Politécnicos indisponíveis para cursos de dois anos
O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores
Politécnicos manifestou a sua total indisponibilidade para lecionar
os Cursos Técnicos Superiores Profissionais no modelo proposto, "o
qual revela desconhecimento da realidade do ensino superior
politécnico, dos reais interesses do mercado de trabalho e da
necessidade de qualificação das pessoas".
Em comunicado enviado à Imprensa, o Ccisp explica que "o
modelo dos cursos propostos nada acrescenta aos atuais CET´s, antes
consistindo numa sobreposição inconsistente e incompreensível,
afetando a racionalidade do sistema e debilitando a sua eficácia",
criticando a "forma depreciativa com que estes cursos são
apresentados, assim como a confusão entre o que é formação
profissional de nível secundário e formação em contexto de empresa
ou de nível superior". Factos que "descredibilizam uma proposta que
poderia ser um contributo sólido para o sistema e para o
país".
As regras dos cursos superiores de curta duração foram
aprovadas, no passado dia 6 de Fevereiro, em Conselho de Ministros
mas os politécnicos temem que o diploma tenha de ser alterado antes
de entrar em vigor, uma vez que existem questões
"criticas".
Os novos cursos destinam-se a jovens com mais de 18 anos
que tenham terminado o secundário ou a quem falte apenas uma
disciplina para terminar o 12.º ano, disse o Secretário de Estado
do Ensino Superior, Ferreira Gomes, explicando que no caso de não
terem o secundário completo, os alunos podem fazer as disciplinas
que faltam "ao longo do 1.º ano" do curso superior.
Os cursos também vão implicar o pagamento de uma propina
anual, que será fixada pelos politécnicos. Segundo Ferreira Gomes,
o valor máximo da propina não poderá ultrapassar o valor das
licenciaturas "mas, provavelmente, será um valor menor".
Para aceder aos novos cursos, os alunos não terão de fazer
exames nacionais mas sim uma prova local no instituto onde
pretendem ingressar.
No mesmo documento, O Ccisp manifesta "a sua insatisfação
pelo modo como tem sido conduzido o processo de construção de
políticas públicas de ensino superior, o qual tem ignorado
sistematicamente a posição e as propostas do CCISP, parceiro
incontornável, tal como está consagrado na
lei".
Os politécnicos exigem ainda "a abertura de um diálogo
sério e contínuo, alicerçado em propostas fundamentadas e que
respeitem e valorizem o conhecimento das Instituições que
diariamente constroem o ensino superior", reiterando o "o
compromisso social responsável do CCISP com o país e com as
regiões, participando ativamente na qualificação da população
portuguesa".
O Ccisp diz "não poder aceitar o modelo proposto, não só
pela ausência de concertação já referida, mas fundamentalmente pela
defesa dos interesses do país e do sistema de ensino".
A posição dos politécnicos surge no seguimento do
documento recebido na reunião de dia 3 de fevereiro entre a tutela
e o Ccisp, "o qual não esclarece nenhuma das dúvidas nem contempla
nenhuma das sugestões e propostas apresentadas pelo CCISP, e
vertidas em documento enviado à Secretaria de Estado do Ensino
Superior em 3 de junho de 2013".
O Ccisp lamenta também o facto de "entre o dia 3 de junho
de 2013 e 3 de fevereiro de 2014, não obstante as sucessivas
solicitações, orais e escritas do CCISP ao SEES, não existiu
qualquer resposta sobre esta matéria", adiantando que "o Ensino
Superior Politécnico sempre manifestou e continua a manifestar a
sua abertura à realização de ciclos curtos de natureza
profissionalizante, tal como já o faz na lecionação de Cursos de
Especialização Tecnológica (CET´s)".