Medicamentos psiquiátricos em ETAR
Descoberta em Aveiro
Vânia Calisto,
investigadora da Universidade de Aveiro, no Centro de Estudos do
Ambiente e do Mar, encontrou o antiepilético carbamazepina em
concentrações da ordem dos microgramas por litro, o suficiente para
suspeitar de efeitos crónicos -decorrentes de exposições longas-
nos seres vivos aquáticos.
Para além de ter procurado o
antiepilético carbamazepina em estações de tratamento de águas
residuais (ETAR), também encontrado em vários outros estudos pelo
mundo, de tal modo que é proposto por muitos especialistas como
marcador de poluição humana, o estudo analisou ainda a persistência
destes compostos no ambiente. Mais concretamente, analisou a
persistência no ambiente da carbamazepina e dos ansiolítos
diazepam, alprazolam, lorazepam e oxazepam sob efeito da radiação
solar.
Os principais resultados do estudo
indicam que as ETAR não eliminam este tipo de compostos,
funcionando assim como "vias diretas" da entrada destes fármacos no
meio ambiente. Os seus tempos de "meia vida" - o tempo que demora a
dissipar-se metade da quantidade inicial do composto -, em
condições ambientais, são muito significativos, indicando um enorme
potencial de acumulação no ambiente. Estes tempos de "meia vida"
vão de três a quatro dias (lorazepam e carbamazepina) até mais de
220 dias sob sol de verão (alprazolam).
Vânia Calisto realizou os trabalhos
durante o seu doutoramento, entre 2008 e 2011, sob orientação de
Valdemar Esteves, professor do Departamento de Química, e
classifica estes resultados como "bastante preocupantes" quanto à
persistência no ambiente, embora as concentrações encontradas sejam
inferiores ao descrito em estudos efectuados noutros países da
Europa.