Para turistas
Carros solares criados na EST
A Escola Superior de Tecnologia do Instituto
Politécnico de Castelo Branco, em parceria com a Câmara, acabam de
criar dois veículos movidos a energia solar. A aposta passa por, no
futuro, serem utilizados na cidade. O projeto que está a ser
desenvolvido em parceria com a Câmara albicastrense.
Os primeiros veículos já foram
construídos e testados em provas nacionais, obtendo excelentes
resultados. O passo seguinte é o aperfeiçoamento dos veículos, quer
do ponto de vista técnico, numa tarefa que envolve os docentes da
EST, Luís Neto (licenciatura de Energias Renováveis) e José Salvado
(Eletrotecnia e Telecomunicações), quer de design, cuja
responsabilidade cabe ao docente da Escola Superior de Artes
Aplicadas, José Simão.
O projeto foi apresentado esta
semana, numa demonstração que contou com as presenças dos
presidentes do Instituto Politécnico, Carlos Maia, da Câmara de
Castelo Branco, Luís Correia, e do diretor da EST, José Carlos
Metrolho. Nesta primeira fase, foram construídos dois veículos
movidos a energia solar, numa espécie de triciclos gigantes, cuja
cobertura é um painel solar, e que podem chegar aos 29 quilómetros
por hora. Além da estrutura, que numa fase posterior terá outro
design, os veículos integram uma bateria, motor e respetivo
controlador, e travões mecânicos.
Luís Neto e José Salvado são os
grandes impulsionadores deste enorme desafio, que envolveu os
alunos finalistas da licenciatura em Engenharia em Energias
Renováveis, Luís Martins e Henrique Melim (foi projeto de final de
curso), e os alunos de Eletrotecnia e Telecomunicações, João Pinto,
Pedro Santos e Ricardo Soares. Na construção destes primeiros
veículos, que funcionam como protótipos, investiram muitas horas de
trabalho, de forma a puderem participar em duas provas já este ano.
Para a equipa ficar completa, foi selecionado um outro aluno, José
Castanheiro, para conduzir os veículos. "Convinha ser alguém com
pouco peso", explicaram os docentes.
"Estes veículos podem evoluir
para outro tipo de viaturas. Numa das provas em que participámos
estava uma carrinha, com capacidade para dois passageiros e área de
carga, movida a painéis solares", destacaram Luís Neto e José
Salvado.
Os dois docentes mostram-se
entusiasmados e olham para o futuro com determinação, apesar de
alguns alunos, por concluírem os seus cursos, terem que abandonar o
projeto. "Nas subidas gasta-se mais energia. O nosso objetivo é
poder aproveitar as descidas e as travagens para recarregar os
condensadores, para dessa forma pouparmos energia nas baterias",
acrescentam.
Luís Neto e José Salvado apontam
cominhos para o futuro. "A ideia é podermos desenvolver veículos
para que os turistas os possam utilizar nas ruas mais estreitas ou
para a população mais idosa. A Câmara de Castelo Branco é apoiante
deste projeto em mobilidade urbana. O primeiro momento foi a
construção destes carros. O chassis foi cedido pela autarquia,
através da escola fixa de trânsito, e a empresa ENAT cedeu os
painéis solares", referem.
Conversa puxa conversa e chega a
hora da verdade, de ver os dois veículos made in Castelo Branco a
movimentarem-se. Os dois veículos fizeram-se à estrada, e deram
várias voltas ao parque de estacionamento da EST, sem qualquer tipo
de problema. "A competição é o nosso laboratório à escala real",
sublinham os docentes.
Sucesso em
provas nacionais
Os dois carros demoraram dois
meses a serem construídos e têm neste momento uma potência de 250
wats. As primeiras participações em competições nacionais foram
bastante positivas, tendo obtido um primeiro lugar (prova de
endurance) no Portugal Solar Challenge, realizado no passado
sábado, em Lisboa, pela Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa. Nesta competição, a equipa da EST obteve ainda o
segundo e o terceiros lugares da classificação geral. Já
antes, a 26 de junho, naquela que foi a primeira competição em que
participaram (US Solar Challenge, em Massamá) a equipa
albicastrense obteve a primeira posição na sua categoria e foi
quarta na classificação geral, entre 11 concorrentes. "Nós partimos
do zero para estas provas. sabíamos que os nossos veículos fazem 29
Km/h, mas não conhecíamos a sua resistência. E as provas serviram
para provar isso, pois tinham subidas e descidas e zonas com
sombras", explicam Luís Neto e José Salvado.Em termos competitivos,
os dois docentes gostariam de organizar uma prova em Castelo Branco
já no próximo ano. O desafio foi lançado e garantem ter tido
acolhimento de outros concorrentes.O presidente da Câmara de
Castelo Branco foi um dos convidados para a apresentação dos
veículos. Luís Correia recordou que "desde o primeiro momento que
acreditámos neste projeto e estou muito agradado com os resultados.
Vamos continuar a ser parceiros, uma vez que já atingimos este
patamar tão positivo, e para que ele seja implementado em Castelo
Branco".Carlos Maia, presidente do Instituto Politécnico de Castelo
Branco, destacou o facto "do conhecimento da academia estar ao
serviço da comunidade, no sentido de promover a mobilidade urbana.
Dentro do que for possível o IPCB continuará a apoiar este
projeto".