Coronavírus: flexibilidade fiscal e linhas de crédito à economia
Flexibilização no pagamento de
impostos e nas contribuições sociais, e acesso a linhas de crédito
que superam os três mil milhões de euros, são algumas medidas
anunciadas pelo Governo para que as empresas possam responder
melhor à crise que a pandemia provocada pelo novo coronavírus está
a provocar.
Na economia, a maioria do crédito
disponibilizado destina-se a apenas três setores (restauração,
turismo e indústria), ficando a dúvida de como todos os outros
setores da economia portuguesa podem aceder a esse tipo de
crédito.
As medidas estão divididas em ações
relacionadas com a fiscalidade e contribuições, e com linhas de
crédito às empresas, tendo sido apresentadas pelos ministros da
Economia, Pedro Siza Vieira, e das Finanças, Mário Centeno.
Fiscalidade e contribuições sociais
No plano fiscal e das contribuições
sociais foi anunciada uma flexibilização do pagamento no 2.º
trimestre de 2020. "O Governo decidiu, em 9 de março, prorrogar o
pagamento de obrigações fiscais, declarativas e de pagamento
relativas ao IRC, tendo decidido adiar o pagamento por conta de 31
de março para 30 da junho, a prorrogação da entrega do Modelo 22
para 31 de julho, e a prorrogação do primeiro por conta e do
primeiro pagamento adicional por conta de 31 de julho para 31 de
agosto", disse Mário Centeno.
IVA e retenções na fonte
De acordo com o portal oficial do
Governo, "para o calendário fiscal e nas obrigações de pagamento
para o segundo trimestre de 2020, ficou definido flexibilizar
pagamento de impostos para as empresas e os trabalhadores
independentes".
Assim, na data de vencimento da
obrigação de pagamento esta poderá ser cumprida de uma de três
formas:
- pagamento imediato nos termos
habituais;
- pagamento fracionado em 3
prestações mensais sem juros;
- em 6 prestações mensais, sendo
aplicáveis juros de mora às últimas três.
Segundo o Governo, "estas medidas
destinam-se aos pagamentos do IVA, nos regimes mensal e trimestral,
e da entrega ao Estado das retenções na fonte de IRS e IRC e é
aplicável a trabalhadores independentes e empresas com volume de
negócios até 10 milhões de euros em 2018, ou com início de
atividade a partir de 1 de janeiro de 2019.
De igual modo, "as restantes
empresas ou trabalhadores independentes podem requerer a mesma
flexibilização no pagamento de obrigações fiscais no segundo
trimestre, quando tenham verificado uma diminuição no volume de
negócios de pelo menos 20% na média dos três meses anteriores ao
mês em que existe esta obrigação, face ao período homólogo do ano
anterior".
Contribuições sociais
No que respeita ao pagamento das
contribuições sociais, foi anunciado que as "devidas entre março e
maio de 2020, e para preservar o emprego, serão reduzidas a 1/3 nos
meses marços, abril e maio". Contudo, "o valor remanescente
relativo aos meses de maio, junho e julho é liquidado a partir do
terceiro trimestre de 2020, em termos similares ao pagamento
fracionado adotado para os impostos a pagar no segundo trimestre".
Esta forma de pagamento é facultativa, pelo que "as empresas,
querendo, podem proceder ao pagamento imediato nos termos
habituais".
Esta medida aplica-se "de forma
imediata, a empresas com até 50 postos de trabalho. As empresas até
250 postos podem aceder a este mecanismo de redução e fracionamento
das contribuições do 2.º trimestre de 2020, caso tenham verificado
uma quebra do volume negócios igual ou superior a 20%".
Ficam ainda suspensos "por 3 meses
os processos de execução fiscal ou contributiva".
Economia com mais linhas de crédito de três mil milhões de
euros
Na mesma conferência de imprensa,
em que os jornalistas assistiram e intervieram à distância, o
Ministro da Economia sublinhou que "para assegurar que, nestes
tempos difíceis, as empresas dispõem da liquidez suficiente para
fazerem face aos compromissos quando as receitas estão em queda», o
Governo aprovou «um conjunto de linhas de crédito garantidas pelo
Estado e disponibilizadas através sistema bancário que se dirigem
aos setores mais atingidos".
No portal do Governo é referido que
no seu conjunto, as linhas alavancam crédito para as empresas no
montante de 3000 milhões de euros, nos seguintes setores:
- Restauração e similares - 600
milhões de euros, dos quais 270 milhões para micro e pequenas
empresas;
- No setor do turismo: agências de
viagens, empresas de animação, organização de eventos e similares -
200 milhões de euros, dos quais 75 para micro e pequenas
empresas;
- Ainda no setor do turismo:
empreendimentos e alojamento turísticos - 900 milhões de euros, dos
quais 300 para micro e pequenas empresas;
- Indústrias têxtil, de vestuário,
de calçado, extrativas, e da fileira da madeira - 1300 milhões de
euros, dos quais 400 para micro e pequenas empresas.
Para a economia em geral, a linha
de 200 milhões de euros irá ter condições de acesso revistas e
flexibilizadas.
Todas "estas linhas terão período
de carência até ao final do ano e poderão ser amortizadas em 4
anos", referiu.
João Bica/Portal do Governo