Politécnico da Guarda
Ministro empenhado no geoparque
O Ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor quer
que a Serra da Estrela se transforme num espaço de "investigação e
de conhecimento". O governante falava durante o aniversário do
Politécnico da Guarda, que decorreu no passado dia 6 de
dezembro.
"Este é um processo que vem sendo
feito com o esforço de muitos de vocês e que começou com uma
candidatura à UNESCO. E nós aqui estamos para trabalhar convosco
com grande proximidade no sentido de trazer mais conhecimento e
diversidade às atividades aqui desenvolvidas", disse Manuel Heitor,
referindo-se ao processo apresentado na UNESCO para a criação de um
geoparque na Serra da Estrela, num desafio que foi lançado pelo
Politécnico da Guarda aos municípios que coabitam naquele
território.
Durante a cerimónia o ministro
voltou a reafirmar a ideia de que não há instituições de ensino
superior a mais, mas sim estudantes a menos, pelo que é necessário
o país fazer um esforço para que mais alunos que concluam o
secundário, sobretudo das vias profissionais, possam prosseguir
estudos no ensino superior.
Na cerimónia que permitiu ao
Politécnico da Guarda rubricar vários protocolos de colaboração,
entre os quais com a Câmara de Seia, Estabelecimento Prisional da
Guarda e com o Banco Santander Totta, Constantino Rei, presidente
da instituição destacou também o empenho da tutela para a criação
do geoparque na Serra da Estrela, num desafio lançado há cerca de
dois meses. "Daí até chegarmos ao debate e a um projeto bem mais
vasto e ambicioso da Estrela - Uma Montanha de Conhecimento foi um
inesperado e rápido passo. A sua inserção no PNCT, em concreto na
medida N.º 3.26, denominada - Rede de investigação em ecossistemas
de montanha, é a prova que há vontade e crença nas nossas
capacidades", disse.
Na sua intervenção, Constantino
Rei, lembrou ainda os seis projetos com que o Politécnico da Guarda
concorreu ao programa de Investigação. "Foi difícil escolher 6 e
deixar de fora mais de uma vintena de outras propostas. Projetos
que representam cerca de 900 mil euros, que envolvem mais de 30
docentes e investigadores deste Instituto, e parcerias com mais de
3 dezenas de empresas e instituições, para além do envolvimento de
alunos. A estes há ainda a acrescentar a presença de docentes do
IPG em mais 9 projetos liderados por outros IP´s, como o IPB, IPV,
IPCB, UA e o IPT".
Já no que respeita às vagas
colocadas no concurso nacional de acesso (CNA), Constantino Rei foi
crítico. "O CNA deste ano, e em particular a aprovação de vagas e
novos cursos revelou sinais preocupantes de algum afrouxamento no
controle das vagas e da oferta formativa. Já não reivindico, porque
sei que tal não é viável no curto prazo, a redução de vagas no
litoral e grandes centros urbanos de forma a potenciar uma maior
taxa de ocupação das vagas nas Instituições de Ensino Superior do
interior", referiu, para depois acrescentar: "foi com extrema
preocupação que constatámos a abertura, no presente ano letivo, de
mais um curso na área da restauração, (Gastronomia) na Escola
Superior de Educação do IP de Coimbra. Os números são ilustrativos
e dispensam grandes comentários: havia 2 cursos (Restauração e
Catering) na zona centro: no IP Leiria e na ESTH do IPG.
Historicamente, a procura tem vindo a diminuir, sendo que a oferta
já era maior que a procura, como revela a análise de colocações nos
últimos anos. O resultado da abertura do curso em Coimbra é
revelador: na 1ª fase do CNA, Coimbra ocupou todas as vagas (20),
no IPL foram ocupadas 14 das 25 vagas e no IPG foram ocupadas
apenas 5 das mesmas 25 vagas. Se o critério for o de dar resposta à
procura em cada região, então podemos preparar-nos para um futuro
bem mais sombrio. Os nºs revelam que a capacidade instalada na
região era suficiente, e que esta decisão apenas provocou um
ineficiente uso dos recursos disponíveis, ao deixar recursos
ociosos num lado, para investir, ou seja gastar mais, noutros
locais".
O presidente do IPG foi também
crítico ao programa + superior. "Não parece que ele esteja a
contribuir para este objetivo, urgindo pois repensá-lo. De facto, o
programa tal como está formatado, representa um prémio, dado à
posteriori, para os alunos beneficiários e não propriamente um
incentivo para a mobilidade".
Constantino Rei destacou também o
protocolo com a Câmara de Seia, que permitirá a abertura de uma
residência de estudantes, com o apoio da autarquia. "Só juntos e em
conjunto podemos ultrapassar as dificuldades. Posso assegurar que,
para o IPG, e face a este apoio, não está em causa nenhum acréscimo
significativo da despesa pública: apenas necessitaremos de efetuar
pequenas intervenções de manutenção e algum equipamento,
nomeadamente para a cozinha e sala de estudo/convívio", justificou
o presidente do IPG solicitando ao Ministro para que o processo não
se arraste e possa ser uma realidade.