Politécnicos querem reforço de 10 milhões euros para ação social e funcionamento
Os Institutos Politécnicos precisam de um reforço do
Estado de 10 milhões de euros, segundo um levantamento apresentado,
dia 3 de junho, no parlamento pelo representante daquelas
instituições de ensino superior, que alertou para a necessidade de
reforço da ação social.
"O que é necessário avançar em termos de
Estado? Fizemos um levantamento que terminámos ontem que indica que
para a ação social teremos estimado 6,5 milhões de euros de deficit
até ao final do ano", afirmou Pedro Dominguinhos, presidente do
Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos
(CCISP), durante uma audição no parlamento para discutir como
correu o atual ano letivo, marcado pela pandemia de covid-19, e
como as instituições estão a ser planear o próximo.
Pedro Dominguinhos defendeu que, no atual
quadro de crise financeira, é preciso um reforço da ação social:
"Só conseguimos a inclusão com um reforço da ação social, esta
questão é crucial nos dias que correm", alertou.
Apesar do agravamento da situação
financeira de muitas famílias durante a pandemia, o presidente do
CCIPS disse que "o número de alunos presentes nas aulas 'online'
aumentou".
"Temos uma expectativa positiva. Face à
evolução ao longo do semestre vemos que os alunos querem estudar e
o reforço da ação social é essencial para não gorar essa
expectativa", alertou.
Além dos 6,5 milhões para a ação social,
o CCISP diz que a pandemia fez disparar os custos das instituições
em mais 3,7 milhões de euros. Resultado: "São 10 milhões de euros e
o senhor ministro tem estes dados", garantiu.
Nestas contas falta ainda a estimativa de
acréscimo relativa às contratações de eventuais docentes que venham
a ser necessários, caso seja preciso desdobrar turmas por causa do
distanciamento social, e de novo equipamento: "Se metade da turma
ficar em casa, será preciso colocar uma câmara para gravar a aula",
explicou.
Durante a comissão parlamentar a pedido
do PS e do PSD, também estiveram representantes do Conselho de
Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que optaram por não
apresentar números.
A ex-ministra da Educação e atual reitora
do ISCTE, Maria de Lurdes Rodrigues, lembrou que as instituições
estão perante "um quadro de grande incerteza" quanto ao futuro, mas
começam a ter "algumas certezas" sobre os efeitos da pandemia, tais
como o impacto financeiro nas famílias poder vir a ter um impacto
muito negativo nas instituições.
A diminuição de alunos internacionais já
é certo, com a redução de inscritos, continuando a pairar a
hipótese de também os estudantes nacionais poderem ser menos no
próximo ano, lembrou Maria de Lurdes Rodrigues, em representação do
CRUP.
Sobre o próximo ano letivo, tanto o CCISP
como o CRUP reafirmaram estar a trabalhar para que seja com ensino
presencial, mas admitiram estar a desenhar vários cenários de
ensino misto.