Constantino Rei suspende participação
O presidente do Instituto Politécnico da Guarda
(IPG) vai provisoriamente suspender a sua participação nos diversos
organismos e entidades governamentais para as quais foi nomeado.
Constantino Rei informou em comunicado esta sua posição, se
"tornará definitiva", caso não haja uma inversão por parte do
Ministério do Ensino Superior no que respeita ao orçamento de
Estado para a instituição.
No comunicado enviado ao nosso
jornal, Constantino Rei justica a sua posição: "Tendo tomado
conhecimento da proposta de lei do Orçamento de Estado para 2016, e
em particular o teor do nº 3 do artigo 23º, onde é referido que
durante o ano de 2016, as instituições de ensino superior que
usufruíram de reforços extraordinário em 2015, que não tenham
decorrido de norma legal, só poderão proceder às contratações
referidas nos números 1 e 2 após aprovação pelos membros do governo
responsáveis pela área das finanças e do ensino superior; e porque
o Instituto Politécnico da Guarda é uma das instituições visadas,
não podemos deixar de manifestar publicamente o nosso repúdio e
indignação por este inadmissível ataque discriminatório às
instituições envolvidas (Institutos Politécnicos da Guarda, Castelo
Branco, Tomar, Portalegre e Santarém e ainda as Universidades do
Algarve e Açores)".
O presidente do IPG adianta que
"com esta norma, o Governo não só ataca e subtrai a autonomia das
Instituições envolvidas como discrimina negativamente algumas
instituições e cria um clima de desconfiança em relação à gestão
das mesmas e aos seus dirigentes, situação que, além de injusta, é
totalmente inaceitável e conduzirá a um agravamento da burocracia
para o normal funcionamento das instituições, fazendo passar para a
opinião pública a ideia de que os seus dirigentes são maus
gestores, que precisam ser controlados".
Constantino Rei diz "não aceitar
de forma alguma este tratamento, que apenas visa esconder e
escamotear as responsabilidades do atual Governo na continuação de
uma política de subfinanciamento das Instituições de Ensino
Superior públicas que vem sendo seguida há vários anos. Com efeito,
importa clarificar que, no caso do IPG, as dotações do Orçamento de
Estado (OE) que em 2010 cobriam 97% das Despesas com Pessoal,
cobriram em 2015 apenas 87% e, em 2016, esse grau de cobertura
reduzir-se-á para cerca de 82%".
No mesmo comunicado acrescenta
que "tudo isto foi acompanhado por decisões internas de redução de
despesas e redução de pessoal docente e não docente (o corpo
docente e não docente do IPG, reduziu-se nos últimos 5 anos em mais
de 15%) e acomodando o impacto das decisões políticas de aumento de
despesa imposto pelos anteriores governos, como é o caso do aumento
de despesas com pessoal docente, por força do denominado "regime
transitório do pessoal docente" que, no final de 2015, representa
já uma despesa acumulada efetiva superior a 833.114 euros. Este
aumento de despesa foi imposto pelos Governos e Assembleia da
República e não resulta de decisões dos dirigentes do IPG".
O presidente do Politécnico diz
que "no ano de 2015, o IPG apenas conseguiu assegurar o pagamento
dos vencimentos do pessoal ao serviço porque o anterior Governo
reconheceu a necessidade de um reforço extraordinário, tendo sido
atribuído o valor adicional de 571.678 euros. É este reforço que,
para além de ter sido subtraído na dotação atribuída a este
Instituto para 2016, está na base da norma acima citada, e que o Sr
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reiteradamente,
tem afirmado que não existirá em 2016".
O comunicado indica também que "o
IPG tem inscrito no seu Orçamento do ano de 2016 um défice
orçamental de 919.847 euros, não dispondo de capacidade, nem
autonomia, para cobrir, pelo que espera do atual Governo as medidas
adequadas que permitam a obtenção da receita em falta para cobrir
as despesas que, na atualidade, são apenas as indispensáveis e
obrigatórias. Não obstante as contas do IPG serem, nos termos da
lei, auditadas por um Fiscal Único independente, manifestámos ao Sr
Ministro na sua recente deslocação a esta instituição, total
disponibilidade para que sejam realizadas todas e quaisquer ações
de inspeção ou auditorias à gestão do IPG. Porque sempre atuámos
com sentido de rigor, responsabilidade e serviço público,
sentimo-nos, com esta norma da proposta de lei, pessoalmente
visados e atacados de uma forma injusta e injustificada, pelo que
agiremos em conformidade".