Debate na UBI
Desporto (in)dependente
Desporto e Poder Local: a
necessidade de uma intervenção sustentável foi o tema do debate
realizado a 22 de maio na Universidade da Beira Interior, com o
objetivo de apontar soluções para a gestão sustentável de
associações desportivas, independentemente do financiamento das
câmaras municipais.
De acordo com Dina Miragaia,
representante do Departamento de Desporto da UBI, a "altura crítica
do país" é definitivamente uma "boa altura" para desfazer o mito
que "se devem gerir organizações em dependência de outras",
salientando no entanto que "o poder local tem sido determinante no
suporte de muitas associações desportivas" em Portugal.
Mário Teixeira, docente da
Universidade de Évora, garantiu aos estudantes presentes que "há
oportunidades no mercado de trabalho, inclusivamente em Portugal",
particularmente na Gestão Desportiva, todavia estas "já não são
para todos, apenas para os melhores". De caminho afirmou que a
implementação das políticas desportivas regionais tem sido afetada
pela "ausência de uma estratégia claramente definida", pelos
"condicionalismos políticos" e pela "falta de entusiasmo dos
cidadãos". A este facto acresce "a ausência de uma avaliação" da
execução das políticas de desporto por parte das autarquias, que
não se centre apenas nas "questões jurídicas e económicas". Sendo,
de acordo com o investigador, urgente que as políticas desportivas
considerem "o contexto socioeconómico" do meio envolvente, reforcem
"o capital humano diretivo" e apliquem "um modelo de financiamento
sustentável".
Maria José Carvalho, docente da
Universidade do Porto, salientou que o desporto é uma "matéria de
interesse público" e por isso as autarquias têm "a obrigação
constitucional" de lhe dar valor e consequentemente promovê-lo. Mas
considerou que as empresas municipais de desporto chegaram ao fim,
uma vez que desempenhavam um papel que de antemão era "realizado
pelo próprio pelouro" e muitas delas "centravam-se apenas numa
atividade desportiva".