação especial da atriz
portuguesa Rita Pereira. Como surgiu essa colaboração?
Primeiro que tudo nós
queríamos encontrar uma forma de tirar férias, porque estávamos com
a agenda muito preenchida desde que lançámos o projeto B4. Como
Miami é a cidade dos meus sonhos mas nunca lá tinha estado,
escolhemos esse local. Dizer à nossa editora que queríamos gravar
um videoclip em Miami, foi a única forma que encontrámos para meter
os pés nessa cidade [risos]. Quanto à Rita Pereira, soube que ela
tinha publicado no Facebook o vídeo da canção «É melhor não
duvidar», acompanhada de um elogio. Era a pessoa ideal para
colaborar connosco e o carinho demonstrado tornou tudo mais
fácil.
Esse
videoclip já ultrapassou os 10 milhoes de visualizações no Youtube.
Estavam à espera de um hit destes?
Se nós esperávamos que o
projeto fosse um sucesso? Sim, mas não tão grande. Não queríamos
permitir que fosse um fracasso, para não afetar as nossas carreiras
a solo, por isso demos tudo para que o projeto funcionasse. Mas,
claro, não existe fórmula certa para o sucesso.
Vão
apostar em mais singles neste disco?
Sim. Queremos lançar dois
singles no início do próximo ano. Ainda estamos a terminar as
tournées deste ano e em janeiro começamos uma nova era.
Os B4
surgem numa altura em que os ritmos africanos têm conquistado muito
público em Portugal. Foi a altura certa para aparecerem?
A música angolana, e a música
africana em geral, têm estado a crescer bastante. Nós fomos
entrando no mercado português com calma, ainda no ano passado, com
concertos e colaborações. Este ano surgiu o grande sucesso de
B4.
Face
ao sucesso do disco e dos espetáculos em Portugal, nesta altura já
podem considerar este país uma segunda casa.
Já consideramos Portugal uma
segunda casa. Já demos dois grandes espetáculos, no Campo Pequeno
que originou um DVD e no Coliseu dos Recreios, e depois espetáculos
por tudo quanto é canto do país. E temos ainda muitas datas
agendadas.
Visualizando o DVD que refere dá para perceber a simbiose
entre a vossa dupla e o público.
Sim, os nossos espetáculos
são 50% responsabilidade dos B4 e 50% do público. Sentimos que é
isso que nos faz quem somos. A maior parte do espetáculo acontece
na plateia e é bonito de se ver.
O
vosso grande sucesso, «É melhor não duvidar», ja sofreu algumas
remisturas. Como encaram essas versões?
A música só pertence ao
músico até ser editada. A partir do momento em que chega ao
público, pertence a todo o mundo. Então, é normal que alguns fãs
que também são músicos peguem na música e façam remisturas. Para
nós, isso é a prova de que as pessoas gostam daquilo que
fazemos.
O
objetivo no próximo ano é dar continuidade aos B4 ou colocar um
ponto final no projeto e regressarem às vossas carreiras a
solo?
Por agora o projeto está a
correr bem e vamos continuar com ele. Há pessoas que são fãs da
dupla, mas não do Big Nelo ou do C4Pedro. O nosso público pede mais
e tentaremos corresponder.
Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho