IPL
Leiria avalia dispositivos de rádio
Os
dispositivos rádio atuais não suportam os requisitos da rede de
quinta geração (5G), concluiu uma equipa de investigadores do
Instituto de Telecomunicações (IT) do Politécnico de Leiria.
«Testes e medidas condicionam avanços nos telemóveis e estações
base da 5G das comunicações móveis, prevista para 2019. Novos
equipamentos e metodologias de teste são determinantes para o
sucesso das redes 5G», defende a equipa. A rede 5G oferece maior
conetividade e velocidades mais rápidas, porém precisará de novos
equipamentos (telemóveis) e estações base para que o utilizador
possa usufruir dela.
As conclusões
deste trabalho de investigação acabaram de ser publicadas na
revista norte americana da especialidade, a IEEE Spectrum, assim
como em fóruns técnicos da área. «As tecnologias de componentes de
radiofrequência para os telemóveis 5G estão em rápido processo de
convergência para os novos requisitos de normalização rádio (5G New
Radio) emanados em junho último, para que, posteriormente, os
fabricantes de telemóveis e de estações base possam desenvolver os
equipamentos necessários para a instalação das novas redes 5G.
Porém, depois de analisarmos e testarmos os dispositivos rádio
disponíveis no mercado, concluímos que estes não atendem plenamente
aos requisitos do 5G.»
A equipa,
constituída por Rafael Caldeirinha, Carlos Ribeiro, Rodolfo Gomes e
Telmo Fernandes, professores do Politécnico de Leiria e
investigadores do IT em Leiria, em colaboração com os
investigadores Manuel Garcia Sanchez, da Universidade de Vigo
(Espanha), e Akram Hammoudeh, da University of South Wales (Reino
Unido), avaliou especificamente a capacidade dos dispositivos rádio
comerciais previstos para a banda de frequência dos 60 GHz (ondas
milimétricas) suportarem as velocidades de transmissão de dados
(débito binário) preconizados para o 5G (até 10 Gbps).
«Apesar de
serem anunciados, desde o verão, equipamentos variados de teste e
medida, para geração e análise dos novos sinais rádio para o 5G,
que facilitariam os testes à rede, estes novos equipamentos
permanecem proibitivamente caros para a academia», afirma Rafael
Caldeirinha, «o que nos levou a desenvolver todas as ferramentas de
teste e medidas baseadas em eletrónica digital muito rápida (FPGA)
reconfigurável, vertida num testbed (plataforma) genérico para
testes completos e pelo ar (over-the-air) de novas formas de ondas
e interfaces ou dispositivos rádio 5G». Este testbed é o culminar
de cinco anos de investigação da equipa leiriense.
Os
investigadores de Leiria acreditam que, com o seu testbed 5G, se
abre uma nova etapa de atividades de teste e medição que envolverá
novos requisitos e procedimentos: «estes testes de alto nível e
elevada complexidade estão a migrar gradualmente da academia e dos
laboratórios de I&D para as redes reais, para o terreno, com
muitos pilotos 5G a acontecer um pouco por todo o mundo, e é aqui
que o know-how fará a diferença no momento do planeamento e
otimização das novas redes 5G», explica Rafael Caldeirinha. «Em
Portugal, o conhecimento está ainda retido nos centros de
investigação, sendo que se prevê um aumento da interação com a
indústria de telecomunicações nos próximos meses, com a
proliferação das redes de 5G, e esperamos que aí este conhecimento
prático faça a diferença».
Embora novas
estratégias de teste e medição possam levar o 5G aos estágios
iniciais de lançamento e entrada em funcionamento das redes, Rafael
Caldeirinha alerta que «o 5G introduz novos desafios técnicos para
testes de novos chipsets rádio e antenas MIMO (multiple input
multiple output), particularmente nas frequências de ondas
milimétricas - as frequências de rádio acima de 30 GHz -, o que
exigirá o desenvolvimento de métodos de teste práticos e
acessíveis, abrangendo o laboratório, a linha de produção, e as
redes reais já em funcionamento».
Enquanto isso,
a normalização do 5G continua, com inúmeros desafios para os
instaladores: «as primeiras estratégias académicas para o
desenvolvimento de testes OTA começam a emergir, mas há ainda um
longo caminho a percorrer até que plataformas de teste acessíveis
sejam disponibilizadas», adverte Rafael Caldeirinha.