Investigação revela
Vida académica provoca obesidade?!
Aumento do sedentarismo, obesidade,
níveis elevados de gordura no sangue e tabagismo foram as
principais conclusões de um estudo que avaliou o impacto da vida
académica na saúde dos estudantes, dois anos após a entrada na
universidade.
A investigação foi realizada no âmbito da tese de doutoramento de
Maria Piedade Brandão, docente da Universidade de Aveiro.
A investigadora considerou que as conclusões do estudo "refletem
os hábitos de vida de uma população jovem dois anos após a
transição do ensino secundário para o ensino Superior".
O objetivo foi avaliar o impacto dos fatores de risco para as
doenças crónicas não transmissíveis, em particular para as doenças
cardiovasculares.
Segundo a Direção-Geral de Saúde, em Portugal, a mortalidade por
doenças do aparelho circulatório (cerebro-vasculares e cardiopatia
isquémica) ocupa o primeiro lugar no conjunto de todas as causas de
morte (34,1 por cento).
Neste sentido, o estudo liderado por Maria Piedade Brandão,
resultante de uma parceria entre o Instituto de Ciências Biomédicas
Abel Salazar, da Universidade do Porto, e a Universidade de
Aveiro
O estudo resultou de uma parceria com o Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e envolveu 154
estudantes da Universidade de Aveiro, por pelo menos dois anos de
acompanhamento.
Revelou que os alunos expostos à vida académica universitária
quando comparados com aqueles de entrada recente no ensino superior
apresentaram proporção mais elevada de níveis de tabagismo (zero
por cento nos não expostos para 19,3 por cento nos expostos).
"Ou seja - sustentou a investigadora - destes 154 alunos, aquando
da entrada na universidade, nenhum fumava, no entanto, após dois
anos de exposição universitária 19,3 por cento dos indivíduos
passou a fumar".
Maria Piedade Brandão destacou também que a proporção de
dislipidemia (presença de níveis elevados de lípidos no sangue)
também aumentou com a exposição à vida universitária (28,6 por
cento nos não expostos para 44 por cento nos expostos), bem como o
sobrepeso (12,5 por cento nos não expostos para 16,3 por cento nos
expostos).
O trabalho revelou ainda que os alunos que não estão expostos à
vida universitária apresentaram padrões de saúde ligeiramente mais
favoráveis do que aqueles que frequentam o ensino superior. Foi
também encontrada uma proporção elevada de sedentarismo em ambos os
grupos (79,6 por cento nos não expostos e 80,7 por cento nos
expostos).
Esta investigação recorreu a técnicas invasivas de recolha de
dados, como a medição de glicemia, perfil lipídico e níveis séricos
de homocisteína (aminoácido não essencial que tem sido apontado por
alguns investigadores como causa independente de doença
cardiovascular).
"Os resultados fornecem evidências empíricas da importância da
prevenção dos principais fatores de risco cardiovascular entre
estudantes universitários, para evitar ou adiar consequências de
estilos de vida inadequados", salientou a investigadora.
Maria Piedade Brandão disse à Lusa estar a preparar um pedido de
financiamento à Fundação para a Ciência e Tecnologia para dar
continuidade a este estudo.
O plano é poder intervir na universidade com "algumas práticas
diárias de modo a poder regredir estes valores".
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