Entrevista

Inês de Medeiros, deputada
«Os partidos precisam de se reformar»

InesMedeirosAgosto2001LuizCarvalho.jpgInês de Medeiros abandonou os palcos do cinema e do teatro para abraçar essa arte do possível que é a política. A deputada considera que os partidos têm de mudar e, em simultâneo, os cidadãos têm que ser mais responsabilizados. Medeiros faz um apelo à mobilização das pessoas para que esbocem um projecto para a sociedade, afirma que a Cultura está subjugada aos ministérios das Finanças e Economia e assiste apreensiva ao processo de privatização da RTP. Sem «soluções mágicas» para combater o desemprego jovem, Medeiros defende que se mantenha a aposta na qualificação, alterando-se a imagem económica e laboral dos portugueses. 

O público conhecia-a, até há bem pouco tempo, pela sua faceta de actriz e realizadora. Em 2009 decide arriscar uma carreira política. Como se está a dar no "palco" parlamentar?

Trata-se de um "palco" no melhor sentido da palavra, em que estamos a representar os cidadãos, as vontades, as ideias e os projectos. Estar na Assembleia da República exige uma aprendizagem contínua, nem que seja apenas para conhecer as numerosas regras de funcionamento daquela casa, em termos regimentais, todas elas com uma simbologia associada. O regimento do Parlamento é, em certa medida, o regimento da própria democracia. Os deputados têm como funções legislar e fiscalizar a acção do governo, para além de serem os porta-vozes de todos os eleitores. A Assembleia da República, como espaço nobre, deveria ser o local onde o país se projecta no futuro. 

E isso não acontece?

Lamento que, por vezes, estejamos condicionados à actualidade, principalmente quando ela é tão dura como hoje em dia. 

A maior parte dos deputados vêm das juventudes partidárias, o que não é o seu caso. Considera-se ainda uma "outsider"?

Apesar de ter sido eleita nas listas do PS, fui e continuo a ter o estatuto de deputada independente. E não me considero propriamente uma "outsider", visto que sempre acompanhei, mais ou menos distanciada, a actividade político-partidária. Esta experiência política permitiu-me perceber melhor o lado positivo dos partidos. Há uma tendência para apontar apenas os pontos negativos. Os partidos são a entidade que consegue aglomerar as múltiplas vontades individuais e construir um percurso colectivo. A crítica feroz que hoje em dia se faz às entidades representativas é, no fundo, um ataque às bases do que pode ser um discurso colectivo, sejam essas entidades partidos, sindicatos, etc. 

Vê com preocupação o crescente diluir da mobilização social em movimentos associativos ou cívicos?

Bastante. Especialmente no que se refere aos mais jovens. Estamos a falar de entidades que são capazes de gerar e produzir ideias com base numa vontade colectiva. São entidades que peneiram vontades individuais para conseguir tirar o sumo da expressão colectiva. Penso que é necessário operar um conjunto de transformações urgentes para que estas entidades consigam mobilizar e integrar os cidadãos, para além da necessidade imperiosa de os próprios partidos terem de se reformar.

Considero uma tese perigosa a que é veiculada que a democracia directa é favorecida pela massificação dos meios tecnológicos, os blogues e as redes sociais, na medida em que se pretende construir um projecto de sociedade. 

Que opinião tem sobre as expressões de descontentamento concretas como o movimento dos «indignados»?

InesMedeirosJunho2010AlbertoFrias.jpgO movimento dos «indignados» é legítimo e um inequívoco sinal do mal estar crescente nas sociedades, plasmado na manifestação directa, espontânea e individual de cada um de nós, mas corre o risco de em plena discussão se tornar uma anarquia sem projecto orientador. A outra face da moeda deste movimento pode ser o apelar a um autoritarismo excessivo que porá em causa o princípio da democracia representativa. O problema destes movimentos é a falta de coerência da mensagem, porventura por englobar pessoas que oscilam entre a extrema-direita e a extrema-esquerda, radicalizando as posições. 

