1ª Coluna

Primeira Coluna
Táctica da vitimização

IMG_1620.jpgA polémica em torno da greve dos professores fez com que, mais uma vez, a escola pública fosse utilizada para fins partidários, com a corda da razoabilidade a ser esticada, sobretudo por quem tem responsabilidades governativas.

Não sou, nem nunca fui apologista das greves e nunca participei em nenhuma. Mas respeito-as, tal como respeito a democracia, e o direito daqueles que pretendem por, neste caso, lutar pelos seus postos de trabalho. O que está em causa não são aumentos de ordenado, nem de subsídios. É importante que se perceba isso. Como também é importante que se perceba que todas estas questões vieram para a mesa das negociações no final do ano letivo, não restando aos professores outra alternativa que não fosse lutarem pelo seu emprego, pelo seu posto de trabalho nesta altura do campeonato. É que terminado este ano letivo, há muitos docentes (e como se diz na gíria futebolística) que já não calçam mais.

A táctica da vitimização não foi a mais adequada. Havia alternativas. Há sempre alternativas. Só a morte não tem solução. Mas quem tem o poder de decidir, não o fez, deixando arrastar a situação ao extremo, argumentando que os docentes foram insensíveis, que estão a prejudicar os jovens portugueses na questão dos exames. Bastava alterar-se a data das provas. Simples.

É triste que para se obterem dividendos políticos se tenha adoptado essa estratégia que mais não faz do que baralhar a opinião pública. A escola pública fervilha de ansiedade e de receios. Uma ansiedade que consome toda a comunidade educativa. Receios que teimam em manter-se relativamente ao futuro. Não só dos professores, dos funcionários, mas, e sobretudo, dos alunos.

A história da democracia portuguesa leva já muitas maratonas negociais entre o Ministério da Educação e os sindicatos/associações de professores. Os problemas não foram sempre os mesmos. Umas vezes houve bom senso de um lado, noutras houve abertura do outro. Mas também se registaram situações em que não houve entendimento possível. A escola pública vive um momento crucial e decisivo. Espera-se que haja capacidade para o ultrapassar, pois esta é o pilar de desenvolvimento do país e tenho dúvidas que resista a muitos mais ataques…

 
 
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