Quatro rodas
A nova FPAK
Agitadas vão as águas no dirigismo do
desporto automóvel em Portugal. Não devemos, no entanto, entender
esta agitação como algo negativo.
Embora já sem as multidões de
seguidores que no seculo passado assistiam às provas de automóveis,
os dirigentes portugueses, têm conseguido, ao longo da história,
trazer até cá o suprassumo do automobilismo mundial.
Apesar de alguns altos e baixos,
relembro que já tivemos Formula1, mundial de ralis, mundial de
karting, europeu de ralis e IRC, europeu de ralicross/autocross e
até se conseguiu desviar, de Paris para Lisboa, a grande maratona
do todo terreno, o conhecido Dakar. Não restam pois dúvidas sobre a
nossa capacidade de entender e executar automobilismo de
competição.
No que respeita à notoriedade dos
pilotos portugueses, a coisa já não corre tão bem. As disciplinas
de formação já foram melhor tratadas, mas o problema de termos ou
não um piloto na ribalta, não se prende com questões de talento,
mas sim de mercado. Isso são, no entanto, contas de outro rosário,
que poderemos abordar futuramente.
Voltemos então à agitação das
águas. Penso que, pela primeira vez, na curta história da Federação
Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), as contas de um
exercício não foram aprovadas. O relatório do conselho fiscal não é
muito famoso e os rumores de má gestão vão aparecendo aqui e ali.
Após a não aprovação, das referidas contas, pelos delegados à
assembleia geral, começou a esboçar-se um movimento de contestação
à direção atual, situação que muito a fragiliza.
Não sei como isto vai acabar, mas
convém que estas situações sejam tratadas com o maior cavalheirismo
possível. Aconselho em primeiro lugar às pessoas que mantêm o poder
que não se agarrem a ele e, com dignidade, se afastem pelos meios
legais. Todos eles já deram muito ao automobilismos nacional, mas é
fácil entenderem que já não têm a confiança dos associados,
situação que ficou clara com o chumbo do relatório e contas.
Esticar a corda pode correr mal para ambos os lados.
Estou certo que haverá alternativa
ao poder atual, mesmo numa envolvente de alegado passivo elevado
que vai necessitar de muita imaginação para ser recuperado.
À alternativa aconselho, que seja
elaborado um programa que não se fique por medidas mais ou menos
populistas. Teremos de estruturar as competições, em campeonatos
profissionais e competições amadoras. Promover nos campeonatos
profissionais o aparecimento de empresas promotoras que podem
resultar da associação de clubes organizadores.
Devemos manter e desenvolver a
nossa participação nas instituições mundiais para continuarmos a
estar presentes nos fóruns onde as coisas se decidem.
Temos que desenvolver o capítulo da
formação, para isso basta multiplicar o exemplo do que faz o Eng.º
Pedro Abecassis com o ACP, na formação de karting anual.
Ponto importante é o que se refere
ao apoio aos novos talentos. Pode fazer-se de muitas maneiras mas a
finalidade é facilitar a sua subida aos escalões máximos.
Tudo o resto é fácil, tem a ver com
organização, clareza na gestão e capacidade de adaptar a entidade
federativa ao País que temos.
Em resumo a FPAK tem de ser cada
vez mais um regulador, e criar as condições para que nasçam dos
associados projetos inovadores que visem o desenvolvimento da
modalidade.
Espero que nos próximos dias se
criem condições para que um dos desportos que mais retorno dá à
marca Portugal, esteja em condições de ter dirigentes com qualidade
para dar um novo impulso à modalidade. Importante é terem
capacidade para inovar e arriscar, pois essa será a única forma que
nos levará a manter no topo.
Paulo Almeida
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico