Economia
Chumbos e confiança
O
antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha afirmou este mês,
em Leiria, que os chumbos do Tribunal Constitucional (TC) foram o
primeiro "sinal de confiança para os agentes económicos" e defendeu
que uma parte da recuperação económica se deve às suas posições.
Aquele responsável falava numa iniciativa promovida pelo Instituto
Politécnico de Leiria e pela revista Visão.
"Ninguém pode criticar o Tribunal
Constitucional de fazer a sua obrigação e a sua obrigação é velar
pela constitucionalidade das leis, não tem que governar o país. E
foi, exatamente, quando o Tribunal Constitucional chumbou um
conjunto de leis há um ano, ano e pouco, que, lentamente, começámos
a ver a recuperação da confiança dos agentes", disse Luís Campos e
Cunha, em Leiria, ao abordar a ameaça de "mais uma subida de
impostos".
No debate sobre "Impostos - A
inevitabilidade do sufoco fiscal?", iniciativa do Instituto
Politécnico de Leiria e da revista Visão, o antigo ministro do
Governo de José Sócrates referiu que as posições do TC traçaram
"linhas para o Governo, dizendo que estas linhas não podem ser
ultrapassadas e isto foi o primeiro sinal de confiança para os
agentes económicos".
"Julgo que uma parte - não sei
quanto - da recuperação económica que temos vindo lentamente a ver
no último ano também tem a ver com este sinal de confiança de que o
Tribunal Constitucional está lá", acrescentou.
Sobre o futuro para o país, Campos e
Cunha referiu que neste momento ainda não se sabe ao certo as
linhas "com que se cose" mas considerou que "daqui a um mês, dois
meses, seis meses, um ano, e, sem haver o mínimo de estabilidade
das políticas, nomeadamente das políticas fiscais, não podemos ter
uma retoma significativa do investimento".
"Para haver investimento tem que
haver um 'business plan' e para haver um 'business plan' tem que
haver uma ideia de quais são as leis laborais, quanto é que vai
pagar de IMI, de IRS, de IVA, de TSU. Não é preciso ter certezas,
mas é preciso ter uma ideia", declarou, adiantando que "ainda hoje
estão a alterar leis laborais, ainda hoje estão a alterar alguns
impostos, há a ameaça de mais uma subida de impostos se houver um
chumbo do Tribunal Constitucional".