Inês de Medeiros, deputada
«Os partidos precisam de se reformar»
Inês de Medeiros abandonou os palcos do cinema e do
teatro para abraçar essa arte do possível que é a política. A
deputada considera que os partidos têm de mudar e, em simultâneo,
os cidadãos têm que ser mais responsabilizados. Medeiros faz um
apelo à mobilização das pessoas para que esbocem um projecto para a
sociedade, afirma que a Cultura está subjugada aos ministérios das
Finanças e Economia e assiste apreensiva ao processo de
privatização da RTP. Sem «soluções mágicas» para combater o
desemprego jovem, Medeiros defende que se mantenha a aposta na
qualificação, alterando-se a imagem económica e laboral dos
portugueses.
O
público conhecia-a, até há bem pouco tempo, pela sua faceta de
actriz e realizadora. Em 2009 decide arriscar uma carreira
política. Como se está a dar no "palco" parlamentar?
Trata-se de um "palco" no melhor
sentido da palavra, em que estamos a representar os cidadãos, as
vontades, as ideias e os projectos. Estar na Assembleia da
República exige uma aprendizagem contínua, nem que seja apenas para
conhecer as numerosas regras de funcionamento daquela casa, em
termos regimentais, todas elas com uma simbologia associada. O
regimento do Parlamento é, em certa medida, o regimento da própria
democracia. Os deputados têm como funções legislar e fiscalizar a
acção do governo, para além de serem os porta-vozes de todos os
eleitores. A Assembleia da República, como espaço nobre, deveria
ser o local onde o país se projecta no futuro.
E
isso não acontece?
Lamento que, por vezes, estejamos
condicionados à actualidade, principalmente quando ela é tão dura
como hoje em dia.
A
maior parte dos deputados vêm das juventudes partidárias, o que não
é o seu caso. Considera-se ainda uma "outsider"?
Apesar de ter sido eleita nas
listas do PS, fui e continuo a ter o estatuto de deputada
independente. E não me considero propriamente uma "outsider", visto
que sempre acompanhei, mais ou menos distanciada, a actividade
político-partidária. Esta experiência política permitiu-me perceber
melhor o lado positivo dos partidos. Há uma tendência para apontar
apenas os pontos negativos. Os partidos são a entidade que consegue
aglomerar as múltiplas vontades individuais e construir um percurso
colectivo. A crítica feroz que hoje em dia se faz às entidades
representativas é, no fundo, um ataque às bases do que pode ser um
discurso colectivo, sejam essas entidades partidos, sindicatos,
etc.
Vê
com preocupação o crescente diluir da mobilização social em
movimentos associativos ou cívicos?
Bastante. Especialmente no que se
refere aos mais jovens. Estamos a falar de entidades que são
capazes de gerar e produzir ideias com base numa vontade colectiva.
São entidades que peneiram vontades individuais para conseguir
tirar o sumo da expressão colectiva. Penso que é necessário operar
um conjunto de transformações urgentes para que estas entidades
consigam mobilizar e integrar os cidadãos, para além da necessidade
imperiosa de os próprios partidos terem de se reformar.
Considero uma tese perigosa a que é
veiculada que a democracia directa é favorecida pela massificação
dos meios tecnológicos, os blogues e as redes sociais, na medida em
que se pretende construir um projecto de sociedade.
Que
opinião tem sobre as expressões de descontentamento concretas como
o movimento dos «indignados»?
O movimento dos «indignados» é legítimo e um
inequívoco sinal do mal estar crescente nas sociedades, plasmado na
manifestação directa, espontânea e individual de cada um de nós,
mas corre o risco de em plena discussão se tornar uma anarquia sem
projecto orientador. A outra face da moeda deste movimento pode ser
o apelar a um autoritarismo excessivo que porá em causa o princípio
da democracia representativa. O problema destes movimentos é a
falta de coerência da mensagem, porventura por englobar pessoas que
oscilam entre a extrema-direita e a extrema-esquerda, radicalizando
as posições.
