Entrevista

José Carlos Beato dirige fábrica da filha de José Eduardo dos Santos
Sai uma cerveja com sabor a Angola!

jose-beatocoresjjjj.jpgChama-se José Carlos Beato. É português, natural de Castelo Branco, e é o diretor executivo da Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (Sodiba), a nova empresa de Isabel dos Santos, empresária e filha do chefe de Estado angolano, e de Sindika Dokolo, o seu marido.

Formado no Instituto Superior Técnico, José Carlos Beato está há seis anos naquele país africano, e diz que "este é um projeto que acontece uma vez na vida". O investimento ronda os 141 milhões de euros e a Sodiba está produzir e distribuir a cerveja Sagres, e vai lançar uma nova, a Luandina. No futuro virão também as águas engarrafadas, refrigerantes, polpas e concentrados, bem como bebidas espirituosas, entre outras.

Depois de ter desempenhado funções, durante dois anos, na empresa angolana de capitais portugueses, Refriango, também do setor de bebidas, e de ter estado na Angonabeiro (Delta) três anos e meio, José Carlos Beato diz "ter recebido uma proposta do grupo angolano para o desenvolvimento de um novo projeto, que passava pela implementação da fábrica de cerveja e pela sua gestão. Na Delta, o meu projeto estava a chegar ao fim de ciclo. Tinha a hipótese de vir para Portugal e continuar ligado ao Grupo Nabeiro, mas surgiu esta proposta e decidi abraçá-la".

Ainda assim, José Carlos Beato não esquece o trabalho desenvolvido na Angonabeiro. "O grupo está em Angola desde 1999/2000. Vendia 7 milhões de dólares por ano, quando saí faturava 50 milhões. Passámos a estar no dia a dia dos angolanos. Quisemos democratizar o consumo do café, com a Delta Q. Mostrámos que o café tem propriedades positivas. E conseguimos diversificar os produtos, com o azeite, os vinhos, as águas e os chás, também do mesmo grupo". Neste processo foram também envolvidas algumas figuras públicas como o cantor angolano Anselmo Ralph.

Num curto espaço de tempo, a Sodiba ganhou dimensão e a fábrica foi concluída. "Em maio éramos seis pessoas, hoje somos 200. Foi preciso montar toda a parte industrial, coordenar essa instalação, e assumir toda a gestão, não só da empresa, mas também de capacitar as equipas de colaboradores. Nesse sentido tivemos 150 jovens em formação, fomos buscar quadros qualificados fora de Angola e tivemos 15 jovens a qualificarem-se na Central de Cervejas, em Portugal".

josebeato2.jpgA formação dos profissionais da Sodiba é uma das apostas. "O objetivo é que daqui a dois ou três anos nós possamos sair e a fábrica continuar a trabalhar com esta equipa", diz José Carlos Beato.

Aos 46 anos, José Carlos Beato, que em Portugal também já tinha trabalhado no setor das bebidas (grupo Unicer) e na Ambar, tem pela frente um dos mais importantes desafios profissionais. A nova fábrica está equipada com tecnologia de ponta alemã e ocupa um complexo com cerca de 40 hectares, a 55 quilómetros de Luanda. "É a fábrica mais evoluída de África. Envolve duas linhas de enchimento, uma com capacidade para 50.000 garrafas por hora e outra linha para o enchimento de latas com a mesma capacidade", assegura o albicastrense.

E se para já a aposta é o fabrico da cerveja Sagres, no futuro vai surgir a Luandina. "Será nossa primeira produção nacional, com um ADN 100% angolano. Estou em crer que a mesma estará ao nível do exigente consumidor angolano", disse José Carlos Beato.

 
 
 
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