Projecto premiado na Dinamarca
Robô de companhia para idosos criado na EST
A Escola Superior de
Tecnologia de Castelo Branco (ESTCB) acaba de criar um robô de
companhia para idosos, o qual para além de monitorizar os
comportamentos das pessoas menos jovens no seu quotidiano, executa
diferentes funções de apoio. O projecto foi distinguido na
Dinamarca com o terceiro prémio no Workshop de Empreendedorismo do
Fórum Europeu de Robótica, realizado em Odense, no início deste
mês.
Paulo Gonçalves, professor e
investigador na escola, lidera a equipa de investigação (composta
ainda pelo docente Pedro Torres e pelo aluno Paulo Lopes).
Desenvolvido nos laboratórios da EST, no âmbito dos cursos de
engenharia industrial e de engenharia Tecnologias dos Equipamentos
de Saúde) o projecto tem como "objectivo colocar na casa das
pessoas idosas um robô que lhes faça companhia e que permita a
familiares e amigos, entre outros, saber o que se passa com a
pessoa idosa", explica aquele responsável.
O objectivo final deste projecto
passa por comercializar um "robô que se movimente livremente nas
casas das pessoas, permitindo entre outras funcionalidades a
comunicação com o exterior, com familiares e amigos, e ao mesmo
tempo monitorizar de uma forma inteligente as pessoas idosas",
adianta Paulo Gonçalves.
O robô de companhia é um equipamento
inteligente que assegura muitas tarefas. "Nesta fase, não podemos
adiantar muito ao público sobre as suas funcionalidades. Será,
certamente, um robô de telepresença que permite ao idoso de forma
simples realizar videoconferência com familiares e amigos, e poder
ser controlado por estes", diz.
Aquela é apenas uma das muitas
funcionalidades do robô de companhia, o qual já existe fisicamente
e que Paulo Gonçalves garante poder ser mostrado a outros
investigadores. "Este é um projecto que continua em constante
desenvolvimento". O próximo passo será desenvolver um
projecto-piloto. "Gostaríamos que fosse feito em Castelo Branco",
frisa.
Com a mudança dos hábitos de vida e
a falta de tempo para os idosos, a robótica pode ser uma das
soluções para combater a solidão. Paulo Gonçalves não tem dúvidas
que isso possa acontecer. "Um robô é uma máquina e como tal pode
ser projectada para desempenhar as mais variadas tarefas, assim a
imaginação das pessoas e o desenvolvimento tecnológico o
permitam".
Ainda assim o investigador da EST
considera que "a máquina não substituirá, nunca os familiares e
amigos das pessoas idosas, mas pode ajudar para diminuir a
tendência actual para o distanciamento entre gerações".
No entender daquele responsável, o
robô e a ideia de negócio que lhes está subjacente serão
comercializáveis, assim haja investidores interessados. "Não tenho
dúvidas que num futuro próximo será comercializada esta ou outra
ideia parecida. É um produto que se pode adaptar a vários segmentos
de mercado. Nesta fase faltam os investidores para o
projecto-piloto, esperamos que apareçam".
Paulo Gonçalves recorda que a ideia
do projecto resultou de muitas, conversas que frequentemente temos
no laboratório de robótica e equipamentos inteligentes e pelo facto
do tema solidão, infelizmente, estar em crescimento na sociedade
actual".
O prémio obtido na Dinamarca foi
conquistado entre muitos projectos europeus desenvolvidos para a
indústria farmacêutica, indústria metalomecânica pesada, área da
logística, agricultura e área da saúde. "Depois de enviarmos o
projecto, e quando recebemos o convite, da rede europeia de
robótica, para ir apresentar a ideia de negócio, na semana anterior
ao evento, ficámos com a sensação de já ter ganho o nosso prémio:
estar entre os seis finalistas", recorda Paulo Gonçalves.
O projecto da EST foi apresentado e
discutido "com peritos nas áreas de empreendedorismo tecnológico.
Curiosamente vieram do Reino Unido e França as maiores atenções
sobre o projecto. Acabámos por ficar em terceiro lugar", conta.
À semelhança de outros projectos
inovadores desenvolvidos na EST, este voltou a envolver os alunos.
Um facto que Paulo Gonçalves considera fundamental "os alunos têm
imensas ideias e é o nosso papel disponibilizar todo o nosso
conhecimento para lhes abrir portas para o futuro que os
espera".
O investigador acrescenta: "é
importante que eles se proponham fazer aquilo que têm capacidade
para fazer e não aquilo que pensam saber fazer. Penso ser
interessante para o aluno ter tido a oportunidade de se deslocar a
um fórum em que estavam lado a lado todos os fabricantes de robôs,
institutos de investigação, politécnicos e universidades da Europa.
Para além do conhecimento técnico-científico e estas oportunidades,
pouco mais lhes podemos oferecer. Ficamos contentes quando as
agarram para construir o futuro".