Politécnico

Investigação e internacionalização
Portalegre lidera ranking ibero-americano

IMGP4934 cópia.jpgO Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) lidera o ranking ibero-americano na área da cooperação (investigação e de projetos conjuntos), disse ao Ensino Magazine, Joaquim Mourato, presidente do IPP.

Este é o resultado de uma aposta clara na investigação, numa estratégia que passou pela criação de um centro interdisciplinar e inovação e investigação para todo o instituto, com duas grandes áreas: energia e ambiente; e outra mais social com a saúde. "É um trabalho que leva o seu tempo, mas que nos dá dimensão e já está a dar resultados. No ranking ibero-americano isso já se verifica, pois somos o primeiro Politécnico do país no que respeita à cooperação internacional. Isto é 52% dos projetos desenvolvidos pelos nossos investigadores também envolvem investigadores de outros países".

A classificação obtida naquele ranking foi bem recebida pela comunidade do instituto. Joaquim Mourato recorda que "foi criado um encontro anual de investigação no seio do Politécnico para ultrapassar a tal barreira do desconhecimento, onde salientei este facto, o qual foi acolhido com satisfação".

O presidente do IPP explica que "que em 2009 tínhamos projetos mas muito individuais e pouco identificados. A própria comunidade do Instituto não os conhecia, para além disso eram muito individuais, não estavam focados em áreas. E aquilo que foi feito passou por focar esses e outros projetos em áreas concretas. A bioenergia e a biomassa é uma das que começa a ter algum destaque, o que acontece porque houve a preocupação de nos centrarmos em determinadas áreas. É impossível chegarmos a todas as áreas, nem as grandes universidades o conseguem fazer", refere.

Ainda na área da investigação, Joaquim Mourato destaca o projeto Alimentação Saudável nas escolas de Portalegre, o qual foi premiado num concurso nacional e reforça aquilo que é o ensino politécnico. "Trata-se de um projeto de cariz politécnico para a comunidade e que envolve toda a comunidade, desde as escolas, os encarregados de educação, os centros de saúde, e a Unidade Local de Saúde, entre outros parceiros", explica.

Joaquim Mourato adianta que dentro de pouco tempo, a área da bioenergia terá um forte incremento, com a implementação do projeto já aprovado, no InAlentejo, em 40% do seu valor. "Estamos a falar de um milhão 765 mil euros, o qual permitirá avançar com a obra que está prevista e adquirir os equipamentos, já em 2013, para que em 2014 esteja em funcionamento".

O presidente do IPP refere que "os nossos docentes têm um papel importante e um trabalho interessante em termos internacionais. Nós traçámos um caminho e sabemos qual é o sentido da investigação no instituto. Estamos na altura de avaliar este percurso e traçar novas metas. Agora a investigação e a internacionalização são eixos estratégicos".

A questão da qualificação do corpo docente é também classificada como fundamental: "esse foi um dos quatro eixos em que assentei o meu mandato e que é decisivo para a qualidade de ensino, para a acreditação e avaliação dos cursos, para a investigação, ou para a qualidade da prestação de serviços. Em suma é a base e o ponto de partida para termos uma verdadeira instituição de ensino superior", explica Joaquim Mourato, presidente da instituição.

Um responsável que recorda que neste aspeto o Instituto implementou um conjunto de medidas para apoiar os docentes neste processo de formação avançada. "Nem sempre é fácil recrutar professores de outras regiões, sobretudo em determinadas áreas, pelo que a nossa aposta foi dar as melhores condições aos nossos docentes - desde apoio financeiro, participação em congressos ou componente letiva, etc. Começámos com 13% do corpo docente doutorado, em 2009, hoje temos cerca de 35%, se juntarmos este número aos especialistas, ficamos com perto de 50%. Este é um processo que em quatro anos não fica completo, mas também sabemos que cerca de 1/3 dos nossos docentes estão em doutoramento. Em 2014 teremos mais de 50%".

O presidente do IPP explica que a aposta na qualificação do corpo docente é uma aposta ganha, sobretudo pela adesão dos docentes. "Este é um caminho que fizemos bem, mas que teremos que continuar a fazer", assegura.

E se na qualificação e investigação foram dados passos importantes, ao nível da oferta formativa, Joaquim Mourato revela que foram apresentadas à Agência de Avaliação e Acreditação (A3ES) novas propostas. "A área da engenharias teve uma menor procura, não só aqui como em todo o país. No entanto, nós já sentíamos dificuldades, pelo que o departamento preparou novas formações e uma estratégia de maior especialização. Apresentámos três propostas, que a serem aprovadas farão com que outros cursos não tenham vagas", explica.

Deste modo, o IPP apresentou cursos de licenciatura de Biocombustíveis, Reabilitação Urbana, e de Design Media interativos. "Houve aqui a intenção de arrepiarmos caminho e de perceber que não temos capacidade de todos fazermos tudo, mas cada um tem que encontrar o seu espaço. Foi isso que procurámos fazer!".

A propósito da primeira avaliação feita aos cursos pela A3ES, e dos excelentes resultados obtidos pelos politécnicos, Joaquim Mourato revela que "eles só demonstram que os Institutos fizeram o seu trabalho de casa, quando não abriram cursos que não tinham condições para o fazer. Isto dá uma segurança a toda a sociedade que aquilo que se faz nos politécnicos tem muita qualidade. Os Institutos Politécnicos evoluíram muito nessa matéria e adquiriram uma grande capacidade da adaptabilidade. São instituições que percebem a realidade e atuam de forma clara".

Apesar da qualidade dos cursos, "reconhecida pela A3ES", ficaram muitas vagas por preencher nas instituições do ensino superior do interior do país. Joaquim Mourato considera que a questão da distribuição das vagas só não a vê quem não quer. "Por isso, quando a comunicação social refere que ficaram muitas vagas por preencher nas instituições do interior do país, é uma realidade que deve ser dita. O diagnóstico está feito, todos percebem a situação as regras básicas da economia funcionam - quando a oferta é superior à procura é óbvio que as vagas ficarão por preencher nalgumas instituições: Politécnicos e instituições do Interior. Isto não está relacionado com a qualidade dos politécnicos ou universidades. Está relacionado com o contexto de cada região, com a baixa mobilidade do território português e com as dificuldades económicas".

Joaquim Mourato sublinha que "há um instrumento nas mãos da tutela, que é a definição da política de vagas. Todos os anos o Ministério faz sair as vagas e é aí que deve intervir. O Conselho Coordenador (CCISP) apresentou propostas nesse sentido e algumas foram atendidas - não houve aumento das vagas -, mas a oferta continua acima da procura. Voltaremos a apresentar, ao nível do CCISP, propostas que não vão contra nenhuma instituição, mas que podem equilibrar esta balança e a capacidade instalada, de forma a garantir a equidade territorial e usufruir da capacidade instalada nas instituições".

Medidas que no entender de Joaquim Mourato são simples: "redução de alguns pontos percentuais de vagas em todas as instituições; reduzir alguma pressão de sobrelotação que existe em algumas universidades, o que implica mais investimento, quando há outras instituições no interior, com capacidade instalada, que sem se investir mais podem acolher mais alunos. Por exemplo, o IPPortalegre poderia receber mais mil alunos sem receber mais investimento, pois temos a nossa capacidade instalada! Estas medidas são necessárias e permitem atuar sem radicalismos e sem inviabilizar qualquer instituição".

 
 
 
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