Pela voz dos sindicatos
Professores do básico ao superior pedem orientações ao Governo
Os professores do ensino básico ao
superior queixam-se da falta de "orientações claras" do Governo,
que mantém a incerteza sobre questões como se haverá testes ou se
os trabalhos dos alunos feitos em casa devem contar para avaliação,
denunciaram os sindicatos.
Os professores do ensino básico e
secundário queixam-se da "ausência de orientações claras" do
Ministério da Educação, liderado por Tiago Brandão Rodrigues. No
mesmo tom, os professores de universidades e institutos
politécnicos reclamam "medidas concretas" ao ministro do Ensino
Superior e Ciência, Manuel Heitor.
Quem dá voz a estas críticas são os
líderes da Federação Nacional de Sindicatos de Professores
(Fenprof), Mário Nogueira, e o presidente do Sindicato Nacional do
Ensino Superior (SNESup), Gonçalo Leite Velho.
"Devia haver mais coordenação a
nível nacional. Neste momento temos universidades com decisões
diferentes perante problemas iguais e, mesmo dentro da mesma
instituição, temos departamentos a decidir de forma diferente",
lamentou Gonçalo Leite Velho em declarações à Lusa.
Entre as dificuldades sentidas
pelos professores esteve a falta de apoio no momento de escolher as
plataformas online para dar aulas à distância ou o facto de
continuarem sem saber se se vão realizar provas de aferição, exames
e frequências.
No ensino básico e secundário, os
professores e diretores já se manifestaram pela suspensão da
realização dos exames do 9.º ano e
das provas de aferição, realizadas pelos alunos do
2.º,
5.º e
8.º anos, mas Tiago Brandão
Rodrigues avisou que só depois de dia 09 de abril será conhecida a
decisão do Ministério da Educação.
"O Ministério da Educação tem de
ser mais claro e assertivo sobre o terceiro período de aulas",
defendeu Mário Nogueira, em declarações à Lusa, lembrando que
poderá ter de haver uma reorganização dos currículos e uma
recalendalização dos exames nacionais.
Também no ensino superior, os
professores querem saber se neste segundo semestre de aulas - que
começou em fevereiro - vai haver exames e frequências.
Gonçalo Leite Velho alertou que
mesmo que sejam levantadas as restrições de isolamento social "os
alunos têm pouco tempo para recuperar a matéria e a realização das
provas e exames têm de garantir que há equidade", sublinhou,
lembrando que ainda há alunos sem acesso às aulas online.
Os professores dizem também não ter
respostas sobre se a ideia é fazer testes online no
3.º período ou se os trabalhos pedidos
devem contar para avaliação, porque em ambos os casos há o risco de
não serem feitos pelos alunos ou serem feitos com muita ajuda da
família, criando uma desigualdade entre colegas.
O 3.º
período do ano letivo dos alunos do básico e secundário começa a 14
de abril, na mesma altura em que as autoridades de saúde e o
Governo preveem a ocorrência do pico da curva epidemiológica.
O primeiro-ministro, António Costa,
admitiu também esta semana que o encerramento das escolas poderia
"ir muito além" das férias da Páscoa.
As creches e escolas estão todas encerradas desde dia 16 de
março e os alunos estão a ter aulas à distância.