Universidades e politécnicos concordam
Vagas para o superior definidas
despacho orientador para a fixação
de vagas no ensino superior público para o próximo ano letivo já é
conhecido e mereceu a concordância do Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e o Conselho de Reitores
das Universidades Portuguesas (CRUP). O documento enviado ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior faz a divisão
do país em três regiões em termos de acesso: Lisboa e Porto;
regiões de grande pressão demográfica que não Lisboa e Porto; e
regiões de menor pressão demográfica.
Para Lisboa e Porto o despacho estabelece a obrigação de aumentar
o número de vagas em pelo menos 5%, e até a um limite de 15%, em
todos os cursos em que a procura por parte de alunos considerados
de excelência - com média igual ou superior a 17 valores - exceda o
número de vagas desse mesmo curso. No entanto, nessas duas regiões,
as instituições ficam obrigadas a reduzir o número de vagas em 5%
face ao ano anterior nos cursos em que não haja qualquer candidato
com nota mínima de 17 valores.
No caso das instituições do litoral, fora de Lisboa e Porto, passa
a haver a obrigatoriedade de não excederem o total de vagas que
apresentaram no concurso do ano passado. Mas como se mantém a
obrigatoriedade de aumentarem as vagas, em pelo menos 5%, nos
cursos mais procurados por alunos de excelência, poderá ter que
haver reajustes no número de vagas das nalgumas ofertas
formativas.
As instituições situadas em regiões de menor pressão demográfica,
as quais se encontram maioritariamente no interior do país, para
além de terem a mesma obrigatoriedade de aumento de vagas entre 5%
e 15% se tiverem cursos muito procurados por alunos de excelência,
surge a possibilidade de aumento de vagas em cursos considerados
estratégicos para a especialização da instituição, num máximo de
três cursos por instituição.
Os cursos de Medicina ficam excluídos das novas orientações para
abertura e fecho de vagas, mantendo-se o mesmo 'numerus
clausus'.
Este despacho orientador mereceu já uma reação positiva tanto das
universidades como dos politécnicos. O Conselho de Reitores,
presidido por Fontainhas Fernandes, destaca, em comunicado, os
factos de se acabarem com os cortes cegos nas vagas das
universidades de Lisboa e Porto, e de se manter a discriminação
positiva das instituições do interior do país. O CRUP ressalva, no
entanto o facto do "índice de excelência dos candidatos" ser uma
medida "muito limitada para a aferição da atratividade das ofertas
formativas". No entender das universidades ele centra-se "apenas
num tipo específico de candidatos ao ensino superior". O CRUP
propõe ainda que seja considerado que "o aumento de vagas de 5% a
15% em pares instituição/ciclo de estudos com elevado número de
candidatos em 1.ª opção no concurso nacional de acesso 2018-19 com
nota de 17 ou superior, para além da aplicação obrigatória nas
instituições sediadas em Lisboa e Porto, possa ser também aplicada,
de modo opcional, nas outras instituições".
Já o CISP diz concordar globalmente com o teor do projeto de
despacho de vagas "para o ano 2019/20. Muito embora existam alguns
aspetos que poderão ser melhorados, salienta-se um conjunto de
medidas positivas para a rede de ensino superior que merecem a
concordância e reconhecimento deste Conselho Coordenador". Em
comunicado enviado ao Ensino Magazine, o CCISP "considera
importante a implementação de medidas de promoção da coesão
territorial e de limitação dos efeitos da litoralização, sentida
nas regiões de menor densidade. Além de permitir uma distribuição
mais equilibrada das vagas, atende à problemática atual de
ordenação territorial, reconhecidamente considerada como um desafio
para o país nos próximos anos".
O Conselho, presidido por Pedro Dominguinhos, alerta para o facto
da conjugação "daquelas duas normas poderá abrir caminho a um
aumento de vagas em algumas instituições, o que poderá produzir
efeitos distintos entre os subsistemas politécnico e universitário,
nas zonas de Lisboa e do Porto, e ter um impacto, ainda que
reduzido, na colocação de estudantes nas regiões de baixa densidade
demográfica. De modo a salvaguardar estas potenciais situações, o
CCISP defende que o aumento das vagas previsto não possa
ultrapassar o número de vagas oferecidas pelas instituições no
Concurso Nacional de Acesso 2017/18".
Os politécnicos "congratulam-se pelo facto de o projeto de
despacho observar, para efeitos de determinação de vagas, a
proposta deste Conselho Coordenador, emitida no ano passado, a qual
defendia a fixação de três tipologias distintas de instituições,
consoante a sua localização geográfica (cidades de Lisboa e Porto,
regiões de menor densidade, restantes regiões)". Concordam ainda
"com a orientação estratégica vertida no projeto diploma que visa
reforçar o número de vagas nas áreas das competências digitais e de
ciências de dados, uma vez que a economia portuguesa, em geral, e
as empresas, em particular, irão necessitar de um maior número de
quadros qualificados nestas áreas".