O descrédito dos políticos aos olhos da sociedade explica-se pelo não cumprimento de muitas das promessas constantes nos programas eleitorais?

Não é possível cumprir na totalidade os programas eleitorais. Uma coisa é o discurso no fervor da campanha eleitoral: rápido, mediático, que cabe num slogan ou uma frase com impacto, faz com que a reflexão se torne também ela mais residual. É preciso, contudo, ter cuidado nos discursos peremptórios. Mais perigoso ainda acho a preparação da opinião pública para um discurso anti-intervenção estatal, anti-investimento e anti-funcionários públicos. Acontece que se somos a favor da escola pública é preciso ter professores contratados, se formos a favor do Serviço Nacional de Saúde temos de ter médicos contratados. 

Não identifica traços de um certo artificialismo no discurso político vigente?

Repito a ideia: as estruturas e a forma de funcionamento dos partidos, e não só em Portugal, têm que evoluir. Não tenho dúvidas. Mas essa evolução tem de ser acompanhada por uma maior responsabilização dos cidadãos. O dedo não pode ser sempre apontado aos partidos, quando os cidadãos, conscientes dos seus direitos e deveres, permanecem no seu canto, passivos e nada fazem para alterar o rumo dos acontecimentos. Para encontrar uma solução aplicável colectivamente não basta escrever a opinião num blog ou no Facebook. É preciso um empenho firme e determinado, em acções concretas. E também necessário pôr cobro a uma campanha ati-actividade política que se faz sistematicamente. 

Está a queixar-se de perseguição por parte da classe política?

Não é isso que eu estou a dizer. A imagem que passa dos políticos, sobretudo para as camadas mais novas, tem consequências graves. É a imagem do país que está em causa. A política é algo de quotidiano nas nossas vidas. Tudo o que fazemos é política. Está a ganhar terreno uma visão do tipo salazarista em que os políticos são um universo à parte e nada fazem em prol dos interesses colectivos. Não é verdade. É preciso combater esta ideia. Queremos melhores políticos e partidos? Empenhem-se para mudar isso ou então inscrevam-se nos partidos, fundem movimentos, protagonizem propostas para mudar a sociedade! Apelo à sociedade civil para se mobilizar e definir que tipo de sociedade quer, nomeadamente ao nível dos valores. Organizem-se! 

O fim de muitos direitos adquiridos vai acelerar à mobilização social à força?

São direitos que as pessoas tinham e deixaram de ter, mas sobretudo o que me deixa apreensiva é não existir nenhum outro projecto de futuro. Atravessamos um momento histórico e trágico, de uma inversão total, em que temos a certeza que os nossos filhos vão viver pior do que nós. E isto tem repercussões sociais terríveis. É preciso deixar de falar de reformas sem estimar o seu alcance e sentido. 

Falando do panorama cultural, o Primeiro-Ministro disse na reabertura dos trabalhos parlamentares que «a Cultura está acima dos orçamentos». Consegue descodificar esta afirmação?

Essa frase foi uma espécie de malabarismo estranho protagonizado por Passos Coelho, cujo sentido eu não alcanço. A cultura, para além de ser um desenvolvimento pessoal e uma qualificação geral, é basicamente um desafio económico. A maior parte dos países já percebeu, mas Portugal ainda desconhece a capacidade inovadora e de gerar riqueza do sector cultural. Estou a falar da economia cultural que apresenta uma relação rara entre custo de investimento e benefício, que deve ser aproveitada em momentos de crise. Não é por acaso que a Irlanda, apesar do recurso ao resgate, criou um Ministério da Cultura e preservou as verbas que tem. A própria União Europeia aumentou em 37 por cento a sua verba canalizada para actividades ligadas à Cultura e Educação, a que não será alheio o facto de representar quase 13 por cento do PIB do «velho continente». A identidade europeia tem de passar necessariamente pela Cultura. 