O
descrédito dos políticos aos olhos da sociedade explica-se pelo não
cumprimento de muitas das promessas constantes nos programas
eleitorais?
Não é possível cumprir na
totalidade os programas eleitorais. Uma coisa é o discurso no
fervor da campanha eleitoral: rápido, mediático, que cabe num
slogan ou uma frase com impacto, faz com que a reflexão se torne
também ela mais residual. É preciso, contudo, ter cuidado nos
discursos peremptórios. Mais perigoso ainda acho a preparação da
opinião pública para um discurso anti-intervenção estatal,
anti-investimento e anti-funcionários públicos. Acontece que se
somos a favor da escola pública é preciso ter professores
contratados, se formos a favor do Serviço Nacional de Saúde temos
de ter médicos contratados.
Não
identifica traços de um certo artificialismo no discurso político
vigente?
Repito a ideia: as estruturas e a
forma de funcionamento dos partidos, e não só em Portugal, têm que
evoluir. Não tenho dúvidas. Mas essa evolução tem de ser
acompanhada por uma maior responsabilização dos cidadãos. O dedo
não pode ser sempre apontado aos partidos, quando os cidadãos,
conscientes dos seus direitos e deveres, permanecem no seu canto,
passivos e nada fazem para alterar o rumo dos acontecimentos. Para
encontrar uma solução aplicável colectivamente não basta escrever a
opinião num blog ou no Facebook. É preciso um empenho firme e
determinado, em acções concretas. E também necessário pôr cobro a
uma campanha ati-actividade política que se faz
sistematicamente.
Está a queixar-se de perseguição por parte da classe
política?
Não é isso que eu estou a dizer. A
imagem que passa dos políticos, sobretudo para as camadas mais
novas, tem consequências graves. É a imagem do país que está em
causa. A política é algo de quotidiano nas nossas vidas. Tudo o que
fazemos é política. Está a ganhar terreno uma visão do tipo
salazarista em que os políticos são um universo à parte e nada
fazem em prol dos interesses colectivos. Não é verdade. É preciso
combater esta ideia. Queremos melhores políticos e partidos?
Empenhem-se para mudar isso ou então inscrevam-se nos partidos,
fundem movimentos, protagonizem propostas para mudar a sociedade!
Apelo à sociedade civil para se mobilizar e definir que tipo de
sociedade quer, nomeadamente ao nível dos valores.
Organizem-se!
O
fim de muitos direitos adquiridos vai acelerar à mobilização social
à força?
São direitos que as pessoas tinham
e deixaram de ter, mas sobretudo o que me deixa apreensiva é não
existir nenhum outro projecto de futuro. Atravessamos um momento
histórico e trágico, de uma inversão total, em que temos a certeza
que os nossos filhos vão viver pior do que nós. E isto tem
repercussões sociais terríveis. É preciso deixar de falar de
reformas sem estimar o seu alcance e sentido.
Falando do panorama cultural, o Primeiro-Ministro disse na
reabertura dos trabalhos parlamentares que «a Cultura está acima
dos orçamentos». Consegue descodificar esta afirmação?
Essa frase foi uma espécie de
malabarismo estranho protagonizado por Passos Coelho, cujo sentido
eu não alcanço. A cultura, para além de ser um desenvolvimento
pessoal e uma qualificação geral, é basicamente um desafio
económico. A maior parte dos países já percebeu, mas Portugal ainda
desconhece a capacidade inovadora e de gerar riqueza do sector
cultural. Estou a falar da economia cultural que apresenta uma
relação rara entre custo de investimento e benefício, que deve ser
aproveitada em momentos de crise. Não é por acaso que a Irlanda,
apesar do recurso ao resgate, criou um Ministério da Cultura e
preservou as verbas que tem. A própria União Europeia aumentou em
37 por cento a sua verba canalizada para actividades ligadas à
Cultura e Educação, a que não será alheio o facto de representar
quase 13 por cento do PIB do «velho continente». A identidade
europeia tem de passar necessariamente pela Cultura.
