Doutor Honoris Causa pela UAlg
Sampaio da Nóvoa defende competição entre instituições
O antigo reitor da
Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa defendeu este mês, em Faro,
a necessidade de as instituições universitárias se afirmarem "a
partir de dentro", "sem andarem a correr atrás de lógicas e
critérios impostos de fora".
Sampaio da Nóvoa discursava, na Universidade do Algarve, na
cerimónia em que foi distinguido com o grau de doutor Honoris
Causa. O antigo reitor da Universidade de Lisboa agradeceu a
distinção e disse ser consciente de que se trata de um "gesto
único", numa época marcada pela "competição", é "difícil distinguir
alguém que, ainda há pouco, era reitor de outra
Universidade".
"Na nossa época, de uma competição levada ao extremo, é sempre mais
fácil elogiar quem está distante (num outro país, num outro
planeta) do que assumir compromissos com quem está próximo, com
quem habita connosco um mesmo espaço e um mesmo tempo", afirmou o
antigo reitor da Universidade de Lisboa, que apresentou
recentemente a candidatura à Presidência da República.
Sampaio da Nóvoa disse que a sua distinção é um convite "a todos, a
parar, nem que seja apenas por um instante, para repensar grande
parte das linguagens e das práticas que têm invadido o mundo
universitário", que se tem pautado, pelo "apelo a uma competição
permanente, a rankings tantas vezes perversos, a uma vida académica
dominada por métricas absurdas de avaliação dos professores e dos
investigadores, e por aí adiante".
"É urgente reencontrar um sentido para o trabalho universitário, e
só o conseguiremos se tivermos a ousadia de percorrer outros
caminhos e de afirmar as nossas instituições a partir de dentro, da
procura da nossa própria identidade, sem andarmos sempre a correr
atrás de lógicas e de critérios que nos impõem de fora",
acrescentou.
O novo doutor Honoris Causa pela UAlg qualificou o seu percurso
académico com as palavras "liberdade, conhecimento e compromisso" e
considerou que a liberdade "não existe sem igualdade, sem
diversidade, sem aprendizagem", porque, disse, "a aprendizagem de
todos é a marca de água da escola pública e da liberdade".