O Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) refere que a sua
proposta, já enviada ao Governo, "considera que, no acesso ao
ensino superior, para além dos exames nacionais feitos nas
disciplinas, que constituem provas de ingresso, deverá ser
considerado e valorizado o percurso educativo do estudante no
ensino secundário".
Durante a sua última reunião,
realizada dia 6 de março, em Viana do castelo, o CCISP frisou que
não pretende eliminar os exames nacionais do acesso ao ensino
superior, defendendo que a discussão gerada em torno deste tema
"tornou evidente a necessidade" de rever o regime de acesso.
O presidente do CCISP, Joaquim
Mourato, explicou que as alterações propostas ao Governo, por estas
instituições, no regime de acesso, serão facultativas, podendo
manter-se a situação vigente para os institutos que assim o
entendam, nomeadamente os politécnicos que votaram contra a
proposta.
"A discussão gerada em torno da
proposta do CCISP tornou evidente a necessidade e a
urgência de se rever o atual regime de acesso, conforme foi
reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE)", defendeu
o CCISP no comunicado enviado à Imorensa, recordando que a
recente recomendação ao Governo do CNE sobre retenção no ensino
básico e secundário sugeria que se repensasse a implicação das
notas dos exames no prosseguimento de estudos superiores e a
revisão do modelo de acesso ao ensino superior.
O comunicado refere que "assim,
o CCISP, porque acredita que esta reforma e o repensar na
forma de acesso ao ensino superior são absolutamente necessários,
continua a manifestar total disponibilidade para participar
ativamente na procura das melhores soluções, aguardando a tomada de
posição do Senhor Ministro da Educação e Ciência sobre a proposta
apresentada".
A proposta não reuniu consenso
dentro do CCISP, tendo tido o voto contra de quatro dos
institutos de maior dimensão dentro do conselho: Lisboa, Porto,
Coimbra e Leiria.
Os politécnicos de Lisboa, Porto e
Coimbra acabariam mesmo, na sequência do envio da proposta ao
Governo, por suspender a sua participação no CCISP,
demarcando-se de uma medida que não querem ver implementada por a
considerarem "gravosa dos critérios de qualidade que devem regular
o acesso ao ensino superior", acrescentando que, do seu ponto de
vista, desrespeita "uma base objetiva reguladora de equidade e
igualdade, porque não é aplicável a todos os candidatos ao ensino
superior".
Na carta em que formalizaram o
abando do conselho coordenador, os três politécnicos referiram um
"ponto de rutura grave" nas diferenças de posições dentro
do CCISP.
Esta semana professores de vários
institutos politécnicos foram ouvidos no parlamento por deputados
da comissão de Educação, aos quais manifestaram o seu desagrado com
uma proposta que, temem, venha a representar a desvalorização e
desqualificação do ensino politécnico, adiantando ainda que não
foram ouvidos sobre o tema.
Na quinta-feira, dia 5, em Viana do
Castelo, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, declarou que
na proposta em causa nunca esteve em discussão a não realização dos
exames nacionais, mas apenas uma ponderação diferente entre o peso
dos exames e o peso da avaliação interna dos alunos.
"É essa proposta que foi
apresentada e é essa só proposta que estamos a discutir. Não
iríamos discutir a eliminação dos exames nacionais, de forma
alguma", frisou.