Foi
uma despromoção o Ministério da Cultura ter dado lugar a uma
secretaria de Estado?
As matérias culturais pura e
simplesmente desapareceram. Em Portugal, temos uma tendência para
reduzir a Cultura a uma discussão em torno da política de gosto e
do dirigismo criativo. Não faz sentido. Dou-lhe um exemplo: os
americanos trabalham a pensar no público e a fórmula e condição
absoluta para o êxito é investindo de forma real. Não nos podemos
comparar aos americanos, mas aqui bem perto de nós, há muitos
países europeus a seguir esse rumo.
Falta visão estratégica e global para o
sector?
Está quase tudo por fazer. Para
começar deve ser definido do que é que falamos quando abordamos a
Cultura? Criadores, pintores, escritores, dramaturgos,
compositores, intérpretes, músicos, editores, pessoas ligadas à
promoção, à difusão do evento, etc? No fundo, são todos derivados
da criação. As indústrias culturais e criativas deram acesso à
democratização e comercialização da criatividade, com o design, a
moda e o cinema. Por cá estamos a esquecer e desprezar a interacção
entre os serviços sociais e culturais. A Cultura é o elo que liga
toda a sociedade e é esquecida porque se prefere ocupar o espaço
acusando os criadores de autismo social, enquanto nada se pergunta
sobre qual o motivo pelo qual as entidades privadas não apostam
neste sector.
Quer dizer que estamos perante uma perspectiva globalmente
desinteressada de um sector que é menosprezado?
É a redução da visão à mera criação
e à qualificação se o escritor ou o pintor é bom ou mau. É uma
concepção de um primarismo absoluto. O relatório "Augusto Mateus"
conclui que as actividades ligadas ao sector cultural são mais
importantes em termos de emprego do que, por exemplo, o sector
têxtil. É um pólo importantíssimo da nossa economia que não pode
ser descurado. Dou-lhe um exemplo: Todos adoram os efeitos
especiais que o Steven Spielberg aplica nos seus filmes, mas
ninguém se lembra que precisou de recorrer aos investigadores e às
universidades. Isto é a verdadeira democratização do saber. Sabia
que em 2009 as autarquias nacionais tinham investido mais do que a
própria tutela em actividades culturais. E porquê? Porque o poder
local percebeu que a dinâmica cultural é essencial para fomentar o
amor próprio das populações, para a revalorização das suas cidades,
para a criação de riqueza, gerar emprego, atrair turistas,
etc.
Também aqui a sociedade civil podia e devia fazer mais, em
vez de cultivar um imobilismo?
No caso concreto da Cultura
reconheço que há um défice de decisões políticas e um vazio em
termos de decisões de futuro que não têm dado seguimento aos
contributos da sociedade civil.
Acha que a Cultura está refém e subjugada ao Ministério das
Finanças?
Às Finanças e à Economia. Hoje em
dia cada vez mais, mas também o que é que não está? Mas mais do que
a falta de dinheiro eu aponto o dedo à contradição do discurso. O
discurso de campanha do governo foi particularmente infeliz ao
dizer que é preciso libertar as artes da tutela do Estado.
Francamente não sei o que isso quer dizer. Desinvestimento do
Estado? Há alternativas no privado? São perguntas por responder e
soluções por dar. A Cultura é um sector em progressão, com as
pessoas a aderirem às salas, com mais frequência, seja para ir ao
teatro, cinema ou a um musical. É uma dor de alma ver todo o
esforço dos profissionais que produzem e protagonizam espectáculos
de diversa natureza ir por água abaixo. Nunca tivemos uma oferta
cultural tão diversa como a que existe actualmente. É esta
conquista que está em risco.
Ficou surpreendida que o sector livreiro tenha escapado ao
aumento do IVA?
Limito-me a constatar que o
secretário de Estado da Cultura é um profissional do livro, para
além de escritor é editor. Não estou contra que o sector livreiro
se mantenha na taxa mínima, só lamento é que as outras áreas não
tenham beneficiado da boa argumentação que Francisco José Viegas
usou para defender o livro.
