Entrevista

B4 em entrevista ao Ensino Magazine
Trazemos uma lufada de ar fresco à cultura lusófona

img_0443_1.jpgOs B4 nascem de uma parceria entre dois dos músicos angolanos de maior sucesso, Big Nelo e C4 Pedro. Com hits contagiantes e atuações vibrantes, a dupla chegou para refrescar a cultura lusófona.

Comecemos por um pequeno resumo da vossa carreira na música, até ao lançamento do álbum de estreia «Los Compadres».

O Big Nelo já tem mais de 20 anos de carreira. Foi fundador de um grupo angolano de rap que se chamava SSP e depois lançou-se numa carreira a solo, no início da década de 2000. Já a minha carreira começou em 2010. Decidimos juntarmo-nos num duo numa fase em que eu estava um pouco na ribalta. Os fãs iam pedindo uma colaboração entre nós por causa dos duetos que iamos produzindo e das digressões conjuntas por Angola e não só. Assim, quando sentimos necessidade de lançar novos trabalhos, em vez de lançar cada um o seu, achámos que seria interessante trazer uma lufada de ar fresco ao mercado e cultura lusófonos. Daí nascem, em 2013, os B4 e o lançamento do disco «Los Compadres».

Essa lufada de ar fresco apresenta vários ritmos dentro das tendências atuais, que rapidamente conquistaram África e a Europa.

Exatamente. Se fosse um álbum só meu teria coisas mais calmas, dentro do afrojazz ou da world music, mas o Big Nelo está mais próximo do rap. Para o projeto B4 queríamos lançar um disco acessível e imediato, que fosse só ouvir e dançar.

O single «É melhor não duvidar» é um dos grandes sucessos de 2014. O videoclip foi gravado em Miami com a participação especial da atriz portuguesa Rita Pereira. Como surgiu essa colaboração?

Primeiro que tudo nós queríamos encontrar uma forma de tirar férias, porque estávamos com a agenda muito preenchida desde que lançámos o projeto B4. Como Miami é a cidade dos meus sonhos mas nunca lá tinha estado, escolhemos esse local. Dizer à nossa editora que queríamos gravar um videoclip em Miami, foi a única forma que encontrámos para meter os pés nessa cidade [risos]. Quanto à Rita Pereira, soube que ela tinha publicado no Facebook o vídeo da canção «É melhor não duvidar», acompanhada de um elogio. Era a pessoa ideal para colaborar connosco e o carinho demonstrado tornou tudo mais fácil.

Esse videoclip já ultrapassou os 10 milhoes de visualizações no Youtube. Estavam à espera de um hit destes?

Se nós esperávamos que o projeto fosse um sucesso? Sim, mas não tão grande. Não queríamos permitir que fosse um fracasso, para não afetar as nossas carreiras a solo, por isso demos tudo para que o projeto funcionasse. Mas, claro, não existe fórmula certa para o sucesso.

Vão apostar em mais singles neste disco?

Sim. Queremos lançar dois singles no início do próximo ano. Ainda estamos a terminar as tournées deste ano e em janeiro começamos uma nova era.

Os B4 surgem numa altura em que os ritmos africanos têm conquistado muito público em Portugal. Foi a altura certa para aparecerem?

A música angolana, e a música africana em geral, têm estado a crescer bastante. Nós fomos entrando no mercado português com calma, ainda no ano passado, com concertos e colaborações. Este ano surgiu o grande sucesso de B4.

Face ao sucesso do disco e dos espetáculos em Portugal, nesta altura já podem considerar este país uma segunda casa.

Já consideramos Portugal uma segunda casa. Já demos dois grandes espetáculos, no Campo Pequeno que originou um DVD e no Coliseu dos Recreios, e depois espetáculos por tudo quanto é canto do país. E temos ainda muitas datas agendadas.

Visualizando o DVD que refere dá para perceber a simbiose entre a vossa dupla e o público.

Sim, os nossos espetáculos são 50% responsabilidade dos B4 e 50% do público. Sentimos que é isso que nos faz quem somos. A maior parte do espetáculo acontece na plateia e é bonito de se ver.

O vosso grande sucesso, «É melhor não duvidar», ja sofreu algumas remisturas. Como encaram essas versões?

A música só pertence ao músico até ser editada. A partir do momento em que chega ao público, pertence a todo o mundo. Então, é normal que alguns fãs que também são músicos peguem na música e façam remisturas. Para nós, isso é a prova de que as pessoas gostam daquilo que fazemos.

O objetivo no próximo ano é dar continuidade aos B4 ou colocar um ponto final no projeto e regressarem às vossas carreiras a solo?

Por agora o projeto está a correr bem e vamos continuar com ele. Há pessoas que são fãs da dupla, mas não do Big Nelo ou do C4Pedro. O nosso público pede mais e tentaremos corresponder.



















Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
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