Sérgio Godinho em entrevista
Português e matemática são prioritárias
O novo ministro da Educação, Nuno Crato, quer acabar
com a dispersão curricular que existe no 3º ciclo do ensino básico.
Por isso, assegura, quer "reduzir a dispersão curricular que
existe, reformulando os currículos e concentrando a atividade no
português e matemática" não só no terceiro, mas também no segundo
ciclo".
Exigência e qualidade no ensino
parecem ser as palavras de ordem do novo tutelar da pasta da
educação, o qual pretende que "os alunos não passem de repente a
substituir o cálculo mental pela calculadora". Ainda assim, Nuno
Crato afastou a ideia de proibir o uso da calculadora. "Eu não
pretendo acabar com a calculadora.
Outras medidas do novo ministro
passam pela realização de exames finais de conclusão do 2º ciclo e
pelo alargamento aos exames nacionais do terceiro ciclo das
disciplinas de inglês e ciências.
O ministro afirmou que "o 2º ciclo
deve ser de avanço e não de retrocesso", justificando a introdução
de exames nacionais no 6º ano.
Nuno Crato reafirmou a intenção de
rever os currículos, sobretudo no português e na matemática.
Quanto à avaliação dos professores,
considerou que "não é o problema central da educação",
acrescentando que "há muitos problemas e mais importantes", tais
como a aprendizagem dos alunos.
Contudo, disse que o atual modelo
de avaliação dos docentes "não serve", defendendo um "modelo que
não seja burocrático e que não seja feito por outros
professores".
No parlamento, o ministro anunciou
a desburocratização do processo avaliativo, referindo que a reforma
será apresentada em breve aos parceiros."Estamos contra uma
avaliação burocrática e pouco fiável que perturba as escolas e
coloca em causa o seu funcionamento regular. A desburocratização da
avaliação deve ir ao encontro da exigência e autonomia dos
avaliados e dos avaliadores", defendeu o ministro da Educação.
O ministro defendeu
a necessidade de "uma avaliação justa, rigorosa e transparente",
justificando não haver tempo a perder nesta matéria, mas sem
concretizar de que forma o vai fazer.
Numa outra perspectiva, Nuno Crato
anunciou a implementação de uma prova de acesso à profissão. "Esta
medida ajudará a escolher os melhores e os mais bem preparados para
ensinar".
O Ministro fez questão de sublinhar
que as medidas necessárias a implementar não dependem apenas de
dinheiro, lembrando mesmo que o dinheiro não é infinito.
Para o ministro, o rigor nas
escolas não depende só de dinheiro, mas de medidas como a
reformulação dos programas e dos currículos.
Defendeu mesmo que se não houver
exigência nas escolas, serão "os filhos dos mais ricos, que têm
hipóteses alternativas, que acabam por progredir, em detrimento dos
mais pobres".
Na sua intervenção, o ministro da Educação disse ainda que o
ministério da Educação é "uma máquina gigantesca, que em muitos
aspetos se sente dona da educação, algo que quer contrariar. "Eu
quero acabar com isso", rematou.