Manuel Heitor: "Cursos do superior não vão mudar para ensino a distância"
O
ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, garantiu
que "nenhuma instituição pediu autorização para alterar o modelo
dos cursos para ensino à distância". Ainda assim reconhece que há
margem legal para o ensino misto, reafirmando que a prioridade será
o ensino presencial.
Manuel
Heitor falava no Parlamento, juma audição solicitada pelo PSD, num
debate em que quase todos os partidos quiseram saber como serão
afinal as aulas dos alunos: ensino presencial ou à distância. "O
funcionamento do ensino superior só pode ser feito de acordo com as
condições para que os cursos foram acreditados", disse,
acrescentando que "não entraram na Agência de Acreditação quaisquer
pedidos".
Na semana
passada, representantes do Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP)e o Conselho Coordenador das Institutos
Superiores Politécnicos (CCISP) disseram estar a trabalhar para um
novo ano letivo com ensino presencial, mas várias instituições
admitiram estar a preparar-se para o ensino à distância.
Manuel
Heitor disse que foi aberto "um diálogo grande" com a Agência de
Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) "para
possibilitar e até acelerar a adoção de eventualmente novos regimes
de ensino", mas "não entraram na Agência de Acreditação quaisquer
pedidos de acreditação".
"Para o
próximo ano letivo as orientações são perfeitamente claras e temos
articulado com grande proximidade com todas as instituições. São
claras quanto ao modelo porque nenhuma instituição apresentou
planos de alteração dos cursos à A3ES e, por isso, todos os
cursos serão lecionados nas condições e nos termos para os quais
foram acreditados", explicou.
A pandemia
de covid-19 e o perigo de contágio levou a que todos os alunos do
ensino superior deixassem de ter aulas presenciais em março e o
ensino passasse a ser feito à distância.
No entanto,
lembrou Manuel Heitor, essa foi uma situação de exceção perante o
momento que o país atravessava e essas autorizações já "foram
revogadas". Por isso, "neste momento todos os cursos só podem
funcionar dentro dos termos para os quais foram acreditados".
O ministro
lembrou que o próximo ano tem de ser planeado com realismo, uma vez
que são esperados novos surtos de covid-19 durante o inverno, mas
considerou que existe também uma "oportunidade de inovar" nos
métodos de aprender.
"A
oportunidade é sabermos que o regime legal de graus e diplomas no
âmbito do qual nos regemos já possibilita a adoção de um número
considerável de horas em formações mistas", explicou, considerando
que não se deve perder esta "oportunidade no processo de
ensino-aprendizagem".
Manuel
Heitor defendeu, contudo, que a prioridade é manter o ensino
presencial.
Neste
processo de olhar para o próximo ano "com realismo" mas também como
uma "oportunidade de inovar", Manuel Heitor sublinhou que é
preciso garantir que os estudantes aprendem mais e que os
docentes estão capacitados para este processo.
EM/LUSA
João Carrega/Ensino Magazine