Domingos Santos, Sub Diretor da ESE
Os têxteis do arco urbano
Domingos Santos, docente e investigador da Escola
Superior de Educação de Castelo Branco, acaba de publicar o livro
"Dinâmicas Territoriais de Inovação no Arco Urbano do Centro
Interior. O caso do sector têxtil-confeções". O livro "centra-se no
estudo da relação entre a inovação e território, analisando essa
problemática no quadro de uma área periférica portuguesa que foi
historicamente marcada por uma forte presença da indústria
têxtil-confeções, o designado Arco Urbano do Centro Interior
(AUCI), que engloba os concelhos de Castelo Branco, Fundão, Covilhã
e Belmonte".
O autor, atualmente a exercer o
cargo de subdiretor da Escola Superior de Educação, procurou
"tipificar o perfil de inovação empreendido por um determinado
grupo de empresas do sector têxtil-confeções, bem como compreender
de que modo é que as instituições que configuram o arquétipo
organizacional de sistema regional de inovação estão a contribuir,
ou não, para o aprofundamento dos patamares de competitividade
empresarial e territorial".
A análise efetuada por Domingos
Santos permitiu avançar com algumas pistas de reflexão sobre a
relação dinâmica entre a inovação e território e, por último,
apoiar a formulação de um conjunto de recomendações que se julga
poderem concorrer para o reforço de estratégias competitivas
baseadas na inovação.
Para aquele docente e, também,
membro do Centro de Investigação em Ciências Sociais da
Universidade do Minho, "as atividades industriais de têxteis e de
confeções do AUCI sofrem, atualmente, do dilema de, em simultâneo,
terem de se confrontar com a necessidade imperiosa de apostarem em
novos fatores de competitividade, como a inovação e a qualidade"
pelo que devem alargar e aprofundar "competências no plano da
conceção, do know-how de mercado e controlo dos circuitos de
distribuição e comercialização, apostando, designadamente em nichos
de mercado".
"Parece-nos, pois, fundamental que a
fileira têxtil possa, coerentemente, enfrentar a passagem de um
paradigma empresarial tradicional para um outro que é cada vez mais
intensivo em conhecimento e em cultura relacional, quer pela
aplicação da informática ao nível da conceção, fabrico e gestão da
produção, quer pela importância crescente da inovação ao nível do
produto, dos processos produtivos, da arquitetura organizacional,
do marketing e dos canais de distribuição e comercialização -
trata-se de verdadeiramente endogeneizar a inovação como eixo
estratégico do posicionamento competitivo, deixando, em definitivo,
de perceber a mudança tecnológica e organizacional como algo
exógeno à própria atividade empresarial", refere ainda Domingos
Santos.
Outra das recomendações referidas
pelo investigador é que "a sub-região precisa de assegurar a
passagem gradual de um modelo que atualmente privilegia a
subcontratação de capacidade para um outro, mais qualificado, de
subcontratação de especialidade e de labelling próprio, de
economias de escala para economias de gama, o que pressupõe um
forte incremento de recursos humanos de maiores níveis de
qualificação e a incorporação de níveis superiores de valor
acrescentado".
Para isso defende, igualmente, ser
"forçoso, intervir ao nível do enquadramento institucional
público-privado (associações empresariais, centros tecnológicos e
de I&D, sistema de educação e formação, etc.), criando as
condições efetivas de articulação e apoio que permitam que a
maioria das empresas do universo têxtil do AUCI consiga dar o salto
qualitativo necessário à viabilização de médio-longo prazo dos seus
projetos empresariais, otimizando o aproveitamento das
externalidades tecnológicas e organizacionais possibilitadas pelo
quadro territorial de inserção".
Em conclusão, o autor defende que
"o AUCI precisa de reequacionar o seu posicionamento competitivo,
encontrando novas fórmulas que lhe permitam melhorar o seu padrão
de inserção na moderna economia do conhecimento e da globalização
dos fenómenos económicos".