Foi uma despromoção o Ministério da Cultura ter dado lugar a uma secretaria de Estado?

As matérias culturais pura e simplesmente desapareceram. Em Portugal, temos uma tendência para reduzir a Cultura a uma discussão em torno da política de gosto e do dirigismo criativo. Não faz sentido. Dou-lhe um exemplo: os americanos trabalham a pensar no público e a fórmula e condição absoluta para o êxito é investindo de forma real. Não nos podemos comparar aos americanos, mas aqui bem perto de nós, há muitos países europeus a seguir esse rumo. 

Falta visão estratégica e global para o sector?

Está quase tudo por fazer. Para começar deve ser definido do que é que falamos quando abordamos a Cultura? Criadores, pintores, escritores, dramaturgos, compositores, intérpretes, músicos, editores, pessoas ligadas à promoção, à difusão do evento, etc? No fundo, são todos derivados da criação. As indústrias culturais e criativas deram acesso à democratização e comercialização da criatividade, com o design, a moda e o cinema. Por cá estamos a esquecer e desprezar a interacção entre os serviços sociais e culturais. A Cultura é o elo que liga toda a sociedade e é esquecida porque se prefere ocupar o espaço acusando os criadores de autismo social, enquanto nada se pergunta sobre qual o motivo pelo qual as entidades privadas não apostam neste sector. 

Quer dizer que estamos perante uma perspectiva globalmente desinteressada de um sector que é menosprezado?

É a redução da visão à mera criação e à qualificação se o escritor ou o pintor é bom ou mau. É uma concepção de um primarismo absoluto. O relatório "Augusto Mateus" conclui que as actividades ligadas ao sector cultural são mais importantes em termos de emprego do que, por exemplo, o sector têxtil. É um pólo importantíssimo da nossa economia que não pode ser descurado. Dou-lhe um exemplo: Todos adoram os efeitos especiais que o Steven Spielberg aplica nos seus filmes, mas ninguém se lembra que precisou de recorrer aos investigadores e às universidades. Isto é a verdadeira democratização do saber. Sabia que em 2009 as autarquias nacionais tinham investido mais do que a própria tutela em actividades culturais. E porquê? Porque o poder local percebeu que a dinâmica cultural é essencial para fomentar o amor próprio das populações, para a revalorização das suas cidades, para a criação de riqueza, gerar emprego, atrair turistas, etc. 

Também aqui a sociedade civil podia e devia fazer mais, em vez de cultivar um imobilismo?

No caso concreto da Cultura reconheço que há um défice de decisões políticas e um vazio em termos de decisões de futuro que não têm dado seguimento aos contributos da sociedade civil. 

Acha que a Cultura está refém e subjugada ao Ministério das Finanças?

Às Finanças e à Economia. Hoje em dia cada vez mais, mas também o que é que não está? Mas mais do que a falta de dinheiro eu aponto o dedo à contradição do discurso. O discurso de campanha do governo foi particularmente infeliz ao dizer que é preciso libertar as artes da tutela do Estado. Francamente não sei o que isso quer dizer. Desinvestimento do Estado? Há alternativas no privado? São perguntas por responder e soluções por dar. A Cultura é um sector em progressão, com as pessoas a aderirem às salas, com mais frequência, seja para ir ao teatro, cinema ou a um musical. É uma dor de alma ver todo o esforço dos profissionais que produzem e protagonizam espectáculos de diversa natureza ir por água abaixo. Nunca tivemos uma oferta cultural tão diversa como a que existe actualmente. É esta conquista que está em risco. 

Ficou surpreendida que o sector livreiro tenha escapado ao aumento do IVA?

Limito-me a constatar que o secretário de Estado da Cultura é um profissional do livro, para além de escritor é editor. Não estou contra que o sector livreiro se mantenha na taxa mínima, só lamento é que as outras áreas não tenham beneficiado da boa argumentação que Francisco José Viegas usou para defender o livro. 