Sobre a intenção do governo de privatizar a RTP tem sido
uma das vozes do seu partido na defesa de argumentos contrários.
Pensa que se trata de uma decisão precipitada?
Não se percebe porquê e para quê o
governo quer alienar um canal da RTP. Não é uma operação geradora
de uma economia significativa e também tenho as minhas dúvidas em
termos de eficiência editorial e do cumprimento do serviço público.
Fez-se uma amálgama monetária entre o passivo da estação e os seus
custos de funcionamento para justificar uma operação sem sentido. A
RTP é um exemplo de cumprimento escrupuloso de contenção de gastos,
processo que foi iniciado com o plano de sustentabilidade no tempo
do ministro Morais Sarmento.
O
serviço público de televisão pode ficar seriamente amputado com a
privatização de um canal?
O serviço público de televisão é
promotor de diversidade, pluralidade, coesão nacional,
representativo de minorias de todos os géneros. Ao reduzir-se a
única plataforma disponível, torna-se ainda mais difícil cumprir
esses objetivos. Há o sério risco de ter uma programação desgarrada
e pouco coerente, transformando o canal público que sobreviver em
algo residual e pouco atractivo.
Acentuar-se-á a tendência para o "êxodo" dos
telespectadores para as alternativas do cabo?
Na Europa, o cenário que temos é
que a multiplicidade de oferta leva a que o serviço público crie
programações igualmente diversificadas, aumentando o leque da sua
oferta de novos canais. Isto porque a televisão generalista está
cada vez mais em risco porque, para além de se consumir muita
televisão através da internet, os públicos são cada vez mais
exigentes e segmentados. O que se faz em Portugal? O oposto,
pensa-se reduzir os canais. Só espero que a alienação não chegue
também ao património da RTP. Nesse caso, a nossa soberania nacional
e o nosso passado estariam seriamente ameaçados.
Está a referir-se, nomeadamente, ao arquivo da
RTP?
As Finanças compraram apenas
parcialmente o arquivo da RTP. Portanto, o restante pode estar em
risco: os estúdios, o material tecnológico, etc. Isto é uma
estratégia para alterar relações laborais e despojar a empresa de
tudo o que representa a sua riqueza. Já se percebeu que não existem
entidades privadas no nosso país interessadas na RTP, por isso só
podemos estar a falar de uma entidade estrangeira, o que adensa o
temor. A China, Angola? Quem? Todo o serviço público é a nossa
memória colectiva e a expressão de um país. Eu lembro-me da comoção
dos portugueses quando se celebraram os 50 anos da RTP. Esta é, sem
dúvida, uma das marcas mais reconhecidas de Portugal que tem uma
missão a cumprir. É isto que explica que sejamos tão exigentes e
por vezes impiedosos com a programação da RTP.
Têm
surgido notícias de alunos que desistem das faculdades devido a
motivos financeiros, a par com a elevada massa de licenciados que
não obtem colocação no mercado laboral. Teme que a desmotivação
possa apoderar-se dos jovens actualmente em processo de
formação?
Após a revolução de Abril Portugal
começa com um passivo terrível em termos de atrasos na educação.
Registou-se um esforço extraordinário de recuperação nestes últimos
35 anos. O desemprego jovem com que nos confrontamos na actualidade
remete para velhos fantasmas assente na frase feita: «tirar um
curso para quê, se vou para o desemprego?». Não se pode veicular a
mensagem que a formação não compensa. Os tempos são difíceis e o
emprego jovem é medonho, mas a formação das pessoas é sempre
positiva. Em que circunstância for. Aliás, temos visto que quem tem
um curso superior liberta-se mais depressa do desemprego do que
quem não tem qualificações nenhumas. Adorava ter ideias para
combater desemprego jovem, infelizmente não há soluções
mágicas.
A
melhor ligação entre faculdades e o mercado laboral atenuaria o
flagelo?
