Primeira Coluna
O mundo digital e a escola
O tema não é novo, mas nunca como agora
fará sentido ser debatido. A revolução digital chegou às escolas,
às universidades e aos politécnicos. Esta mudança merece reflexão,
tanto mais que a maioria dos alunos são nativos digitais. Isto é
nasceram com as novas tecnologias e interagem com elas com mais
facilidade que muitos dos seus professores e que os seus pais.
Com a revolução digital surge o
recurso a dispositivos móveis como instrumentos de ensino, os
conteúdos móveis ou a aprendizagem fora do espaço físico das
instituições. Ainda assim, nos últimos anos temos assistido a uma
grande evolução nesta matéria, com muitos dos manuais escolares a
terem a sua versão digital disponível, com o aparecimento de
portais educativos.
Continua, no entanto, a faltar a
capacidade da escola se adaptar, sobretudo no que respeita aos
sistemas educativos. Uma adaptação, que a Direção Geral de Educação
e Cultura da Comissão Europeia, diz que deve partir das próprias
escolas, das câmaras municipais e outras entidades. Esta revolução
está longe de ser tranquila. Os alunos dominam, muitas vezes,
melhor que os próprios professores as novas tecnologias. E muitos
docentes, mesmo tendo os meios e recursos à disposição preferem não
os utilizar, quer por dificuldade, quer por mentalidade. Há uma
terceira via, que também é válida: nem todas as escolas estão
adaptadas a esta realidade. Muitas teimosamente pararam no
tempo.
A questão é que o ensino está a
mudar. A revolução digital veio para ficar e para mudar muitos
paradigmas. Essa mesma revolução, que permite a utilização dos
dispositivos móveis em contexto educativo, possibilita também o
acesso à chamada educação aberta. Neste momento já há instituições
a realizarem cursos grátis abertos, através da internet, cobrando
apenas o certificado. A lógica de partilha e de acesso ao
conhecimento pode permitir, por exemplo. que se uma determinada
disciplina for planeada com base numa lógica de partilha aberta,
esses conteúdos poderão servir milhares de alunos ao mesmo tempo em
várias instituições. Qual a vantagem? Para além de evitar que os
docentes repitam e preparem as suas aulas com conteúdos e conceitos
que são iguais, podem maximizar esse tempo desenvolvendo outras
atividades com os alunos, os quais através dos recursos abertos já
receberam a informação.
Em 2030, segundo a Comissão
Europeia, haverá mais de 414 milhões de estudantes no ensino
superior em todo o mundo. E muitos deles vão querer estar em
Portugal e a tirar um curso a distância no MIT; ou em África e
quererem frequentar um curso à distância de um click, em Portugal.
Nem todo o futuro vai passar por aqui, mas uma parte significativa
será assim registada.
É evidente que a questão foi aqui apresentada de uma forma muito
simples, como se tudo fosse fácil. Não é. É algo de complexo que
não se resolve com um simples clique. Mas importa referir que
estamos a enfrentar uma das maiores procuras por educação e saber
em todo o mundo.