Sobre a intenção do governo de privatizar a RTP tem sido uma das vozes do seu partido na defesa de argumentos contrários. Pensa que se trata de uma decisão precipitada?

Não se percebe porquê e para quê o governo quer alienar um canal da RTP. Não é uma operação geradora de uma economia significativa e também tenho as minhas dúvidas em termos de eficiência editorial e do cumprimento do serviço público. Fez-se uma amálgama monetária entre o passivo da estação e os seus custos de funcionamento para justificar uma operação sem sentido. A RTP é um exemplo de cumprimento escrupuloso de contenção de gastos, processo que foi iniciado com o plano de sustentabilidade no tempo do ministro Morais Sarmento. 

O serviço público de televisão pode ficar seriamente amputado com a privatização de um canal?

O serviço público de televisão é promotor de diversidade, pluralidade, coesão nacional, representativo de minorias de todos os géneros. Ao reduzir-se a única plataforma disponível, torna-se ainda mais difícil cumprir esses objetivos. Há o sério risco de ter uma programação desgarrada e pouco coerente, transformando o canal público que sobreviver em algo residual e pouco atractivo. 

Acentuar-se-á a tendência para o "êxodo" dos telespectadores para as alternativas do cabo?

Na Europa, o cenário que temos é que a multiplicidade de oferta leva a que o serviço público crie programações igualmente diversificadas, aumentando o leque da sua oferta de novos canais. Isto porque a televisão generalista está cada vez mais em risco porque, para além de se consumir muita televisão através da internet, os públicos são cada vez mais exigentes e segmentados. O que se faz em Portugal? O oposto, pensa-se reduzir os canais. Só espero que a alienação não chegue também ao património da RTP. Nesse caso, a nossa soberania nacional e o nosso passado estariam seriamente ameaçados. 

Está a referir-se, nomeadamente, ao arquivo da RTP?

As Finanças compraram apenas parcialmente o arquivo da RTP. Portanto, o restante pode estar em risco: os estúdios, o material tecnológico, etc. Isto é uma estratégia para alterar relações laborais e despojar a empresa de tudo o que representa a sua riqueza. Já se percebeu que não existem entidades privadas no nosso país interessadas na RTP, por isso só podemos estar a falar de uma entidade estrangeira, o que adensa o temor. A China, Angola? Quem? Todo o serviço público é a nossa memória colectiva e a expressão de um país. Eu lembro-me da comoção dos portugueses quando se celebraram os 50 anos da RTP. Esta é, sem dúvida, uma das marcas mais reconhecidas de Portugal que tem uma missão a cumprir. É isto que explica que sejamos tão exigentes e por vezes impiedosos com a programação da RTP. 

Têm surgido notícias de alunos que desistem das faculdades devido a motivos financeiros, a par com a elevada massa de licenciados que não obtem colocação no mercado laboral. Teme que a desmotivação possa apoderar-se dos jovens actualmente em processo de formação?

Após a revolução de Abril Portugal começa com um passivo terrível em termos de atrasos na educação. Registou-se um esforço extraordinário de recuperação nestes últimos 35 anos. O desemprego jovem com que nos confrontamos na actualidade remete para velhos fantasmas assente na frase feita: «tirar um curso para quê, se vou para o desemprego?». Não se pode veicular a mensagem que a formação não compensa. Os tempos são difíceis e o emprego jovem é medonho, mas a formação das pessoas é sempre positiva. Em que circunstância for. Aliás, temos visto que quem tem um curso superior liberta-se mais depressa do desemprego do que quem não tem qualificações nenhumas. Adorava ter ideias para combater desemprego jovem, infelizmente não há soluções mágicas. 

A melhor ligação entre faculdades e o mercado laboral atenuaria o flagelo?

