Toxicodependência
CESPU apresenta estudo
A descriminalização do consumo de
drogas, concretizada há dez anos, tornou mais fácil encaminhar os
toxicodependentes para tratamento, refere Jorge Quintas, docente e
investigador da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e
Universitário (CESPU).
De acordo com os trabalhos desenvolvidos pelo professor e
investigador Jorge Quintas, no âmbito do seu doutoramento em
Criminologia pela Universidade do Porto, as comissões de dissuasão
da toxicodependência - entidades administrativas responsáveis pela
aplicação da lei - "apreciam efectivamente um número bem superior
de transgressões de consumo do que alguma vez os tribunais
julgaram".
Os próprios clínicos ouvidos no âmbito de um dos três estudos
concordam que as medidas aplicadas pelo sistema legal "levam à rede
de tratamento pessoas que dela estavam afastadas" e consideram que
"é possível mantê-las em terapia durante mais tempo".
Geralmente, as autoridades encaminham os consumidores que detectam
para as comissões de dissuasão da toxicodependência numa "via de
comunicação" entre as instâncias do sistema legal e as do sistema
de saúde que se tornou "seguramente mais efectiva".
No entanto, a descriminalização "não interfere decisivamente nos
consumos de drogas das populações, nem nos problemas colocados à
sociedade portuguesa pelos usos e em especial pelos abusos de
drogas", assinala o autor.
Os estudos de Jorge Quintas, reunidos num único livro, incidem
também sobre a opinião de toxicodependentes, polícias, estudantes
de Direito e de Psicologia e população em geral sobre a
descriminalização dos consumos.
A maioria dos 232 inquiridos preferia que os consumos praticados
por adultos se mantivessem proibidos, "embora haja grande
ambiguidade quanto ao melhor regime legal aplicável ao uso de
substâncias ilegais".
Os três estudos decorreram entre 2003 e 2006 e os dados empíricos
foram actualizados até 2008.