Investigação
Minho: emigrantes desprotegidos
As políticas
nacionais de protecção das vítimas de violência doméstica não
abrangem as cidadãs estrangeiras em situação irregular, o que tem
contribuído para o aumento de agressões dentro das comunidades de
imigrantes. Estas são as conclusões da dissertação de mestrado
Violência Doméstica e Migrações, desenvolvida por Olívia Maria
Gomes, da Escola de Direito da Universidade do Minho.
"Na maioria dos casos, as vítimas
silenciam esta violência por medo da expulsão. Os países acabam por
descriminalizar, pontualmente, o delito da violência doméstica,
secundarizando a posição da vítima", explica a especialista, que
centrou a sua investigação na análise da legislação portuguesa,
brasileira e espanhola. Portugal é o único dos três países a não
dispor de legislação específica para a violência doméstica,
tratando-a apenas no âmbito do código penal.
Actualmente está em vigor o 2º
plano de integração de imigrantes em território nacional, que
pretende combater a vulnerabilidade das mulheres imigrantes,
divulgar informações sobre os seus direitos e deveres, promover a
empregabilidade e reforçar o conhecimento de questões de género na
imigração, entre outros.
Uma em cinco vítimas de violência doméstica é imigrante. Olívia
Maria Gomes sustenta que as imigrantes ilegais não possuem "amparo
constitucional e legal", ou seja, não beneficiam do direito de
acesso à justiça. O mesmo não acontece com as "regularizadas", que
usufruem de apoios jurídico, psicológico e social. A investigadora
diz que o aumento das agressões nestes grupos advém das "culturas
machistas e patriarcais" dos países de origem e acolhimento.