Acho positivo, mas tenho grandes
dúvidas sobre a utilidade de fazer uma avaliação dos cursos
necessários. É muito subjectivo. Considero que se deve adaptar de
forma rigorosa a oferta à procura, mas há saberes fundamentais,
independentemente do número de alunos que os procuram ou das saídas
profissionais mais ou menos exíguas.
O que se assiste é que as pessoas
procuram, após a formação inicial, adaptarem-se a novas
solicitações, procurando uma formação permanente ao longo dos anos.
Creio, por exemplo, ao nível dos gestores que um dos factores
actuais de diferenciação pode ser a maior aptidão dos candidatos
nos domínios da filosofia, ciências sociais, apoiada numa cultura
geral enraizada, domínio de línguas, capacidade de inserção a novos
meios. Tudo isto são mais-valias que têm de ser permanentemente
afinadas e melhoradas. Os conhecimentos combinados proporcionam uma
versatilidade que é hoje bastante valorizada, até porque creio que
a fase de ultra-tecnicidade e das formações específicas está
relativamente ultrapassada, apostando-se na interacção entre as
diversas áreas.
O
"convite" à emigração feito por alguns políticos é para levar a
sério?
Estamos em pleno regresso dos
velhos fantasmas. Portugal posicionou-se durante tempo demais no
mercado europeu com a mensagem: «nós somos a mão-de- obra pouco
qualificada, mas muito barata». Acontece que há sempre mais pobres
e mais baratos do que nós. Foi isso que provou a globalização. Como
não estamos no mesmo "campeonato" de outros países, sou das que
acha que um dia a Europa vai ter de assumir um protecionismo no seu
espaço continental. Para além do acto comercial seria um atitude de
defesa de valores do bem-estar e respeito pelos direitos
fundamentais dos indivíduos.
Quanto a Portugal e aos portugueses
temos de continuar a apostar na qualificação, mudando a nossa
imagem económica e laboral, enaltecendo os progressos na
investigação e tecnologias de ponta, por exemplo. O caminho é
investir em áreas sem paralelo concorrenciável em outras economias,
como acontece com os alemães que têm uma indústria exclusivamente
dirigida para produtos de luxo.
A
globalização do pastel de nata, sugerida pelo ministro da Economia,
tem pernas para andar?
Afinal a ideia do ministro não se
revelou original, porque já existe. O que é fundamental é ter um
projecto e abandonar as mensagens do género do convite à juventude
a emigrar. Talvez por ter vivido em França, país onde há uma forte
e respeitada comunidade portuguesa, acho que não podemos continuar
a dar uma imagem distorcida dos nossos compatriotas. E o regresso
aos paradigmas do antigamente é um sinal muito preocupante. Estou,
contudo, esperançada que as pessoas vão reagir. Especialmente os
mais jovens vão concluir que precisam de se envolver mais na
construção do seu futuro. Eles não se identificam com a ideia de
serem menos qualificados. As novas tecnologias permitiram a enorme
conquista de colocarem os nossos jovens a par dos seus congéneres
europeus.
Nasceu no coração da Europa, em Viena, e residiu muito
tempo em Paris. Como explica que a solidez económica do projecto
europeu esteja a ser posta em causa?
Sou uma europeísta convicta. Creio
que uma federação europeia não iria prejudicar a nossa cultura,
língua e passado nacionais. O que existe actualmente é um défice
democrático dentro da própria Europa. E também um défice de
interesse. As opiniões públicas não estão cientes de que a maior
parte dos problemas que se discutem em Bruxelas são partilhados.
Nós como europeus temos um modelo de sociedade em comum. Só que
existem demasiados centros de decisão, lideres pouco carismáticos,
decisões contraditórias e concorrenciais, nomeadamente ao nível da
fiscalidade, etc. As populações sentem-se pouca identificadas e não
se revêem no actual sistema. É preocupante. Estou em crer que as
próximas eleições presidenciais em França, na Primavera, e as
legislativas, na Alemanha, em 2013, serão decisivas para o futuro
da Europa.
Nuno Dias da Silva
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