Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação
“Não me chocaria que o ano letivo terminasse agora”
O
ex-ministro da Educação, Eduardo Marçal Grilo, perante o que o país
e o mundo está a viver devido à pandemia do Covid-19, não rejeita a
ideia de que o ano letivo terminasse agora, tanto nas escolas
públicas, como nas privadas.
O antigo governante
sublinhou essa ideia numa entrevista concedida à Rádio Renascença,
no passado dia 25 de março.
"Não me chocaria que
houvesse uma decisão, que teria de ser entendida como uma decisão
absolutamente excecional, no sentido em que o ano terminaria, para
todos, privado e público, para depois não termos questões de
heterogeneidade e de alguma injustiça", disse o antigo ministro da
Educação em entrevista à Renascença e citado na página de internet
da mesma emissora.
Eduardo Marçal Grilo
refere tratar-se de uma "espécie de ano neutro" que terminaria
agora para os alunos do básico e secundário, que acabariam por
transitar para o próximo ano letivo "sem notas".
No seu entender, e
segundo a própria Rádio Renascença, "os miúdos não podem ser
impedidos de mudar de ano, porque se não se muda de ano o que
acontece é que, no primeiro ano, todos os miúdos passam, por isso
se pára o sistema os do primeiro ano vão encher o segundo, porque
os do segundo não passam. Podem transitar sem notas."
Nesse sentido considera que "tem de
se encontrar uma solução com os próprios agrupamentos escolares e
com os colégios privados, uma solução consensual".
Outra questão a avaliar com pinças
diz respeito aos alunos que estão no 12º
ano e que terão que fazer exames de acesso ao ensino
superior. "Podem fazer-se provas através dos meios tecnológicos,
mas tem de se ser muito cauteloso aí. Julgo que o Ministério, com
os agrupamentos de escolas e com os pais, deve encontrar a solução
mais equitativa possível para que não se estabeleça um critério
qualquer que possa distorcer o algoritmo que coloca os estudantes
no Ensino Superior", explicou à Rádio Renascença, argumentando que
"essa é uma matéria de grande sensibilidade para o futuro dos
nossos estudantes."