Acho positivo, mas tenho grandes dúvidas sobre a utilidade de fazer uma avaliação dos cursos necessários. É muito subjectivo. Considero que se deve adaptar de forma rigorosa a oferta à procura, mas há saberes fundamentais, independentemente do número de alunos que os procuram ou das saídas profissionais mais ou menos exíguas.

O que se assiste é que as pessoas procuram, após a formação inicial, adaptarem-se a novas solicitações, procurando uma formação permanente ao longo dos anos. Creio, por exemplo, ao nível dos gestores que um dos factores actuais de diferenciação pode ser a maior aptidão dos candidatos nos domínios da filosofia, ciências sociais, apoiada numa cultura geral enraizada, domínio de línguas, capacidade de inserção a novos meios. Tudo isto são mais-valias que têm de ser permanentemente afinadas e melhoradas. Os conhecimentos combinados proporcionam uma versatilidade que é hoje bastante valorizada, até porque creio que a fase de ultra-tecnicidade e das formações específicas está relativamente ultrapassada, apostando-se na interacção entre as diversas áreas. 

O "convite" à emigração feito por alguns políticos é para levar a sério?

Estamos em pleno regresso dos velhos fantasmas. Portugal posicionou-se durante tempo demais no mercado europeu com a mensagem: «nós somos a mão-de- obra pouco qualificada, mas muito barata». Acontece que há sempre mais pobres e mais baratos do que nós. Foi isso que provou a globalização. Como não estamos no mesmo "campeonato" de outros países, sou das que acha que um dia a Europa vai ter de assumir um protecionismo no seu espaço continental. Para além do acto comercial seria um atitude de defesa de valores do bem-estar e respeito pelos direitos fundamentais dos indivíduos.

Quanto a Portugal e aos portugueses temos de continuar a apostar na qualificação, mudando a nossa imagem económica e laboral, enaltecendo os progressos na investigação e tecnologias de ponta, por exemplo. O caminho é investir em áreas sem paralelo concorrenciável em outras economias, como acontece com os alemães que têm uma indústria exclusivamente dirigida para produtos de luxo. 

A globalização do pastel de nata, sugerida pelo ministro da Economia, tem pernas para andar?

Afinal a ideia do ministro não se revelou original, porque já existe. O que é fundamental é ter um projecto e abandonar as mensagens do género do convite à juventude a emigrar. Talvez por ter vivido em França, país onde há uma forte e respeitada comunidade portuguesa, acho que não podemos continuar a dar uma imagem distorcida dos nossos compatriotas. E o regresso aos paradigmas do antigamente é um sinal muito preocupante. Estou, contudo, esperançada que as pessoas vão reagir. Especialmente os mais jovens vão concluir que precisam de se envolver mais na construção do seu futuro. Eles não se identificam com a ideia de serem menos qualificados. As novas tecnologias permitiram a enorme conquista de colocarem os nossos jovens a par dos seus congéneres europeus. 

Nasceu no coração da Europa, em Viena, e residiu muito tempo em Paris. Como explica que a solidez económica do projecto europeu esteja a ser posta em causa?

Sou uma europeísta convicta. Creio que uma federação europeia não iria prejudicar a nossa cultura, língua e passado nacionais. O que existe actualmente é um défice democrático dentro da própria Europa. E também um défice de interesse. As opiniões públicas não estão cientes de que a maior parte dos problemas que se discutem em Bruxelas são partilhados. Nós como europeus temos um modelo de sociedade em comum. Só que existem demasiados centros de decisão, lideres pouco carismáticos, decisões contraditórias e concorrenciais, nomeadamente ao nível da fiscalidade, etc. As populações sentem-se pouca identificadas e não se revêem no actual sistema. É preocupante. Estou em crer que as próximas eleições presidenciais em França, na Primavera, e as legislativas, na Alemanha, em 2013, serão decisivas para o futuro da Europa.

Nuno Dias da Silva
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